Nelsinho Laranjeiras gravou 'Nascimento e morte'

Nelsinho Laranjeiras gravou "Nascimento e morte" ao perceber que a obra de Elias Mizrahi cairia no esquecimento

Acervo pessoal

Considerado um dos expoentes do rock progressivo nacional, o grupo carioca Veludo lança o álbum “Nascimento e morte”. Nelsinho Laranjeiras, baixista, compositor, produtor e um dos fundadores da banda, reuniu-se em estúdio com convidados para gravar 14 canções, engavetadas desde os anos 1970. “Tudo foi feito com muito carinho”, diz ele, observando que o álbum tem “textura contemporânea”.

Comparada a Os Mutantes, O Terço e Som Nosso de Cada Dia, Veludo esteve ativa no eixo Rio-São Paulo de 1974 a 1978. O grupo surgiu a partir dos grupos Antena Coletiva e Veludo Elétrico, esse último contava com Lulu Santos e Paul de Castro.
 
“Nascimento e morte” surgiu de forma inusitada: na porta do cemitério, em homenagem ao tecladista Elias Mizrahi, parceiro de Laranjeira que havia falecido.

“A gente se conheceu quando tínhamos 20 anos e começamos a tocar juntos. Criamos músicas maravilhosas. Pena que, naquela época, ninguém gravava nada. Hoje em dia, há até celular (para gravar). Antigamente, para lançar disco ou mesmo tirar fotografia, era um sufoco danado”, diz o baixista.

Foi Elias Mizrahi quem convidou Nelsinho para entrar na banda, em 1974. “Ficamos até 1976, quando vieram as primeiras mudanças, saindo um e entrando outro. Fui assumindo a liderança a partir de meados de 1975”, relembra.

Reflexões no cemitério

A morte do amigo abalou o baixista. “Foi terrível. Primeiro a chegar ao enterro dele, fiquei ali na porta do cemitério, sozinho. Não havia nenhum músico nem jornalista cultural. Pensei: ele era um cara tão talentoso, com músicas maravilhosas, um tecladista incrível e não aparece ninguém?”

O álbum lançado agora tem a missão de registrar a obra de Mizrahi. “Havia bastante coisa antiga dele, coisas muito boas. Fui separando e organizando tudo e também pegando as minhas composições antigas engavetadas. Assim surgiu 'Nascimento e morte'”, conta Nelsinho.

O álbum foi gravado no ano passado na Casa do Mato e NL, no Rio de Janeiro. Participaram das faixas Nelsinho Laranjeiras (voz, guitarra, baixo, violões e bandolim), Ronaldo Scampa (flauta, wistle e vocal), o mineiro Bê Moreira (teclados), Sandro Lustosa (percussão e efeitos sonoros), Fabio Rizental (guitarra), Sérgio Conforti (bateria), Carlos Coppos (baixo) e Nacho Mena (bateria).

Laranjeiras revela um fato curioso sobre a participação do guitarrista carioca Fábio Rizental no disco. “Fui professor de música dele, quando Fábio tinha por volta dos 14 anos. Depois, quando o encontrei novamente, já era músico formado, bom pra caramba, guitarrista maravilhoso. Fiquei todo orgulhoso por ter sido parte da história da vida musical dele.”
 
Músicos da Banda Veludo olham para a câmera, em foto dos anos 1970

Banda Veludo em foto dos anos 1970

Acervo pessoal
 

Além das plataformas de streaming, “Nascimento e morte” está disponível no YouTube, com várias explicações sobre as faixas.
 
“O CD tem um livreto com 12 páginas, contando várias histórias da banda. Inclusive, uma página fala de cada canção e de cada músico. Vem desde o comecinho, passando por tudo, até quando o grupo acabou”, informa Laranjeiras. Clipes antigos da banda estão disponíveis no YouTube, avisa.

Veludo contou com o guitarrista Paul de Castro (Os Mutantes, Pepeu Gomes e Hervah Doce), o baterista Gustavo Schroeter (A Cor do Som, Jorge Benjor, Raul Seixas e Zé Ramalho), o tecladista Elias Mizrahi e Nelsinho Laranjeiras, que participou de todas as formações.