O estilista e perfumista espanhol Paco Rabanne morreu nessa sexta-feira (3/2), aos 88 anos, na casa em que vivia em Ploudalmézeau, uma comuna francesa na Bretanha. A causa da morte não foi divulgada. A informação foi confirmada no perfil do Instagram da marca Paco Rabanne.
"A Casa de Paco Rabanne quer honrar nosso visionário designer e fundador, que morreu aos 88 anos. Uma das figuras mais criativas da moda do século 20, seu legado vai servir constantemente como fonte de inspiração", diz o texto.
Bonito, interessante, sedutor, Rabanne tinha uma personalidade vibrante. Era do tipo que diz o que quer e, às vezes, também se contradizia, o que dava mais charme ao seu personagem.
Nasceu Francisco Rabaneda-Cuervo, em 18 de fevereiro de 1934, em Pasajes. Não conheceu seu pai, fuzilado pelas forças do ditador Franco. Foi criado pela avó, feiticeira; pela mãe, que trabalhou com o estilista Balenciaga; e por duas irmãs.
Rabanne fez de tudo. Da escola de belas-artes aos sapatos de Roger Vivier, trabalhou para Balenciaga e Courrèges e foi o primeiro – e único – a criar moda com materiais que, até então, nunca haviam sido usados, como pedaços de espelho, metal e fibras ópticas.
Ficou conhecido por seus conjuntos metálicos e designs espaciais nos anos 1960. Naquela década, se concentrou em acessórios, fazendo peças inovadoras para diferentes marcas, como a própria Balenciaga e também Nina Ricci, Maggy Rouff, Philippe Venet, Pierre Cardin, Courrèges e Givenchy.
DIVERSIDADE
Era um grande inventor. Seus vestidos complicados enlouqueceram as mulheres nos anos 1960, que mal podiam sentar. Mas ficavam em pé animadas, circulando e dançando. Chanel o chamava, com sarcasmo, de "costureiro metalúrgico".
Rabanne foi um dos primeiros costureiros a contratar modelos negras para a passarela. Disse depois que aquilo foi considerado um escândalo horrível.
Seu triunfo eram mesmo as peças reluzentes e metalizadas. Em 1967, impressionou ao vestir a cantora Françoise Hardy com um minivestido com placas de ouro e diamantes. São dessa época os seus vestidos de cota de malha mais fabulosos, peças que até hoje são consideradas valiosas.
Paco Rabanne não teve medo de ousar e contradizer os paradigmas da época. É exatamente isso que o fez tão singular e único.
O estilista também trabalhou para o cinema. Foi responsável pelos figurinos dos filmes "Duas ou três coisas que sei dela", de Jean-Luc Godard, e "Barbarella", de Roger Vadim.
ESOTÉRICO
Adepto do esoterismo, Rabanne também se destacou por suas declarações excêntricas. "Gosto do esoterismo desde a mais tenra infância. Minha mãe era muito pragmática, mas minha avó era xamã, ela me apresentou ao mundo desde muito cedo. A moda me permitia ganhar a vida, mas não era bem o meu centro de interesse ", explicou, em entrevista em 2005.
Paco Rabanne também acreditava na reencarnação e afirmava ter tido outras vidas no passado, incluindo a de uma prostituta que amava o rei Luís XV. O estilista também chegou a afirmar ter visto Deus e que foi visitado por extraterrestres.
Em 1999, em um de seus livros, ele anunciou a destruição de Paris devido à queda da estação espacial Mir, baseado em uma leitura muito pessoal das profecias de Nostradamus.
Nesse mesmo ano, a marca abandonou a sua atividade de alta-costura para se dedicar ao prêt-à-porter, que confiou a Rosemary Rodriguez.
LEGADO
Pouco a pouco, Paco Rabanne se afastou do design, mas continuou ligado ao mundo da moda, ao fazer parte de júris de festivais, onde gostava de se dirigir às gerações mais novas.
"Sejam ousados como éramos em nosso tempo com Pierre Cardin, Saint Laurent ou Courrèges! Sejam ousados! Busquem sem parar! Para fazer nome e se impor, vocês não podem copiar", dizia.
(Folhapress e AFP)
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