Rogério Flausino do jota quest e samuel rosa do Skank cantam juntos

Jota Quest, de Rogério Flausino, e Skank, de Samuel Rosa, dividiram palcos: "O Skank foi uma espécie de farol para o Jota"

Marcos Vieira/EM/D.A Press
Ao longo dos seus 32 anos de carreira, o Skank não colecionou somente uma legião de fãs, mas também serviu de inspiração para muitos músicos. Vocalista da banda Jota Quest, Rogério Flausino diz que “ficou chapado”, quando viu a banda pela primeira vez, em uma apresentação no Bairro Jardim Canadá, o que o motivou ainda mais para montar um grupo em Belo Horizonte, assim que chegou de Alfenas, sua terra natal.

Seu irmão, o cantor, compositor e guitarrista Wilson Sideral revela que viu um show do Skank em Varginha, ficou encantado e disse para si mesmo: “Essa banda vai conquistar o Brasil”. Já o cantor Bauxita lembra que já tocou com com os quatro integrantes da banda – Samuel, Haroldo, Lelo e Henrique. “Inclusive, Samuel foi meu guitarrista na época em que eu cantava no extinto bar Mister Beef. A gente bebeu na mesma fonte que era o blues.” A seguir alguns depoimentos de músicos que admiram o trabalho e a trajetória da banda mineira:

“Uma banda com uma obra desse tamanho e com essa importância não acaba”

O Skank abriu as portas para um novo pop/rock brasileiro, naquele início dos anos 1990 e hoje só estamos aqui por causa dele. Ele foi um dos que encabeçaram um novo tempo para o pop brasileiro e o Jota pegou carona nisso.

O Skank foi uma espécie de farol para a turma de BH, uma espécie de irmão mais velho, no melhor sentido que isso possa ter. Acho que só vim para BH, porque o destino colocou o Alexandre Mourão, que era baixista da banda Pouso Alto, na qual o Samuel tocava, estudando veterinária em Alfenas.
Alexandre nos trouxe para tocar em BH. Depois do show, disse que estava rolando uma festa no Bairro Expresso Canadá, na qual o amigo Samuel estava tocando e que era para irmos lá. Fomos e eu e o meu irmão Wilson Sideral, ficamos chapados.

A gente devia ter entre 15 e 18 anos. Alguns meses depois, acho que em 1992, chegou para mim, uma fita cassete mandada pelo Alexandre. Ele me disse, “aquele meu amigo montou uma banda que se chama Skank e os caras estão fazendo o maior barulho em BH”.



Era o primeiro disco do Skank, aquele álbum era incrível... A inventividade daquele pop, baseado no reggae e no dance hall, mas com letras ótimas. Quando cheguei a BH, em 1993, já estava apaixonado pelo Skank.

Um certo dia, ao abrir o jornal para ficar ligado no que estava acontecendo, me deparei com o Skank na capa do caderno de Cultura do Estado de Minas. A manchete dizia: “Banda mineira assina com a Sony Music”. Pensei, esses caras são bons mesmo. Disse pra mim mesmo, vim para a cidade certa e olha que nem conhecia ainda os meninos do Jota. Fui conhecê-los no final daquele ano. E ali o Skank começou essa caminhada incrível. Os três primeiros discos são avassaladores para o pop nacional. Então, para mim, o Skank sempre foi fantástico.

banda Skank no início da careira

Início da carreira e os primeiros álbuns do Skank são lembrados por outros artistas como inspiradores

divulgação


O primeiro show que vi do Skank, pra valer, foi em um festival que rolou no Parque das Mangabeiras, com várias bandas, inclusive o Jota. Foi algo surreal de tão bom. E a coisa não parou mais de acontecer. Vale lembrar que, em 1996, o Skank – explodido com “Garota nacional” e “É uma partida de futebol”, teve o show de lançamento desses álbuns – Samuel, Henrique, Lelo e Haroldo nos deram a moral para fazer a abertura. Aquilo, para o Jota, não foi somente um show de abertura do Skank, mas de abertura de carreira do ex-J. Quest, com o apoio dos meninos e do Fernando Furtado. Então, é muito amor e gratidão envolvidos. Não cheguei a pensar aonde o Skank chegaria, assim como não pensei do Jota também.

