jornalista Marcelo Santiago, idealizador e curador do  Corrente, simpósio de jornalismo musical

Marcelo Santiago, idealizador e curador do Corrente, destaca a importância do evento: "Importante trazer um tipo de discussão que está dentro da faculdade para um público mais amplo"

Luciano Viana/DIVULGAÇÃO


Nascido da necessidade de expandir o debate em torno do jornalismo musical e seu processo de precarização para além dos muros da universidade, acontece nesta semana, em Belo Horizonte, o Corrente: 1º Simpósio de Jornalismo Musical do país. Idealizado pelo jornalista Marcelo Santiago, que também é curador do evento, o simpósio reúne nomes do universo prático e científico deste ramo jornalístico.

Pesquisador e produtor cultural, Marcelo sentia falta de conversar sobre o assunto de forma mais leve, enxergando no evento um caminho natural para se debater as transformações que vêm ocorrendo no mercado e no jornalismo cultural.

"O tipo de evento que eu via no ambiente acadêmico, achava muito careta. Tudo muito formal, feito para quem está dentro da própria academia. Eu fiquei pensando que seria legal trazer um tipo de discussão que está dentro da faculdade para um público mais amplo," conta Santiago.

O conceito buscado pelo curador, portanto, é refletido pela programação do evento. Com rodas de conversa e apresentação de artigos, os três dias de atividades englobam nomes de dentro e de fora do estado.

Nesta quarta-feira (1º de fevereiro), o pernambucano GG Albuquerque, responsável pelo destacado projeto Volume Morto, participa de conversa com Bruna Vilela, que antes apresenta artigo ao lado de Rafael Andrade e Adreana Oliveira. Além deste bate-papo, Rodrigo Corrêa conversa com Nina Rocha, e Camilo Rocha conversa com Dora Guerra, criadora da newsletter Semibreve.

PLURALIDADE 

O segundo dia, nesta quinta-feira (2/2), Marcelo Santiago, Isabela Rosa e Olga Costa apresentam suas pesquisas, enquanto o paulista Guilherme Lúcio, especialista em funk, que lançou recentemente o documentário "Mortos em abril", sobre assassinatos dos MCs da Baixada Santista, dialoga com Natacha Vassou.

Também no segundo dia, Kamille Viola, jornalista, pesquisadora musical e autora do livro “África Brasil: Um dia Jorge Ben voou para toda a gente ver”, finalista do Prêmio Jabuti em 2021, conversa com Danielle Pinto e Chris Fuscaldo com Julianna Sá.

"Uma coisa que sempre me incomodou muito, é que quando um jornalista se destaca mais na música e você vai ver a lista de melhores do ano, é muito concentrado em homens brancos de meia idade, de São Paulo. São os jornalistas musicais e culturais que se destacam. Quando eu comecei a curadoria, uma coisa que eu pensei era isso: trazer nomes diferentes e a pluralidade que tem o próprio jornalismo cultural, porque é claro que têm pessoas diversas, de raças diferentes, muitas mulheres escrevendo, mas elas, às vezes, não têm destaque, porque as pessoas estão sempre colocando aqueles caras ali em tudo," conta Santiago.

SHOWS 

A pluralidade do simpósio também está presente na festa de encerramento. Marcelo Santiago convidou três artistas para se apresentarem no último dia, sexta-feira (3/2). De Contagem, radicada em Viçosa, Gabriela Viegas prepara o lançamento de seu novo EP; o grupo Ruadois, que, para ele, é o próximo nome do rap a estourar em BH, na sequência de Djonga, FBC e Sidoka.

"É uma nova leva do rap, uma turma muito jovem, que não é aquele trap pra trás, é uma música acelerada, misturada com música eletrônica. Eles estão fragmentados na região metropolitana: um é de Nova Lima, o outro é de Brumadinho, um dos djs é de ascendência indígena, a outra é uma preta da periferia. É uma banda super plural, super engajada. São incríveis," comenta.

A abertura da noite fica por conta da banda experimental paulista Deafkids, que se apresenta em BH após alguns anos e em seguida sai em turnê internacional para alguns festivais na Europa. Santiago considera ser uma oportunidade de misturar esses três artistas de estilos diferentes na programação de encerramento.

CORRENTEZA 

Já pensando na próxima edição, ele revela o projeto de realizar ações menores, ao longo do ano, no mesmo estilo do Corrente, mas chamadas Correnteza, conectando a primeira à segunda edição do simpósio.

* Estagiário sob a supervisão da subeditora Tetê Monteiro

•CORRENTE: 1º SIMPÓSIO DE JORNALISMO MUSICAL DO BRASIL

>> Desta quarta (1º de fevereiro) a   sexta-feira (3/2) 
no Quente (Av. Afonso Pena, 941, sala 601 – Centro). Entrada gratuita com retirada de ingressos pelo Sympla

>> Hoje, às 18h30
Apresentações de artigos e pesquisas com Bruna Vilela, Rafael Andrade eAdreana Oliveira
Conversas: GG Albuquerque conversa com Bruna Vilela; Rodrigo Correa conversa com Nina Rocha; Camilo Rocha conversa com Dora Guerra

>> Quinta-feira (2/2), às 18h30 
Apresentações de artigos e pesquisas com Marcelo Santiago, Isabela Rosa e Olga Costa. Conversas:  Chris Fuscaldo conversa com Julianna Sá; Guilherme Lúcio conversa com Natacha Vassou;  Kamille Viola conversa com Danielle Pinto

>> Sexta-feira (3/2), às 20h
Festa de encerramento com  Deafkids, Ruadois e Gabriela Viegas e com os Djs Akila e Ritttua, no  P7 Criativo (Rua Rio de Janeiro, 471 Centro). Ingressos: R$ 40 pelo sympla.com.br/reverbera