O que é ser um “artista injustiçado” na indústria hoje em dia? Para a maioria das pessoas é não ter o reconhecimento que um músico merece com seu potencial, mas para Carol Biazin é “ser do contra”. Em “REVERSA”, seu novo álbum lançado nesta quarta-feira (1/2), ela traz esta narrativa trabalhada em três atos com alter egos de sua própria personalidade dentro de si em uma história sobre as fases de um relacionamento. A cantora deu detalhes sobre o processo de criação do disco e todo conceito por trás dele.
Biazin mostra que, ao ir na contramão de dinâmicas e ideias comuns, ela inova e gera tendências. “Eu sempre fui tachada pelos meus fãs como ‘artista injustiçada’. Meu primeiro álbum, ‘Beijo de Judas’, fala sobre essa narrativa, mas eu não queria mais ser vista desta forma. Não me sinto injustiçada, mas eu sei que sou uma artista do contra. Gosto de jogar contra a maré, de ir contra o que é óbvio e, às vezes, o negócio está na minha cara e eu quero pegar outro percurso porque isso faz parte da minha pessoa, gosto de causar um pouco com minha arte”, explica.
Segundo ela, a ideia do álbum começou com a criação do Alter Ego, feito para a primeira canção divulgada do trabalho. “Sendo bem sincera, ‘Garota Infernal’ quando existiu não tinha nenhuma ideia de fazer álbum, eu estava fugindo disso. Não queria fazer um álbum porque falei: ‘Cara, muito tempo, não sei se vou ter tempo de focar, quero entregar conceito, uma ideia por trás disso’. As coisas foram fluindo, eu fui escrevendo músicas e quando ouvi as músicas elas se conectavam. Aí mudei de ideia”, conta.
“Eu queria continuar a história dessa menina, que era o momento que eu queria viver. Essa explosão desse Alter Ego, dessa menina que é sexy, uma diva pop e não tem medo de falar o que pensa. Ela tem um visual fantasioso, vive fora da realidade. Eu queria viver um pouco mais disso e comecei a seguir essa história. Senti que era uma válvula de escape minha que a Carol Biazin criou para o mundo real. A partir disso, comecei a linkar outras histórias e foi daí que nasceu o álbum todo. Então devo muito a essa menina”, acrescenta.
Amadurecimento
Durante a coletiva de imprensa, Carol reforçou o aprendizado que reuniu desde seu álbum “Beijo de Judas” até a criação de “REVERSA”. “Acho que eu aprendi a falar muito mais sobre meus sentimentos nesse álbum. Em ‘Beijo de Judas’ ainda criei muitas coisas fora da minha realidade. Em ‘REVERSA’, consegui falar muito mais sobre mim. Esse álbum tem muito mais sobre a Carol”, destaca.
“A maturidade que eu conquistei nesse tempo é muito visível neste projeto. Eu vejo quanto eu consigo falar sobre os mesmos temas, mas de formas tão diferentes e tão vastas. Senti esse crescimento como compositora por escrever para outras pessoas. Acho que essas misturas e toda minha vivência, a forma que eu gosto de contar a minha história está muito única e presente nesse álbum. Então vai ser uma grande surpresa para as pessoas e essa maturidade está visível para todo mundo”, acrescenta.
Por este amadurecimento, ela conseguiu falar sobre um tema tão intenso, como as fases de um relacionamento, incluindo o término. “Acho que foi um processo natural. Comecei fazendo por Garota Infernal, que não mexe tanto comigo por ser algo que crio em momentos de descontração. Quando eu comecei a falar sobre relacionamento, é difícil não falar sobre minha vivência, então escrevi sobre tudo isso senão eu iria explodir. Nas minhas músicas tenho essa fuga pessoal que uso para desabafar. Então acaba sendo essa válvula de escape porque eu prefiro musicar isso tudo do que falar”, observa.
Atos I, II e III
Carol dividiu o álbum em três partes para contar sobre a história deste relacionamento, de trás para frente.
- “Ato I” são as últimas faixas do disco: “Fica pro Café”, “Menta com Chá”, “Bacardi”, “Playlist de Sexo” e “Caos Perfeito”.
- “Ato II” vem com “Ex não ama”, “Dessa vez não” e “Início do fim”.
- “Ato III”, o último, são: “Mala Memo”, “Brinca com a…”, “Garota Infernal” e “Glitter”.
