Tiradentes – Pouco antes das 11h de domingo (22/1), horário marcado para o início da sessão de “Chef Jack – O cozinheiro aventureiro”, era impossível conseguir um lugar no Cine Tenda, o principal espaço de exibições da 26ª Mostra de Cinema de Tiradentes, que termina no próximo sábado (28/1). A boa repercussão desse filme de animação totalmente mineiro extrapolou – e muito – os 700 lugares daquela sala montada na cidade histórica.
O diretor Guilherme Fiúza Zenha comemorou junto do público a sexta colocação do filme entre os mais vistos no dia de estreia, quinta-feira passada (19/1). “Estreamos em 581 salas, nenhuma produção mineira fez isso”, afirmou ele à plateia do Cine Tenda.
De acordo com o site Box Office, “Chef Jack” ficou atrás de quatro longas (“Babilonia”, “I wanna dance with somebody”, “Avatar: O caminho da água” e “M3gan”) e da animação “O Gato de Botas 2”. Todos são produções estrangeiras.
Como “O Gato de Botas” é o único voltado para as crianças, Guilherme Fiúza acredita que “Chef Jack...” terá sucesso no Brasil inteiro. “Ele vai se manter (nas salas)”, aposta o cineasta.
Destruição bolsonarista
No Fórum de Tiradentes, realizado no sábado (21/1), o secretário de Direitos Autorais e Intelectuais do Ministério da Cultura (MinC), Marcos Souza, disse que o quadro de destruição deixado para o governo Lula pela gestão Jair Bolsonaro vai além do que foi divulgado.
“Vocês não têm ideia do que os servidores contaram para a gente. Como era difícil para eles lidar com pessoas que andavam armadas e gritando no ambiente de trabalho”, afirmou.
A reconstrução do Ministério da Cultura, extinto por Bolsonaro, representa um desafio. “Mais fácil seria criar um órgão novo a partir do zero do que recriar aquele que deixou de existir. Você herda uma série de problemas”, observou.
“Não havia nem sequer uma política desenvolvida pela Secretaria de Direitos Autorais. A força de trabalho estava mobilizada apenas para a execução de emendas parlamentares, boa parte delas do orçamento secreto”, criticou.
A expectativa é que nesta terça-feira (24/1) a estrutura do MinC, recriada pelo governo, esteja apta a funcionar, embora todos venham “trabalhando pesado” desde o fim do ano passado, por meio da comissão de transição, informou Souza.
Redator da Lei Paulo Gustavo, o secretário de Direitos Autorais do MinC disse que serão restituídos ao setor cultural os recursos da legislação destinados à amortização da dívida pública pelo governo anterior.
Restos a pagar
O secretário do MinC informou que se estuda uma forma de operacionalizar a Lei Paulo Gustavo via bancos públicos. Até o início de março, estarão disponíveis os restos a pagar vinculados a essa legislação, prometeu.
A boa-nova é a criação de uma diretoria para fazer o acompanhamento da implementação das leis do setor de cultura junto a estados e municípios.
“Vamos oferecer a minuta de edital, segurar na mão do gestor federal, estadual e municipal para ajudar a executar tanto a Lei Paulo Gustavo como a Lei Aldir Blanc 2 de uma forma que possibilite sinergia com o MinC. Assim, a política cultural do Brasil ficará mais coesa, mais forte”, afirmou.
De acordo com Souza, foi criada linha de financiamento para salas de cinema que estão fechadas ou necessitadas de reforma e para ampliar o parque exibidor.
Nesta segunda-feira (23/1), uma das atrações da Mostra de Tiradentes será a exibição do filme “A alegria é a prova dos nove”, dirigido por Helena Ignez e com Ney Matogrosso no elenco.
* O repórter viajou a convite da organização da 26ª Mostra de Cinema de Tiradentes
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