Rio de Janeiro - Mesmo com chuva, visitantes chegam de todos os cantos para admirar a fachada restaurada do Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, na capital fluminense. “Quem viu este monumento funcionando em toda sua grandeza, depois se horrorizou com a destruição pelo fogo e agora assiste ao renascimento, fica emocionado. Parece a história daquela ave da mitologia grega”, diz a turista paulista, equilibrando-se com a sombrinha para registrar o cenário na tela do celular.
Investimento federal
O entusiasmo abre as portas e contagia o diretor do museu, vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Alexander Kellner, certo de que é totalmente possível devolvê-lo à sociedade em 2026.
Para tanto, assegura, “é preciso que o governo (federal) que se inicia, especialmente por meio dos ministérios da Cultura, da Educação e da Ciência, Tecnologia e Inovação, se aproxime e ajude o quanto antes. É impossível um museu grandioso como este sobreviver sem investimentos públicos. Precisa haver maior conscientização do poder público, mudança de mentalidade na direção dos órgãos responsáveis pelo patrimônio”.
'(Luzia) Está em fragmentos não muito pequenos, e temos 90% do fóssil. Falta apenas a verba para fazer a reconstituição'
Alexander Kellner, diretor do Museu Nacional
Luzia entre os escombros
O incêndio destruiu de 80% a 85% do acervo do Museu Nacional, então estimado em 20 milhões de itens ligados à antropologia, aos povos indígenas, à herança cultural e à biodiversidade.
Entre as “vítimas” estava o crânio de Luzia, o mais antigo fóssil humano (com idade de 11,4 mil anos e considerada a primeira brasileira), encontrado em 1974 na Gruta da Lapa Vermelha, em Pedro Leopoldo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Dom Pedro II, o "anfitrião"
Fachada nas cores do Império
De acordo com a nota divulgada pela coordenação do projeto Museu Nacional Vive, as obras das fachadas e cobertura do palácio foram iniciadas em novembro de 2021, após a proteção dos elementos artísticos e históricos que sobreviveram ao incêndio. Com orçamento total de R$ 23,6 milhões, o serviço nas fachadas e coberturas do bloco histórico vai até o mês que vem.'Avançamos muito, tivemos de aprovar os projetos, mas precisamos que haja a aceleração desse avanço no novo governo. O museu pertence a todos, a toda a sociedade brasileira, não é de esquerda, direita, rosa ou azul'
Alexander Kellner, diretor do Museu Nacional
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