Acho massa o fato de eles terem permanecido em BH. Jota Quest, Pato Fu e outras bandas permaneceram por aqui. É muito difícil escolher o melhor trabalho do Skank, mas acho que os três primeiros discos fazem um barulhão. Porém gosto muito de o “O samba Poconé”.

Tive uma relação de amor com o primeiro álbum, porque foi muito impactante ver uma banda que parecia tão próxima da gente. Mas “Calango” mexeu muito com todo mundo, me lembro de ter pirado com aquele disco. Ele é muito marcante, muito forte, muito impactante.

Quanto ao lance da parada do grupo que alguns estão chamando de fim, não estou encarando assim, mesmo porque uma banda com uma obra desse tamanho e com essa importância, não acaba. O pessoal pode até parar de fazer show, mas a banda está aí.



Vamos fazer mais um disco, será que vai, não vai, quem vai garantir? Na verdade, acho, como integrante de uma banda e o Jota já está com 29 anos, a batalha não é extremamente fácil. É árdua, de muito trabalho, muita viagem, muita ausência de casa, de coisas que você gostaria de fazer e não pode, tanto no pessoal, quanto no profissional.

Olho para isso como uma parada merecida de uma das bandas mais importantes de todos os tempos do rock nacional. Só quero abraçá-los e agradecê-los por tudo isso, porque é fantástico tudo que foi desenhado e construído e a gente tem, além de tudo, uma dívida de gratidão em relação a eles. Com certeza, estarei lá no Mineirão, cantando todas as músicas, pulando e comemorando com eles essa caminhada maravilhosa.

>> Rogério Flausino
Vocalista do Jota Quest
Skank durante show no Palco Mundo do  Rock in Rio, em 2011

Skank durante show no Palco Mundo do Rock in Rio, em 2011: banda deixa marcas no rock nacional, como "diversidade sonora destemida, alheia aos críticos"

Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press

“ Eles têm aquele frescor de uma banda nova”

Acho que as bandas têm que terminar quando as pessoas estão a fim, quando outras coisas estão chamando ou quando elas não estiverem com inspiração para fazer coisas novas. Acho que uma banda não tem que ficar esticando a sua carreira indefinidamente, assim a todo custo.

Quando tiver algo a dizer, quando tiver de fazer algo relevante, vai lá e faz, e é isso aí. Eles deixaram tanta coisa para a gente ouvir, para quem é fã da banda e se tiverem a fim de voltar, voltem também, sem problema. Conheci o Skank no comecinho do Pato Fu.

Estávamos começando quando fui assistir ao show da banda, me lembro de ter ficado impressionado de como o show funcionava, de como o Skank era bom, para quem estava ali para curtir e se divertir. Era bem feito, bem tocado, o Samuel tinha muita presença de palco.

Lembro que fiquei muito impressionado, achei a banda com um som original. Imaginei que eles tinham a chance de fazer sucesso, o rock brasileiro estava tendo certa retomada ali, pensei, acho que esses caras vão conseguir achar seus passos por aqui. Foi muito legal eles terem feito o sucesso que fizeram e com um som muito próprio, deixaram muita personalidade e se mantiveram em BH, e isso foi muito bacana.

A minha geração nos anos 1980, as bandas nas quais toquei, todas tinham uma sensação de que teriam de sair, que teriam de ir para o Rio de Janeiro e São Paulo para fazer sucesso e o Skank já mostrou que não precisava.


São outras coisas, outras variáveis que necessitavam ser preenchidas para conquistar o eixo Rio/São Paulo. Inclusive, isso serviu de espelho para o próprio Pato Fu, que também ficou em BH.

O Skank tem tantos trabalhos legais, gosto muito dos primeiros discos. Eles têm uma personalidade própria, aquele frescor de uma banda nova, o que acho muito legal. Em todos os discos deles, encontro grandes canções. Acho que eles sempre cuidaram muito do som, de não deixar a peteca cair, deixando os trabalhos sempre muito bem acabados. As parcerias também são muito legais. O Skank é muito massa.

