Cena de 'Edward - Mãos de Tesoura'

O clássico "Edward - Mãos de Tesoura" é um dos filmes incluídos no ciclo, que apresenta também trabalhos de Tim Burton para a TV

Fox Films/Divulgação


O sucesso da série “Wandinha”, da Netflix, um musical em cartaz em São Paulo, grandes exposições de artes visuais e ambiciosas mostras de cinema promovidas em diferentes capitais desde o ano passado não deixam dúvidas: Tim Burton está em alta. O cineasta norte-americano volta à baila em Belo Horizonte com uma grande retrospectiva de sua obra, que estreia nesta quarta-feira (1º/2) e segue em cartaz até o dia 6 de março, no CCBB-BH.

A mostra “O cinema de Tim Burton”, idealizada pelo jornalista Breno Lira Gomes, também responsável pela curadoria, reúne 42 filmes, entre títulos dirigidos e produzidos pelo diretor que alcançou sucesso popular a partir de “Os fantasmas se divertem” (1988). Obras de outros cineastas que influenciaram a carreira de Burton também integram o ciclo.

A retrospectiva, que já passou por Rio de Janeiro e São Paulo, apresenta desde um dos primeiros filmes de Burton – o curta “Vincent” (1982), homenagem ao ator Vincent Price – até o remake de “Dumbo” (2019), passando por oito títulos estrelados pelo ator Johnny Depp e outras obras marcantes da filmografia do cineasta.

Produções para a TV

O público também terá a oportunidade de assistir a duas produções de 1982 para televisão dirigidas por Tim Burton: “João e Maria”, um especial feito para a Disney, e “O teatro dos contos de fadas: Aladim e a lâmpada maravilhosa”, série produzida e apresentada pela atriz Shelley Duvall.

“Muitas pessoas nem sabiam que Tim Burton já fazia produções para a TV, acham que essa relação começou agora, com ‘Wandinha’. A ideia da mostra é dar esse panorama amplo de sua produção”, diz Gomes. Ele aponta que a realização da mostra foi motivada por seu gosto pela obra do diretor e pelo desejo de apresentar ao público uma cinematografia que ele considera singular.

O primeiro filme de Burton a que ele assistiu foi justamente “Os fantasmas se divertem”, quando tinha 12 anos, na “época das vídeo-locadoras”, quando, conforme diz, fim de semana sim, fim de semana não, alugava a fita VHS do longa. “Já faço esse trabalho de curadoria e realização de mostras há algum tempo e estava sentindo falta de organizar uma retrospectiva completa de Tim Burton, porque ele tem muitos fãs no Brasil”, cometa.

Gomes conta que, num primeiro desenho de curadoria, reuniu absolutamente tudo que levasse, ainda que de forma indireta, o nome do cineasta. “Depois fui excluindo alguns títulos, ou porque não encontrava o detentor dos direitos ou porque eram obras inacabadas ou, ainda, porque ele não era devidamente creditado”, explica.

Close no diretor Tim Burton, na pré-estreia de Wandinha em Los Angeles

Tim Burton na pré-estreia de "Wandinha", em novembro passado, em Los Angeles; ele assina a série que se tornou um dos maiores sucessos da Netflix

LISA O'CONNOR / AFP

Inspiração 

Ele diz que também considerou importante mostrar de onde vinha a inspiração do diretor, por isso incluiu no pacote 18 obras de referência – principalmente filmes de terror e ficção científica pelas quais Tim Burton era aficionado na infância e na adolescência. Entram nesse rol longas como “A pequena loja dos horrores” (1960), de Roger Corman, “Plano 9 do espaço sideral” (1959), de Ed Wood, e “A noiva de Frankenstein” (1935), de James Whale.

“Tim Burton sempre foi um cinéfilo de carteirinha, que teve nas obras de outros realizadores fontes importantes de inspiração. Quis evidenciar isso. Quem for à mostra assistir aos filmes dele e às obras de referência vai encontrar muitos elementos em comum. ‘Marte ataca!’, por exemplo, tem muito de ‘Guerra dos mundos’ e de ‘A invasão dos discos voadores’, todos na programação”, cita.

A mostra “O cinema de Tim Burton” que estreia agora no CCBB-BH tem, basicamente, a mesma premissa de “As origens de Tim Burton”, outra retrospectiva composta por títulos do diretor e obras de referência realizada pela Fundação Clóvis Salgado no Cine Humberto Mauro entre julho e agosto do ano passado.

Para Gomes, esse momento de grande evidência do diretor é fruto de todo um percurso artístico que, mais recentemente, vem sendo melhor avaliado e apreciado em conjunto. “Nos últimos anos, ele tem se revelado mais para as pessoas, com as exposições de seus desenhos e criações, por exemplo. É um artista de quem sempre se ouviu muito falar, mas agora estamos vendo coisas dele que não eram mostradas.”.

O curador considera que o principal traço distintivo do cinema de Burton é o olhar para os excluídos. “Os filmes dele sempre têm aquele personagem que está à margem da sociedade, que é fora dos padrões estéticos e comportamentais. Ele deu cara e protagonismo para essas pessoas. De certa forma, acho que Tim Burton está falando um pouco de si também nesses filmes”, considera.

Atividades extras

Além da exibição dos filmes, a mostra promoverá diversas atividades extras, todas gratuitas. Nesta quarta será realizado o debate “O estranho mundo de Tim Burton”, com a participação da diretora de animação Giuliana Danza e do jornalista Fernando Tibúrcio, e mediação do próprio Gomes.

Já no dia 11 de fevereiro está confirmada a palestra “Edward mãos de tesoura: uma fábula sobre o Natal”, apresentada pela crítica e pesquisadora de cinema Yasmine Evaristo. A masterclass “Strange people: o cinema ímpar de Tim Burton” vai ser conduzida pela professora e pesquisadora Rita Ribeiro, no dia 25/2, a partir das 11h.

A produção da Mostra também promoverá, nos dias 4 de fevereiro e 4 de março, duas ações com cosplays caracterizados de personagens dos filmes dirigidos ou produzidos por Tim Burton. Além disso, crianças e adultos que estiverem na mostra no próximo sábado (4/2), das 13h às 17h, poderão ser maquiadas, inspiradas nos personagens de “O estranho mundo de Jack” ou em outros personagens das histórias criadas pelo cineasta.

“O CINEMA DE TIM BURTON”
• A partir desta quarta-feira (1º/2) até 6/3, de quarta a segunda, no CCBB-BH (Praça da Liberdade, 450, Funcionários, 31.3431-9400).
• Ingressos para as sessões a R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia) pelo bb.com.br/cultura ou na bilheteria do CCBB-BH.
•A programação completa pode ser conferida no site do centro cultural.