"Sou artista independente desde sempre. Não tenho apoio de selo, não tenho contrato com gravadora, não tenho escritório. O dinheiro que ganho invisto no meu trabalho. Banco o meu próprio palanque, invisto na minha vitrine"
FBC, cantor e compositor
FBC passou 2022 fazendo o Brasil dançar, enquanto se acirrava a intolerância no cenário político. Ao lado do parceiro Vhoor, o rapper e compositor subiu em 87 palcos durante o ano passado. Fabrício Soares, o FBC, de 33 anos, e o beatmaker Victor Hugo de Oliveira Rodrigues, o Vhoor, de 24, são mineiros de destaque na cena nacional, junto do rapper Djonga, de 28, e da cantora Marina Sena, de 26.
Lançado no final de 2021, o álbum “Baile” causou furor nas redes sociais, levou a dupla ao programa de Pedro Bial e ao badalado telão da Times Square, em Nova York.
A sonoridade ressignificou – para dizer palavra da moda – o miami bass dos anos 1990, mais conhecido como DNA do funk carioca. Foram milhares de visualizações no Twitter, Tik Tok e Instagram, além de streamings no Spotify.
"Baile 2" fica para 2024
“Baile 2” está nos planos, mas só para 2024. E FBC avisa: quer assumir novos desafios neste 2023 que se inicia. Já está pronto o álbum solo com o qual planeja surpreender os fãs.
Dançante, o projeto terá a sonoridade house, estilo de música eletrônica surgido na década de 1980. “Cósmico e futurista”, palavras de FBC, vai falar de tecnologia, das redes sociais e de como elas vêm impactando as relações humanas. Chega às plataformas em data ainda a ser definida. Tudo indica que não será um disco de rap.
O show de lançamento ocorrerá em 22 de abril, no Breve Festival, em BH. Será FBC sem Vhoor, que também está a toda em sua carreira solo – ano passado, o talentoso garoto de Venda Nova se apresentou algumas vezes na Europa.
“As coisas deram muito certo (com 'Baile'), mas é bom a gente quebrar expectativas”, diz Fabrício. O nome do álbum ainda é segredo. Spoiler: deve começar com vogal, ao contrário dos outros discos dele.
FBC conta que trabalhou com dois produtores de Brasília, Pedro Senna e Ludovico. Em álbuns anteriores dele, os beatmakers ganharam destaque, agora a ideia é valorizar os instrumentistas.
Aliás, multi-instrumentistas, como é o caso de Senna e Ludovico. Outro convidado é Jackson Ganga, saxofonista de Belo Horizonte. Será um disco, digamos, melódico.
Piano na Cabana do Pai Tomás
FBC tem feito aulas de piano com Adriano Lopes em seu estúdio, em BH. Na estrada há muitos anos, Fabrício se tornou conhecido como rapper no coletivo DV Tribo e no Duelo de MCs, acompanhou Djonga nos palcos por um bom tempo. Mas também teve banda, tocou bateria.
Agora, cogita até “subir o piano” para a Cabana do Pai Tomás, comunidade da Zona Oeste onde mora. Assim como Tom Jobim e Chico Buarque levaram o piano para o Morro da Mangueira, como diz o samba composto pela dupla carioca.
Nas aulas com o professor Adriano, o rapper, baterista e compositor tem tocado Beatles, Jorge Benjor e Raul Seixas. Aliás, por falar em Chico Buarque, há alguns anos FBC se inspirou no clássico “Construção” para seu clipe “Cimento e lágrimas”, uma “pedrada” do rap de BH.
O rapper Don L, do Ceará; a cantora paulista Amabbi, jovem destaque do trap feminino; o rapper Nill; e Abbot, destaque do trap de Minas, são convidados do novo álbum.
O disco ainda demora a sair, mas já mobiliza as redes sociais, onde FBC construiu sua trajetória, numa espécie de “tête-à-tête” virtual com o público.
“Estou vivendo ou somente esperando o novo álbum do @fbctadoido?”, postou @bonzago, seguidor do músico. “Tô sentada aguardando”, avisa Th3ia. “Ansioso pra ouvir o novo álbum do @fbctadoido. Este ano promete”, tuitou Anderson Santos.