>> John Ulhoa
Guitarrista do Pato Fu

“Caramba, essa banda vai conquistar o Brasil”

Vi o Skank pela primeira vez na cidade mineira de Varginha, logo ainda na turnê do primeiro disco (“Skank”, 1993). Estávamos lá, eu e o meu irmão Rogério Flausino, ainda morávamos em Alfenas. Quando vi aquela explosão e aquela energia de palco, falei, caramba, essa banda vai conquistar o Brasil. E não deu outra.

Ali, já percebi pelo conjunto, pois o Skank tem uma coisa muito forte, a energia contagiante do Samuel e eles ali, no início da carreira, com as camisas de futebol e toda aquela energia muito boa deles. Dali pra frente passei a acompanhá-los e torcer para que o grupo fizesse sucesso.

Sobre o fato de serem os representantes da nossa BH e continuarem morando aqui, foi um grande exemplo para toda uma geração e para todos nós que até hoje somos artistas e moramos na cidade, o que nos anos 1960, 1970 e 1980 era quase impossível. E eles, com muito suor, claro, conseguiram continuar morando na nossa capital e ter uma relação muito íntima com os mineiros, com os cidadãos de BH.

O Skank deixa também um legado maravilhoso para a música rock do Brasil, uma banda que sempre priorizou a poesia, com suas parcerias incríveis com Chico Amaral, Nando Reis, Lô Borges, com essa rapaziada incrível da poesia, com o talento de Samuel de compor canções que são populares e, ao mesmo tempo, profundas.

Então, é impossível descrever esse tamanho. Acho que são eternos e já fazem parte do cancioneiro brasileiro, e do reggae ao rock, passaram para a nossa música popular brasileira, com toda a competência que lhes cabe.

Para eleger um trabalho é muito difícil, mas dois álbuns me marcam muito, o “Calango”, pela importância da chegada, pelo alvoroço que causou no mercado brasileiro, pelo grande sucesso alcançado; e “Cosmotron”, pela força da guinada para mais uma direção em que os caras apontavam, um disco maravilhoso, com as referências perfeitas.”

>> Wilson Sideral
Cantor, compositor e guitarrista

“O Skank é o Beatles brasileiro”

Conheci a banda quando ainda não se chamava Skank. Era o pré-Skank, em um réveillon em Escarpas do Lago e a banda se chamava Pouso Alto. O Skank, propriamente dito, foi no Maxalunano, em um bar onde eles tocavam nos anos 1990, no Bairro Serra.

A banda desde o início tocava um ska e pop/reggae. O Haroldo Ferretti entrou como um gênio naqueles barulhinhos que ele fazia no sampler, para a época, super atual, muito legal. O fato de eles permanecerem em BH também foi uma honra. Imagina estourar com a profissão que você gosta e poder se manter fora do eixo Rio/São Paulo.

Para mim, o Skank, guardadas, lógico, as devidas proporções, é o Beatles brasileiro. Todos os discos são bons, todas as músicas são boas, eles conseguem fazer rock, pop, balada, reggae. O Skank entrou para a história como, se não a maior, uma das maiores bandas de pop da história do Brasil, até o momento.

É difícil escolher um trabalho da banda, mas vou falar uma frase: “A nossa indignação é uma mosca sem asas, não ultrapassa as janelas de nossas casas”. Certa vez, falei para o Samuel, essa (“In (dig) nação”) é uma das melhores músicas do Skank. Ele ficou “bravo” comigo, porque é uma música simples, mas essa frase resume tanto o Brasil. Adoro o Skank, sou fã e ainda tenho a honra de ser amigo dos caras.

>> Antônio Júlio Nastácia
Guitarrista do Tianastácia


“A gente bebeu na mesma fonte que era o blues”

Conheço o Skank antes mesmo de ser Skank. A minha história com cada um, em particular, toquei com todos e com todos tive alguma relação musical. O Haroldo e o Henrique produziram um disco de uma banda que eu tinha, a Jam Pow!, com uma música inédita de Samuel Rosa, fiz parte de uma banda do Lelo, antes dele entrar para o Skank.

