O tradicional Concurso de Marchinhas Mestre Jonas não será realizado neste 2023, justamente quando os foliões voltam às ruas depois de dois anos sem carnaval, devido às restrições impostas pela pandemia de COVID-19. O motivo do cancelamento foi a dificuldade de a organização conseguir patrocínio em tempo hábil para a realização do concurso.
De acordo com o idealizador da competição, Kuru Lima, são necessários, no mínimo, dois meses de trabalho prévio para que o evento seja realizado. Nesse período, os compositores inscrevem suas músicas, elas são selecionadas, passam por um processo de rearranjo, ensaiadas em estúdio pelos concorrentes com a banda-base e, finalmente, apresentadas em duas etapas distintas presenciais, quando são avaliadas presencialmente pelo júri técnico e pelo público, respectivamente.
Tudo isso, entretanto, deve ser feito antes do carnaval para que, quando a folia começar, as canções não sejam estranhas ao público. “Nós tivemos pessoas interessadas em nos patrocinar, mas o problema é que, quando recebemos a proposta, não dava mais tempo para realizar o evento”, diz Lima. “Para quem está promovendo eventos de carnaval, como blocos, é totalmente possível fazer dessa forma. Mas, no nosso caso, como é um projeto que demanda tempo maior de preparo, optamos por não fazer este ano e deixar para o ano que vem.”
Mestre Jonas
Outra dificuldade que ele aponta é a impossibilidade de o concurso entrar nos editais da Belotur, que não abrangem esse tipo de evento. “Eu até entendo a lógica disso. Porque, quando libera para concursos, abre-se a possibilidade de pessoas entrarem com projetos sem nenhuma ancoragem em ações artísticas, como por exemplo premiação para a pessoa mais bonita da cidade ou para o melhor artista”, pondera Lima.
“Contudo, no caso do Concurso de Marchinhas Mestre Jonas, você tem um evento, de fato, no qual os artistas se apresentam. A disputa acontece dentro de uma atividade cultural”, diz.
Houve várias tentativas de entendimento com a Belotur, que, segundo Lima, se empenhou em buscar formas de apoiar o projeto. No entanto, nenhuma gerou até o momento um resultado que pudesse sustentar economicamente o projeto.Vencedores
A última edição do concurso foi em 2020. Na época, a vencedora foi “E quem não deu, Damares?”, de Alexandre Rezende. A marchinha era uma sátira à campanha de prevenção à gravidez na adolescência que estimula a abstinência sexual, conduzida pelo então Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, comandado por Damares Alves à época. “No Tinder pentecostal/ ninguém mata a cobra/ ninguém mostra o pau”, cantavam os intérpretes da marchinha campeã.
Em segundo lugar ficou “Mimosas borboletas”, de Celinha Braga. "Nós somos as borboletas/ Nós somos rosa, verde, branco e violeta/ A liberdade, a transformação/ Respeito é nosso grito, e NÃO É NÃO!!", cantou Celinha, em clara alusão aos casos de assédio sexual, que se multiplicam no carnaval.
O terceiro lugar ficou com "Parente bolsominion", de Vítor Velloso, Luisa Burian e Frederico Heliodoro. A sátira nesse caso tem como alvo os bolsonaristas, com suas "piadas machistas" e seu coportamento fanático, que tornam um simples almoço de domingo "mais confuso que letra do Djavan".
Lima afirma que o Mestre Jonas volta em 2024. E, para marcar o retorno, promete uma edição maior do que as que já foram realizadas até aqui.
Sign in with Google
Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Estado de Minas.
Leia 0 comentários
*Para comentar, faça seu login ou assine