Carol destaca uma faixa de cada parte para entender melhor o conceito desenvolvido. “Ato III: Uma das faixas mais icônicas é ‘Glitter’, é basicamente um duelo entre a Carol que está aqui e a Garota Infernal. No meio de um verso, elas começam a discutir e quando os versos são rápidos é porque a Garota Infernal entra e começa quase a fazer um rap. Para mim é uma das faixas mais icônicas e no show será o grande ápice”, ressalta.
“Ato II: Estou muito apaixonada por ‘Ex não ama’ que fala muito sobre a recaída de duas pessoas que não estão mais juntas, mas tem esse vai e vem, tem aquela noite de sexo incrível para relembrar. É como se fosse o sexo de despedida desse casal que se encerra ali’, acrescenta.
Ela conclui: “Ato I: ‘Bacardi’ para mim é minha música favorita. Ela é muito diferente de tudo que já ouvi, tem uma pegada um pouco eletrônica demais, beira um remix, mas não é, tem uma repetição. Faço uma alusão à Cardi B, então vocês podem esperar um pouco putaria. Mas é meio romântica.”
E apesar de já ter entregado faixas de cada parte do trabalho previamente, ela reforça que as outras músicas do álbum são uma caixinha de surpresas na sonoridade. “Cada ato tem uma atmosfera diferente, mas dentro de cada um temos outras ramificações. Tem muito R&B, mas ao mesmo tempo tem muita sofrência que chega a beirar um sertanejo e essa coisa do popular demais de estar sofrendo. Tem uma faixa extremamente trap e muitas nuances, então podem se surpreender a cada play”, reflete.
Estética e 'visualizers'
A gente pode observar todo este conceito da estética refletido na capa de “REVERSA”, quando ela representa seus três alter egos em cada uma. “Tem a grande pensadora de tudo isso que envolve a ideia desse projeto, que eu chamo de Carol mesmo. A gente tem a apaixonada, que está flutuando, quem nunca se apaixonou? E também a Garota Infernal”, explica.
“Eu queria que as três estivessem na capa, isso foi essencial para o desenvolvimento de tudo. A ideia era que fosse algo 3D e tivesse essa textura meio fake, essa coisa brilhosa na pele. Encontramos com designers e eles vieram com várias referências, foi quando surgiu um brilho no meu olhar porque são coisas que eu jamais imaginei encontrar na minha vida”, continua.
Carol se aprofunda no conceito que envolve suas três versões: “Essa coisa da bolha representa tanta coisa para mim, porque a minha cabeça criou tudo isso, estou vivendo nesse universo faz um ano e sinto que tem algo querendo quebrar essa bolha e a Garota Infernal que coloco na capa com as mãos no vidro, ela olhando para fora e ela quer explodir’. Ao mesmo tempo tem a Carol que flutua ali e ela tipo: ‘Gente, enquanto vocês discutem aí, eu estou apaixonada, vou ficar aqui’”.
Emaranhado com este conceito estão os 'visualizers', uma espécie de videoclipe para cada faixa do álbum, que Carol divulgará aos poucos. “A cor de rosa para o ‘Ato I’, dessa menina que é exagerada e tem um pouco da realidade, mas tem uma fuga para o lúdico. Essa coisa de quando você está apaixonada e quer fazer tudo pela pessoa, a gente viu isso em ‘Fica pro Café’, quando ela tenta servir a menina de todos os jeitos”, destaca.
“Depois, ao mesmo tempo, temos o ‘Ato II’ que tem o azul e leva tudo para o profundo. Você vai entender que já mexe com o visceral do ser humano, é real até demais. Ela está ali e não precisa de muito, é um dos atos mais simples, não pesamos a mão de arte e muita luz porque a gente queria que fosse o mais cru possível”, acrescenta.
Ela continua: “A gente vem com o ‘Ato III’, que são os clipes mais caros, a Garota Infernal teve que vir com tudo porque é a diva pop do álbum. Ela é lúdica demais, nada é real. Então no clipe novo tem tanta coisa, tem até helicóptero.”
Easter Eggs
Conforme Biazin adiantou, ela já vem trabalhando nas músicas antes mesmo de se tornarem um álbum, desde “Garota Infernal”. Mas, segundo ela, foi a partir de “Brinca com a…”, que todo o conceito do disco começou a fazer sentido e ela entregou alguns spoilers aos fãs do que estaria preparando para esta nova ‘era’ de sua carreira.