Então, a minha história com eles é antes, fora a influência musical que eu Samuel tivemos. Ele foi meu guitarrista, na época do extinto bar Mister Beef, a gente bebeu na mesma fonte que era o blues. Então, era uma coisa frenética entre mim e ele, de aplicar um ao outro, artistas de blues. Robert Cray era uma influência comum nossa.

Não imaginava que o Skank seria uma banda que chegasse onde chegou, obviamente sabia da competência do Samuel, principalmente, como guitarrista, cantor e um baita compositor. Já almejei uma música dele, “Salto no asfalto”, mas ele disse: “não, essa vou lançar na minha banda”.

O Skank deixa a marca de uma banda bem sucedida. O melhor trabalho deles, sem dúvida nenhuma, é o disco que tem “Garota nacional”’ (“O samba Poconé”).

>> Bauxita
Cantor

“A obra permanece. Um salve ao Skank”

Acho uma pena o fim de uma banda que abriu espaço para vários grupos mineiros. No caso do Pato Fu, foi mais especial. Na época, 1993/1994, era empresário da banda e foi com a ajuda do produtor Fernando Furtado que consegui conhecer pessoas certas para mostrar o Pato Fu.

O Skank nos acolheu e fizemos vários shows de abertura dos caras. A equipe também era muito parceira. Abrimos muitas portas com a ajuda do Skank. Fico triste com o fim, mas todo fim também gera um recomeço.

A obra permanece. Um salve ao Skank e toda sua trajetória. Conheci o Skank bem no início, em shows nos bares de BH e sempre acreditei que seria sucesso. Na verdade, já tive essa impressão em relação ao Samuel, em um dos shows que vi do antigo grupo dele, o Pouso Alto. Acho que ficar em BH foi a grande sacada e que também serviu como inspiração para o Pato Fu.

>> Ricardo KoctusBai
Baixista do Pato Fu

Gravação do álbum 'Os três primeiros', no Circo Voador, no Rio, em 2018

Gravação do álbum "Os três primeiros", no Circo Voador, no Rio, em 2018 . Trabalho resultou no quarto disco ao vivo da banda mineira

João Paulo Moreira Lima/Divulgação

“Passávamos horas ouvindo a fita demo do Skank”

O Paralamas conheceu o Skank porque chegou às nossas mãos uma fita demo deles. E muita gente estava falando que era um grupo que tinha muito em comum com os Paralamas. Muitos chamavam de uma banda meio cover dos Paralamas, porém, a gente não achou assim tão parecido. As pessoas tinham certa facilidade de associar o som da banda, como se os Paralamas fosse o reggae. No começo, os três primeiros álbuns deles eram muito calcados no reggae.

A gente conheceu o Skank quando o Paralamas estava fazendo uma turnê de divulgação no México e passávamos horas e horas no engarrafamento, indo de uma rádio para outra, de uma televisão para outra, ouvindo direto a fita demo do Skank, antes mesmo de eles gravarem um disco. E tinha uma versão muito legal de “Let me try again”, aquela música cantada pelo Frank Sinatra.

Ficamos muito impressionados com o Samuel Rosa cantando, aliás, nem sabíamos o nome dele ainda. Dizíamos: “poxa, esse cara canta bem, parece reggae jamaicano mesmo, muito bacana”. Havia muitos diretores de gravadoras interessados e nos perguntavam sobre o Skank. A gente falava, quem chegar primeiro e contratar, vai se dar bem.

O fato de o Skank ter permanecido em BH, para mim, só atestou a sua personalidade, de não precisar morar em São Paulo para fazer trabalhos. Acho que não tem essa de se mudar da cidade na qual você nasceu. Acho que o Skank foi evoluindo nessa linha estilística e deixaram de ser uma banda de linhagem brasileira.

Começaram a diversificar musicalmente o seu estilo de composição e também a interpretar músicas de outros compositores, e eles foram se diferenciando com essa diversidade musical que foi muito produtiva para a banda, mostrando interatividade musical e artística.

Não saberia dizer qual o melhor disco do Skank, pois eles emplacaram um tanto de coisas bacanas, nas paradas e nas rádios, e acho que o importante mesmo é o conjunto da obra. Fico com um sentimento meio estranho em relação à banda acabar, porque, sei lá, de repente, eles não estão conseguindo manter o grupo por razões internas e pessoais.

