Todo spin-off, quer seja de filme, livro ou série, já começa com dois desafios a serem superados. O primeiro deles é agradar aos fãs do produto original do qual se deriva; o segundo é conquistar mais fãs para a leva inicial. Derivada da série "On my block", original da Netflix, "Freeridge" acompanha quatro amigos do mesmo universo da série original, mas que não eram necessariamente os protagonistas dela.
Emulando a estética e a narrativa da antecessora, a nova produção tem dividido tanto a crítica quanto o público. Ao mesmo tempo em que alguns se apegam à nostalgia de "On my block", outros reclamam da falta de profundidade com que os temas e personagens dessa nova história foram construídos.
Amparada por uma premissa simples, a trama gira em torno da relação de rivalidade e amizade entre as irmãs Glória (Keyla Mejia) e Inês (Bryana Salaz), e seus amigos Demi (Ciara Riley Wilson) e Cameron (Tenzing Norgay Trainor). Eles precisam desfazer uma suposta maldição trazida por uma caixa comprada por Cameron num mercado de pulgas na fictícia cidade de maioria latina homônima à série.
Doença
Com esse fio condutor, eles descobrem um câncer, já em estado de remissão, no pai das irmãs Salazar, e precisam lidar com a dificuldade de contar ao pai sobre a doença, uma vez que ele ficou viúvo recentemente justamente por isso. O roteiro, porém, perde a oportunidade de se aprofundar nos personagens, que acabam não desenvolvendo a identificação necessária com o público e recorrendo ao sentimento de nostalgia e algumas tiradas engraçadas de duplo sentido proferidas pelo tio das meninas, Tonio, vivido por J. R. Villarreal.
Paralelamente a isso, Cameron e Demi estão presos a um triângulo amoroso com André (Zaire Addams), mas também sem o carisma necessário para conquistar a audiência. Nesse cenário, o destaque fica por conta de Rusty (Michael Salomon), coadjuvante que vira interesse e disputa amorosa entre Glória e Inês.
Os oito episódios de 30 minutos cada, portanto, são um convite para quem deseja mergulhar de volta no universo de "On my block" para tirar suas próprias conclusões, mas com cuidado, para não se machucar com a pouca profundidade. A falta de densidade não faz com que seja tudo descartável. Algumas cenas de comédia e de drama fazem a série valer a pena.
* Estagiário sob supervisão da editora Ellen Cristie
Serviço:
“FREERIDGE”Série em oito episódios, disponível na Netflix
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