“As redes movimentam muito a minha carreira”, comenta Fabrício. Por meio delas, os álbuns “S.C.A” (2018), “Padrim” (2019) e “Baile” (2021), entre outros, conquistaram fãs devido à sagaz estratégia de hashtags de FBC que costuma viralizar na internet. Ele tem 130.198.380 streamings no Spotify.
“Sou artista independente desde sempre. Não tenho apoio de selo, não tenho contrato com gravadora, não tenho escritório. O dinheiro que ganho invisto no meu trabalho. Banco o meu próprio palanque, invisto na minha vitrine”, afirma Fabrício.
Orgulhoso de sua performance nas redes sociais “sem lançar música nova há mais de um ano”, ele também tem orgulho de se dizer underground.
FBC e Vhoor, com “Baile”, cumpriram a agenda de festivais e palcos importantes do país. Em setembro de 2022, fizeram apresentação eletrizante no Planeta Brasil, no Mineirão. Há shows para este ano também, enquanto os dois investem paralelamente nas carreiras solo.
Elogios de Teresa Cristina e Juçara Marçal
O trabalho de Fabrício vem chamando a atenção de artistas consagrados. Fernanda Abreu, estrela da dance nacional, destacou o resgate mineiro do miami bass. Estrela do samba, a cantora carioca Teresa Cristina elogiou “Baile”: “Que álbum maravilhoso, não consigo parar de ouvir!!!”. E acrescentou: “Completamente apaixonada”, postou nas redes sociais.
Juçara Marçal, uma das cantoras mais respeitadas do país, afirmou que FBC, assim como a mineira Marina Sena, “pensa de outro jeito o fazer da arte aqui no Brasil”. E elogiou: “É empolgante.” Destaque do grupo Metá Metá, ela também foi ao show da dupla, assim como Teresa, comenta FBC, todo feliz.
Pedindo para deixar bem claro que não é “Baile 2” que vem por aí agora, ele dá algumas pistas do novo projeto. “De todos os meus discos, é onde sou mais eu, onde falo mais de mim.”
A ideia surgiu há tempos, diante do impacto que FBC sentiu ao assistir ao documentário “O dilema das redes” (2020).
Dirigido por Jeff Orloweski, o filme traz o alerta de especialistas que trabalharam para Google, Facebook e Twitter sobre o perigo que as redes sociais representam para a democracia, com suas bolhas de informação, fake news e manipulação de eleitores.
O longa mostra também como as plataformas atuam deliberadamente sobre mecanismos psicológicos que norteiam o comportamento humano. Vício digital, intolerância e polarização política são consequências disso.
FBC passou 2022 fazendo o Brasil dançar, enquanto se acirrava a intolerância no cenário político. Ao lado do parceiro Vhoor, o rapper e compositor subiu em 87 palcos durante o ano passado. Fabrício Soares, o FBC, de 33 anos, e o beatmaker Victor Hugo de Oliveira Rodrigues, o Vhoor, de 24, são mineiros de destaque na cena nacional, junto do rapper Djonga, de 28, e da cantora Marina Sena, de 26.
Lançado no final de 2021, o álbum “Baile” causou furor nas redes sociais, levou a dupla ao programa de Pedro Bial e ao badalado telão da Times Square, em Nova York.
A sonoridade ressignificou – para dizer palavra da moda – o miami bass dos anos 1990, mais conhecido como DNA do funk carioca. Foram milhares de visualizações no Twitter, Tik Tok e Instagram, além de streamings no Spotify.
"Baile 2" fica para 2024
“Baile 2” está nos planos, mas só para 2024. E FBC avisa: quer assumir novos desafios neste 2023 que se inicia. Já está pronto o álbum solo com o qual planeja surpreender os fãs.
Dançante, o projeto terá a sonoridade house, estilo de música eletrônica surgido na década de 1980. “Cósmico e futurista”, palavras de FBC, vai falar de tecnologia, das redes sociais e de como elas vêm impactando as relações humanas. Chega às plataformas em data ainda a ser definida. Tudo indica que não será um disco de rap.