É muito estranho ver uma banda de tanto sucesso, tão vitoriosa, encerrar suas atividades. Talvez não seja isso ao pé da letra. Quem sabe eles, que nem os Los Hermanos, de repente se reúnam para fazer uma turnê de tempos em tempos, lançar uma música.

Não aceito muito o final deles como sendo uma coisa definitiva, quem sabe eles consigam arranjar assunto para voltar e, principalmente, para devolver o grande apreço que eles têm do público em geral? Acho que, dessa maneira, isso pode acontecer.

>> João Barone
Baterista do Paralamas

“O álbum mais ‘redondo’ é o ‘Cosmotron’”

Conheci o Skank em 1991, quando o Felipe Barreto, que era coordenador da Rádio 98, me mostrou uma fita cassete e falou: “Olha que música legal”. Era “Let me try again” e perguntei que banda era aquela e ele respondeu que era de BH. Falei, essa versão é ótima, ele disse: “Pois é, uma banda daqui”.

Aí ele comentou sobre o Skank. Cerca de um ano depois, fomos fazer a quinta edição do projeto Pop Rock, no Estádio do Mineirão, e fiquei impressionado com a vitalidade da banda, que já havia conquistado muitos fãs em BH e que não ficava nada a dever, mesmo com um trabalho inicial, aos artistas daquele festival. Eles abriram o evento, mas com muita força.

Pouco tempo depois, o Biquíni se apresentou com o Paralamas, novamente em BH, e nos encontramos com os caras do Skank e ganhei de presente deles o primeiro CD, que ainda era independente. Voltei para casa e ouvi o álbum inteiro e liguei para eles dizendo que estava lindo. Na época, o Biquíni estava estourado com “Vento ventania” e a gente passou a tocar nos shows “O homem que sabia demais”.

“Vento ventania” era a nossa canção mais importante, a mais tocada naquele ano de 1992, ou seja, era o momento principal do show e, no meio dele, a gente tocava um pouco de “O Homem que sabia demais” e dizíamos para o público: essa é uma banda de Minas Gerais, vocês não conhecem, mas é muito legal, muito importante para todos e se chama Skank.

Foi assim que conheci e me envolvi muito com o Skank. A gente celebrou muito a entrada deles para a Sony e tivemos orgulho de ver uma banda que cresceu e foi muito além, inclusive, em termos de sucessos comerciais e tudo, até mais do que o próprio Biquíni. Os discos venderam muito e tiveram uma projeção nacional e até mesmo internacional, como “Garota nacional”.

Não penso até onde uma banda vai, penso que, enquanto está ativa, estará sempre com uma carta na manga que, de repente, vai lhe surpreender. Fui surpreendido com a notícia de que eles iriam parar.

O Skank escreveu seu nome na história e deixou a marca como uma banda de pop/rock muito importante. Acho legal frisar o seguinte, é extremamente pop, mas com uma pegada rock também.

Acho que é quando o rock consegue ter, realmente, seu índice maior de popularidade e o Skank tem um arsenal incrível de hits e é uma banda que tem um cantor carismático, um líder nato, que é o Samuel Rosa, que canta e toca guitarra muito bem. Além disso, uma banda muito coesa, fecha com ele esse time, que tem uma energia que contamina todo mundo que está assistindo. Então, o Skank já tem essa marca.

Existem muitas canções incríveis do Skank que estão espalhadas em vários discos especiais, no entanto o álbum que, talvez, para mim, seja o mais “redondo” e a gente ouve da primeira à última faixa sem parar é o “Cosmotron”. Adoro a sonoridade dele e os temas abordados. Não acho que a banda acabou, pois sempre haverá oportunidade e possibilidade para que os quatro se reúnam e façam um show fantástico.

>> Bruno Gouveia
Vocalista do Biquíni 

“Espero que voltem, o legado deles é imenso”

A mistura de vários ritmos nacionais e estrangeiros, aliados a um instrumental afiado e belas composições, transformou o Skank numa poderosa banda no cenário pop/rock. Espero que um dia eles voltem, pois o legado deles é imenso.

