Anitta pode ser a primeira artista a trazer para o Brasil um dos principais troféus do Grammy, a mais consagrada premiação da música. A cantora, que hipnotizou os brasileiros há dez anos, finalmente foi reconhecida pelo prêmio depois de explodir no mundo todo com "Envolver". Ela concorre ao prêmio de artista revelação na cerimônia que ocorre neste domingo (5), em Los Angeles, nos Estados Unidos.
É uma estatueta que cobre o vencedor de prestígio. Billie Eilish saiu consagrada com o mesmo troféu em 2020, depois de Dua Lipa levar no ano anterior. Olivia Rodrigo conquistou o título de revelação no ano passado por causa do seu disco "Sour". São três das cantoras mais palpitantes da atualidade.
Antes delas, os exímios vocalistas Adele, Sam Smith, Amy Winehouse, Alicia Keys e Christina Aguilera também venceram nesta categoria. Em 1965, os Beatles foram coroados com a estatueta hoje disputada por Anitta.
Fato é que a brasileira dona de hits como "Bang" e "Vai Malandra" pode ser laureada com o mesmo título que fez decolar vários dos artistas mais importantes da história da música.
É um páreo promissor para Anitta. Ela disputa com a rapper Latto, que admitiu à Billboard achar que a brasileira é quem vai vencer. Uma pedra no sapato da cantora pode ser a banda Maneskin, que viralizou no TikTok com a faixa "Beggin'".
Se superar os rivais e levar a estatueta, Anitta vai precisar remanejar a própria carreira para fazer seu nome crescer nos Estados Unidos, mercado que é tradicionalmente resistente com estrangeiros.
"Envolver" escalou ao topo das paradas globais, é verdade, mas enfrentou dificuldades no território americano, onde a faixa alcançou só a 70ª posição nas mais tocadas da Billboard.
Não que Anitta seja desconhecida pelos americanos. Fez bem ao gravar músicas em parcerias com grandes estrelas do país, como Madonna, Cardi B e Missy Elliott, e hoje está em vias de ascender de verdade por lá.
Para além de trabalho, a brasileira é também colega de celebridades como Jack Harlow, Lil Nas X e Miley Cyrus, de quem recebeu tapas no bumbum no palco do Lollapalooza em São Paulo no ano passado.
Se for laureada com o Grammy, Anitta precisa resolver de vez as picuinhas que tem com sua gravadora internacional, a Warner Records. Não foram poucas as vezes em que botou a culpa na empresa por problemas que vão de lançamentos atrasados a singles mal escolhidos.
Exemplo é seu disco "Versions of Me", que saiu depois de muita enrolação mirando o mercado americano. "Boys Don't Cry" e "Me Gusta", as faixas escolhidas como single, não fizeram o barulho que era esperado.
O sucesso veio com a despretensiosa "Envolver", canção que Anitta sempre gostou, mas que mal foi divulgada. Teve uma ajudinha do TikTok, é claro, plataforma onde a rebolada do refrão viralizou, mas explodiu porque é boa mesmo.
Lição que serviu para mostrar a Anitta como ela deve seguir os próprios instintos. Foi o que fez a jovem Billie Eilish, que não desistiu de suas músicas soturnas e melancólicas apesar das críticas. Deu no que deu. A garota venceu os quatro principais prêmios do Grammy de uma vez e virou uma superestrela. Hoje lota estádios ao redor do mundo com shows aos 21 anos.
Dua Lipa também soube aproveitar a atenção que recebeu depois de ser considerada a revelação da música pelo Grammy. Não demorou para lançar seu segundo disco, o aclamado "Future Nostalgia", no qual levou referências do passado a músicas futuristas e dançantes.
Na contramão, existem artistas que venceram a estatueta de revelação, mas logo sumiram dos holofotes. Meghan Trainor, a campeã de 2016, demorou anos para conseguir emplacar novos hits. Alessia Cara também não furou a bolha depois de levar o troféu em 2018.
Mas Anitta tem tudo para se desviar desse caminho. Mesmo se perder, a mulher nascida em Honório Gurgel, como sempre enche a boca para falar, já mostrou que é determinada o suficiente para conseguir o estrelato. Como dizem por aí, brasileiro não desiste nunca.
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