“A gente começou a inserir mais os easter eggs a partir de “Brinca com a…”, que foi quando eu falei: ‘Tá, se for fazer um álbum, vamos fazer direito’. Aí a gente começou, deu nome de faixa, nome do álbum antes do tempo. Tudo estava na cara de todo mundo, mas eu neguei até o fim que eu ia lançar o álbum porque queria que fosse essa grande surpresa”, diz.
Ela explicou cada spoiler que entregou: “No final do clipe (Brinca com a…) tem uma tela tipo uma live rolando que tá me filmando e aparece o nome de várias faixas do álbum, como ‘Mala memo’ e ‘Caos perfeito’. Estávamos segurando um pouco porque ainda era o começo. E aí a gente fez ‘Início do fim’ uma camiseta já com a data de lançamento de ‘Fica pro café’, e tinha uma mancha de café que fazia a referência.”
“‘Fica pro café’ a gente virou vários retratos de casais lésbicas de cabeça para baixo, tem a Rue e Jules delas no Titanic reproduzindo a cena. Nesse próprio clipe tem o nome do álbum que aparece como nome do bar. A gente tem um cardápio com todos os nomes de atos”, ressalta. Ela também contou que houve até mesmo um erro ortográfico na mensagem onde repetiu o ‘Ato III’. “Era pra ser ‘Ato I’ e foi ‘Ato III’ duas vezes, mas acontece (risos)”, acrescenta.
A artista deu mais detalhes: “Dentro de cada ato tem uma receita que faz referência a alguma música do álbum. A gente não chegou a colocar os nomes das faixas porque achamos que seria demais. Pegamos trechos das músicas: uma pitada de glitter aqui, etc.”
Nova era refletida nos shows
Após o lançamento do trabalho, assim como todo artista, Carol quer logo colocar o álbum para rodar o país. Ela conta que o pontapé inicial será em um dos maiores festivais do Brasil, o Lollapalooza, dia 25 de março. “Vai ser o primeiro grande show dessa turnê. Estamos segurando esse repertório, eu tenho algumas apresentações para entregar antes, mas quero segurar o máximo para entregar essa história completa em cima dos palcos também com cor, visual. Vou gravar um visual exclusivo para o show em todas as faixas”, adianta.
"A gente ficou o ano inteiro gravando materiais, foram 13 vídeos. Nos palcos com certeza essa pegada 'teatral', essa história será contada de trás para frente e ficará bem mastigada para o público entender tudo"
Carol Biazin
Ela já tem começado a viver a experiência dos palcos de festivais e conta como tem sido o preparo. “Tem sido uma experiência muito massa. É basicamente uma vitrine, você chega com seu repertório que talvez 80% do público não sabe que é ainda. Tivemos uma grande experiência no Hopi Pride, que pouquíssima parte do público era meu, mas seguramos até o final e a galera amou o show, saímos de lá muito felizes com o resultado. Não vai ser diferente agora, esse novo repertório”, afirma.
“Estou tão animada porque estamos tocando ‘Beijo de Judas’ há mais de um ano fazendo esse show e eu não aguento mais cantar essas músicas, estou louca para chegar com ‘REVERSA’ no peito de todo mundo: ‘Oi gente, sou Carol Biazin e esse é meu álbum’”, brinca. “Então o grande intuito desses festivais é realmente furar bolhas, quebrar muros e então é isso que a gente está focando nos festivais”, acrescenta.
Mas o público que acompanha Carol desde 2017, quando participou do “The Voice”, e viu toda evolução também pode esperar alguns hits de sua carreira. “Vai ter repertório de algumas músicas de outros álbuns, ‘Suas linhas’, que é um hino orgânico. Mas muito do novo show vai ser voltado para o ‘REVERSA’ e a gente quer mergulhar nisso. Acho que a galera vai ter dois meses para aprender as letras e cantar muito”, comemora.
Além disso, o formato de show com a banda toda feminina permanecerá. E enquanto ela fecha datas de festivais, a artista também tem expectativa de levar seus shows para o público. "Quero fechar outras datas, mas estamos esperando terminar de fechar os festivais para poder outras datas de shows”, garante.
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