>> Arnaldo Brandão
Vocalista do Hanoi Hanoi



“...E lá estava o pessoal do Skank em uma vã”

Lembrando aqui dessa trajetória tão bacana do Skank lá por volta de 1992/1993, naquela fase pré-Sony Music. Acho até que eles já tinham lançado o primeiro disco, mas não pela Sony. A gente se encontrava de vez em quando na estrada e, certa vez, nos encontramos em uma parada de ônibus, no interior de Minas.

A gente chegou com o ônibus do Nenhum de Nós, com o qual a gente viajava pelo Brasil, e lá estava o pessoal do Skank em uma vã. Aí alguém falou: “Olha só, os caras vêm aí com um baita ônibus”. Aí, falamos: “vamos seguir ralando, porque começa assim mesmo”, e foi o que aconteceu com o Skank que se tornou, por um bom período, a maior banda do Brasil, na minha opinião. Depois vi que todos os álbuns deles se tornaram sucesso.

De certa forma, o Skank e o Nenhum de Nós se identificam pelo fato de terem ficado em suas cidades, a gente em Porto Alegre, e eles em BH. Com isso, a gente descentraliza o poder da música e, na verdade, acaba tendo um movimento, assim como teve aqui no Sul, de rock, e aí se incluem diversas outras bandas. Acho que o Skank está deixando muita coisa de legado.

>> Sady Homrich
Baterista do Nenhum de Nós

“Samuel é um front-man desafetado e visceral”

Conheci o Skank pela música “Pacato cidadão”, do disco “Calango” (1994), junto a todo movimento nacional de bandas despojadas, como Mundo Livre e Nação Zumbi, entre outras. Não me interessava muito, até que ouvi a canção “Resposta”, do álbum “Siderado” (1998).

Aquilo ali já sinalizava um estilo de composição que marcou a banda e consagrou o Samuel Rosa como um dos maiores cantores, melodistas e compositores pop brasileiro. É uma justiça histórica reconhecer o Samuel como melhor cantor do pop nacional, em todos os tempos. Um front-man desafetado e visceral.

Acredito que terem permanecido em BH ajudou a não caírem na armadilha de conviverem com a frente pseudo-intelectual-elitista do eixo Rio-São Paulo, que acabou de descobrir que o Brasil não é um grande litoral. Com isso, o centro gravitacional do Skank sempre ficou próximo de suas origens.

A banda deixa muitas marcas no rock nacional, como a preservação e gestão de uma carreira sólida e seu legado, boas parcerias e uma diversidade sonora destemida, alheia aos críticos e amantes conservadores do rock. O trabalho que mais me emociona é o “Cosmotron” (2003). Uma mudança acertada na sonoridade e no texto. Para mim, o Skank é a maior banda do extinto pop/rock brasileiro.

>> Rodrigo Suricato
Vocalista do Barão Vermelho

“'O samba Poconé' é um álbum fora da curva”

Conheci o Skank logo no início. Já conhecia o Haroldo Ferreti desde criança e depois tivemos uma banda juntos. Na época da Pouso Alto, antigo grupo de Samuel, eu e muitos outros artistas de BH já achávamos a banda diferenciada e com qualidade.
 
O Skank é, sem dúvida, um dos maiores ícones da história do pop/rock brasileiro. São muitos sucessos e nos deixam orgulhosos como mineiros. “O samba Poconé” é realmente um álbum fora da curva, ensolarado e pra cima.

O final da banda, eu como também tenho um grupo, que já está com quase 30 anos de existência, me deixa muito surpreso e triste. O Skank é daquelas bandas que atravessariam mais gerações se seus integrantes permanecessem juntos. Brindar-nos-iam com mais canções para acompanhar nossas vidas. Sinceramente, não entendi o porquê dessa decisão, mas cada um sabe de sua história.

Só lamento o Jota Quest não ter feito mais shows pelo Brasil, junto com o Skank, alguém do Clube da Esquina ou da nova geração. Minas é o celeiro de música e arte.

>> Márcio Buzelin
Tecladista do Jota Quest