O show de lançamento ocorrerá em 22 de abril, no Breve Festival, em BH. Será FBC sem Vhoor, que também está a toda em sua carreira solo – ano passado, o talentoso garoto de Venda Nova se apresentou algumas vezes na Europa.
“As coisas deram muito certo (com 'Baile'), mas é bom a gente quebrar expectativas”, diz Fabrício. O nome do álbum ainda é segredo. Spoiler: deve começar com vogal, ao contrário dos outros discos dele.
FBC conta que trabalhou com dois produtores de Brasília, Pedro Senna e Ludovico. Em álbuns anteriores dele, os beatmakers ganharam destaque, agora a ideia é valorizar os instrumentistas.
Aliás, multi-instrumentistas, como é o caso de Senna e Ludovico. Outro convidado é Jackson Ganga, saxofonista de Belo Horizonte. Será um disco, digamos, melódico.
Piano na Cabana do Pai Tomás
FBC tem feito aulas de piano com Adriano Lopes em seu estúdio, em BH. Na estrada há muitos anos, Fabrício se tornou conhecido como rapper no coletivo DV Tribo e no Duelo de MCs, acompanhou Djonga nos palcos por um bom tempo. Mas também teve banda, tocou bateria.
Agora, cogita até “subir o piano” para a Cabana do Pai Tomás, comunidade da Zona Oeste onde mora. Assim como Tom Jobim e Chico Buarque levaram o piano para o Morro da Mangueira, como diz o samba composto pela dupla carioca.
Nas aulas com o professor Adriano, o rapper, baterista e compositor tem tocado Beatles, Jorge Benjor e Raul Seixas. Aliás, por falar em Chico Buarque, há alguns anos FBC se inspirou no clássico “Construção” para seu clipe “Cimento e lágrimas”, uma “pedrada” do rap de BH.
O rapper Don L, do Ceará; a cantora paulista Amabbi, jovem destaque do trap feminino; o rapper Nill; e Abbot, destaque do trap de Minas, são convidados do novo álbum.
O disco ainda demora a sair, mas já mobiliza as redes sociais, onde FBC construiu sua trajetória, numa espécie de “tête-à-tête” virtual com o público.
“Estou vivendo ou somente esperando o novo álbum do @fbctadoido?”, postou @bonzago, seguidor do músico. “Tô sentada aguardando”, avisa Th3ia. “Ansioso pra ouvir o novo álbum do @fbctadoido. Este ano promete”, tuitou Anderson Santos.
“As redes movimentam muito a minha carreira”, comenta Fabrício. Por meio delas, os álbuns “S.C.A” (2018), “Padrim” (2019) e “Baile” (2021), entre outros, conquistaram fãs devido à sagaz estratégia de hashtags de FBC que costuma viralizar na internet. Ele tem 130.198.380 streamings no Spotify.
“Sou artista independente desde sempre. Não tenho apoio de selo, não tenho contrato com gravadora, não tenho escritório. O dinheiro que ganho invisto no meu trabalho. Banco o meu próprio palanque, invisto na minha vitrine”, afirma Fabrício.
Orgulhoso de sua performance nas redes sociais “sem lançar música nova há mais de um ano”, ele também tem orgulho de se dizer underground.
FBC e Vhoor, com “Baile”, cumpriram a agenda de festivais e palcos importantes do país. Em setembro de 2022, fizeram apresentação eletrizante no Planeta Brasil, no Mineirão. Há shows para este ano também, enquanto os dois investem paralelamente nas carreiras solo.
Elogios de Teresa Cristina e Juçara Marçal
O trabalho de Fabrício vem chamando a atenção de artistas consagrados. Fernanda Abreu, estrela da dance nacional, destacou o resgate mineiro do miami bass. Estrela do samba, a cantora carioca Teresa Cristina elogiou “Baile”: “Que álbum maravilhoso, não consigo parar de ouvir!!!”. E acrescentou: “Completamente apaixonada”, postou nas redes sociais.
