cineasta Jafar Panahi

Cineasta dissidente iraniano Jafar Panahi foi preso em julho de 2022 e deixou a prisão em Teerã ontem

ATTA KENARE /AFP


O cineasta dissidente iraniano Jafar Panahi foi liberado da prisão que estava em Teerã, no Irã, nessa sexta-feira (3/2). Ele foi detido em julho do ano passado em seu país, dias após a prisão de outros dois dois cineastas – Mohammad Rasoulof e Mostafa Aleahmad –, acusados de "perturbação da ordem pública".

A notícia de que Panahi está solto foi confirmada pela sua esposa, Tahereh Saeidi, e por seus advogados. O diretor tinha entrado em greve de fome no início desta semana. O cineasta foi preso no ano passado em meio a uma repressão à liberdade de expressão no Irã, quando foi à prisão de Evin para investigar o paradeiro de Rasoulof e Aleahmad.

Foi anunciado alguns dias depois que as autoridades iranianas decidiram reativar uma sentença aplicada a Panahi, em 2010. Artista dissidente, ele foi condenado em naquele ano a seis anos de prisão e 20 anos de proibição de filmar ou escrever roteiros, viajar ou falar na mídia. No entanto, continuou a viver e trabalhar no Irã.

Foi condenado por "propaganda contra o regime", depois de ter apoiado o movimento de protesto de 2009 contra a reeleição do ultraconservador Mahmud Ahmadinejad para a presidência da República Islâmica.

CANNES 

No ano passado, o Festival de Cannes expressou seu apoio e condenou "com firmeza essas detenções, bem como a onda de repressão visível no Irã contra seus artistas". O festival pediu a libertação imediata de Rasoulof, Aleahmad e Panahi num comunicado.

Panahi, de 62 anos, é um dos cineastas iranianos mais premiados. Ele ganhou o prêmio de melhor roteiro em Cannes, em 2018, por "3 Faces", três anos depois de ganhar o Urso de Ouro em Berlim por "Táxi Teerã".

Seu último filme, "No bears", protagonizado por ele mesmo como muitas de suas produções recentes, estreou no ano passado na competição de Veneza, mas o diretor já estava preso. A produção ganhou o prêmio especial do júri.

"É extraordinário, um alívio, uma total alegria", disse à reportagem a produtora francesa Michèle Halberstadt, que trabalha na distribuição de seus filmes. "Sua próxima luta é reconhecer oficialmente a anulação de sua pena. Está fora, está livre e isso é algo incrível", acrescentou.

PROTESTOS 

Diversas personalidades da indústria cinematográfica e da cultura estão entre as milhares de pessoas detidas no Irã, no marco da repressão aos protestos iniciados após a morte da jovem curda Mahsa Amini, em setembro de 2022. (Folhapress e AFP)