Está chegando a hora da saideira para fechar uma conta aberta há 32 anos. O Skank, um dos maiores expoentes da música produzida em Minas Gerais ao longo das últimas décadas, anunciou para 26 março o show de encerramento da carreira, no Mineirão.
Formado em 1991 e tendo lançado seu álbum de estreia homônimo dois anos depois, o Skank foi um dos responsáveis, juntamente com Jota Quest e Pato Fu, pela contribuição mineira na renovação do cenário pop rock brasileiro a partir daquela década. O chamado BRock dos anos 1980 tinha uma estética muito particular e, até certo ponto, fechada.
Skank, em Minas Gerais; Chico Science e Nação Zumbi, em Pernambuco; Planet Hemp, no Rio de Janeiro;, e Raimundos, no Distrito Federal, entre outros grupos país afora, foram os responsáveis por uma abertura de sonoridade no mainstream, com a incorporação de diversos elementos estilísticos até então alijados.
O grupo formado por Samuel Rosa (guitarra e vocal), Henrique Portugal (teclados), Lelo Zaneti (baixo) e Haroldo Ferretti (bateria) cuidou, ainda, de recolocar o estado no radar do mercado da música em âmbito nacional – um lugar que havia sido perdido com o declínio da cena heavy metal, que, a partir de meados da década de 1980, havia projetado o Sepultura para o mundo.
Com forte influência da música jamaicana em seu primeiro disco, o Skank ganhou reconhecimento para além das fronteiras do estado com músicas como “In(Dig)Nação”, “Macaco prego” e “Homem que sabia demais”. O segundo álbum, “Calango” (1994), emplacou hits ainda mais retumbantes, como “Pacato cidadão”, “Jackie Tequila”, “Te ver” e “Amolação”.
Poconé na Europa
Com o terceiro lançamento, “O samba Poconé” (1996), veio a consagração definitiva – internacional, inclusive. O álbum mantém o título de recordista de vendas do Skank, com 1,8 milhão de cópias comercializadas. O single “Garota nacional” fez um sucesso estrondoso no Brasil e liderou a parada espanhola (em sua versão original, em português) por três meses.
A bordo de “O samba Poconé”, o grupo, que havia feito sua estreia oficial nos palcos em5 de junho de 1991, no Aeroanta, em São Paulo, foi levado a se apresentar na França, Estados Unidos, Chile, Argentina, Suíça, Portugal, Espanha, Itália e Alemanha, em shows próprios ou em festivais ao lado de bandas como Echo & The Bunnymen, Black Sabbath e Rage Against The Machine.
Depois de “O samba Poconé”, seguiram-se diversos outros títulos de sucesso, como “Siderado” (1998), “Maquinarama” (2000), “Cosmotron” (2003), “Estandarte” (2008) e “Velocia” (2014), entre outros – um percurso de constante renovação estética: aos ingredientes originais, foram se somando vários outros elementos e sonoridades, do rock psicodélico às baladas acústicas.
Diversidade nas parcerias
Essa versatilidade e polivalência foi o que permitiu à banda estabelecer parcerias criativas com nomes tão díspares quanto Arnaldo Antunes, Jorge Ben Jor, Manu Chao, Negra Li, Nando Reis, Roberta Campos e Carlos Santana, e gravar com Andreas Kisser (Sepultura) e Uakti, entre outros.
Ao longo desses 32 anos, foram 170 obras editadas – a maioria composições assinadas por Samuel Rosa a quatro mãos com seu parceiro mais constante, Chico Amaral. No total, o Skank vendeu mais de 6,5 milhões de registros audiovisuais, entre CDs e DVDs.
O reconhecimento do trabalho da banda não se verifica só pelo número de obras comercializadas ou pela quantidade de shows no Brasil e no exterior. Uma das premiações mais tradicionais do Brasil, o Troféu Imprensa destacou o Skank inúmeras vezes, entre 1996 e 2009, em diferentes categorias.
Prêmios e mais prêmios
O grupo também conquistou outra importante distinção, o Prêmio Multishow, em várias ocasiões, por melhor Ccipe (1995, 1997, 1999 e 2009), melhor iniciativa do ano (2009), melhor música (2004 e 2005), melhor cantor (2010), melhor grupo (1995) e melhor show (2004).
O MTV Video Music Brasil (mais conhecido como VMA ou Video Music Awards) é outra premiação de destaque em que o quarteto foi laureado reiteradamente ao longo dos anos, em categorias como clipe do ano, direção de arte, edição, clipe pop e escolha da audiência. Em termos de prêmios, a coroação internacional veio com o Grammy Latino, em 2004, na categoria melhor álbum brasileiro de rock, com “Cosmotron”.
Os mineiros também ganharam o Prêmio Leão de Ouro no Festival de Publicidade de Cannes em 2011, pela iniciativa “SkankPlay”. O projeto permitia que uma pessoa simulasse uma “jam session” com o Skank e participasse do clipe da música “De repente”.
E no embado da “Saideira”, a reportagem pega carona nos versos da canção lançada pelo Skank em 1998 – “Oh! Comandante, capitão/ Tio, brother é camarada / Chefia, amigão / Desce mais uma rodada” – para ouvir o que os “camaradas” falam sobre esse quarteto que marcou a história do pop rock no país.
É muita história para contar enquanto a saideira não vem.
SKANK – O ÚLTIMO SHOW
• 26 de março, às 19h, no Mineirão (Av. Antônio Abrahão Caram, 1.001 – Pampulha).
• Abertura dos portões às 15h. Ingressos: R$ 220 (inteira, cadeira superior, 4º lote). Para outros setores, os ingressos estão esgotados.
•Vendas pelo site
• Abertura dos portões às 15h. Ingressos: R$ 220 (inteira, cadeira superior, 4º lote). Para outros setores, os ingressos estão esgotados.
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