Juçara Marçal, uma das cantoras mais respeitadas do país, afirmou que FBC, assim como a mineira Marina Sena, “pensa de outro jeito o fazer da arte aqui no Brasil”. E elogiou: “É empolgante.” Destaque do grupo Metá Metá, ela também foi ao show da dupla, assim como Teresa, comenta FBC, todo feliz.
Pedindo para deixar bem claro que não é “Baile 2” que vem por aí agora, ele dá algumas pistas do novo projeto. “De todos os meus discos, é onde sou mais eu, onde falo mais de mim.”
A ideia surgiu há tempos, diante do impacto que FBC sentiu ao assistir ao documentário “O dilema das redes” (2020).
Dirigido por Jeff Orloweski, o filme traz o alerta de especialistas que trabalharam para Google, Facebook e Twitter sobre o perigo que as redes sociais representam para a democracia, com suas bolhas de informação, fake news e manipulação de eleitores.
O longa mostra também como as plataformas atuam deliberadamente sobre mecanismos psicológicos que norteiam o comportamento humano. Vício digital, intolerância e polarização política são consequências disso.
Sonho e cancelamento
Os novos costumes estão entre os temas de FBC, assim como dinheiro, fama, assédio e relacionamentos afetivos, diz ele. “Acreditei a vida toda na unidade das pessoas, sempre fui romântico e sonhador. Mas com as redes sociais, o pensamento coletivo combate e menospreza o diferente”, afirma. As pessoas são induzidas a se encaixar em padrões. “O individualismo é massacrado”, resume.
Fabrício conta que ele próprio vivenciou cancelamentos. Um deles ocorreu no início da pandemia de COVID-19, ao postar um vídeo comendo churrasquinho perto de sua casa, na comunidade da Cabana do Pai Tomás. Pregaram boicote àquele artista sem máscara na rua.
“Morador de favela, dei uma força para a menina que abriu o churrasquinho porque precisava ganhar dinheiro durante a pandemia. Postei no Twitter eu e mais quatro comendo churrasco”, relembra.
Para o rapper, quem o atacou ignora o contexto e o problema da moça, que perdeu renda e tinha de se sustentar. “Queriam me cancelar na internet, mas ninguém subiu no Cabana pra ver como o pessoal de lá estava durante o isolamento”, diz.
Voltando ao novo álbum, ele promete algo “introspectivo e noir”. E também dançante, “bochecha com bochecha”. Vai falar de amor, perdão e tecnologia. A melodia ganha destaque, com metais, coro e FBC sem o menor medo de soltar a voz.
Autor do hit romântico “Se eu não te cantar”, relacionamentos afetivos continuam na pista. FBC diz que sonha com outro estado de consciência, “algo que leve a gente para um lugar melhor”.
De “molho” por causa de uma cirurgia no joelho realizada agora em janeiro, ele está de repouso por estes dias. Por isso, não poderá participar do show de Djonga e DV Tribo, neste domingo (22/1), no Mineirão.
Em 10 de fevereiro, Fabrício volta ao palco na Casa Natura Musical, em São Paulo. Dois dias depois, se apresenta no Rep Festival, no Rio de Janeiro.
"Acreditei a vida toda na unidade das pessoas, sempre fui romântico e sonhador. Mas com as redes sociais, o pensamento coletivo combate e menospreza o diferente. O individualismo é massacrado"
FBC, cantor e compositor
Esmagando o fascismo
Ao analisar o novo momento político do Brasil, o rapper convoca em seu Twitter: “Vamos esmagar o fascismo nas ruas”. Para ele, o presidente Lula vai trabalhar com amparo das instituições, mas cobra o apoio do governo “às bases”, à população excluída, às ONGs que lutam por ela.
“Sempre fui do hip-hop, da luta pela moradia” diz ele, que já morou em ocupação na Grande BH. E avisa: “Não sou oposição, mas não vou deixar de fazer crítica”. Pondera que o governo Lula “nunca foi de esquerda”, mas acha que o país “já está uma maravilha”, só com a saída de Jair Bolsonaro do poder.
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