os filhos de Carlos Saura Antonio e Ana e sua viúva, Eulalia Ramon, aplaudem o diretor homenageado nos prêmios Goya

No palco da cerimônia de entrega dos prêmios Goya, em Sevilha, os filhos de Carlos Saura Antonio e Ana e sua viúva, Eulalia Ramon, participam de homenagem ao diretor

CRISTINA QUICLER / AFP


O drama "As bestas" conquistou, na noite do último sábado (11/2), nove prêmios Goya, o mais importante do cinema espanhol, tornando-se o grande vencedor de uma cerimônia de gala que homenageou o diretor Carlos Saura, falecido na véspera. 

O longa dirigido por Rodrigo Sorogoyen ganhou os prêmios de melhor filme, melhor direção, melhor roteiro original, melhor ator (o francês Denis Ménochet), melhor ator coadjuvante (Luis Zahera), e ainda os de melhor fotografia, música, figurino e som.

"Ser um bom diretor, além de estar sempre atento ao Carlos Saura, é cercar-se da melhor equipe possível. E eu consegui. Esse é o único mérito que eu tenho", declarou Sorogoyen, ao receber o prêmio de melhor diretor.

“As bestas” acompanha um casal francês de meia-idade que decide se mudar para um povoado rural espanhol, em busca de tranquilidade e mais contato com a natureza. No entanto, a chegada dos estrangeiros desperta a desconfiança (e em seguida a hostilidade e a violência com requintes de crueldade) de duas pessoas do local.

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Na 37ª edição dos Goya, a surpresa foi que "Alcarrás", vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim, não levou nenhuma estatueta, enquanto "Modelo 1977" ganhou cinco. 

O prêmio de melhor atriz foi para a catalã Laia Costa, de 37 anos, por seu papel em "Cinco lobitos", no qual interpreta uma mulher que redefine sua relação com a mãe à luz de sua recém-maternidade. 

O francês Denis Ménochet, que, depois de trabalhar com diretores franceses como François Ozon e Emmanuel Carrère, e estrangeiros como Quentin Tarantino ("Bastardos Inglórios") e Ridley Scott ("Robin Hood"), conquistou em Sevilha a distinção mais importante de sua carreira, com o Goya de melhor ator. 

Os cantores Joaquín Sabina e Leiva foram reconhecidos com o Goya de melhor canção original por "Sintiéndolo mucho", que dá título ao documentário de Fernando León de Aranoa sobre Sabina. 

O longa "Argentina, 1985", de Santiago Mitre, sobre o julgamento dos comandantes da última ditadura argentina (1976-1983), que concorre ao Oscar de melhor filme internacional, confirmou seu favoritismo e conquistou o Goya de melhor filme ibero-americano. Com esta estatueta, a Argentina acumula seu 19º Goya nesta categoria, reforçando seu domínio. 

A atriz francesa Juliette Binoche exibe seu troféu Goya no palco

A atriz francesa Juliette Binoche também foi homenageada; ela recebeu o Goya Internacional

CRISTINA QUICLER / AFP

Homenagens

O prêmio da Academia Espanhola de Cinema é um busto de bronze que representa o pintor espanhol Francisco Goya. Foi escolhido porque seu nome era representativo e curto, como Óscar e César, embora o artista seja anterior à invenção da Sétima Arte. 

A família de Carlos Saura, falecido na sexta-feira passada (10/2), recebeu o Goya de honra entregue por Carmen Maura. Os dois trabalharam juntos em "Ai, Carmela". A atriz descreveu-o como "um diretor maravilhoso, simpático, compreensivo". 

“Muito obrigado a todos que têm colaborado comigo neste trabalho maravilhoso que é rodar um filme”, escreveu o próprio Saura em uma mensagem preparada para agradecer pelo prêmio e que foi lida por sua mulher, Eulalia Ramón. 

Considerado um dos quatro grandes diretores do cinema espanhol, ao lado de Luis Buñuel, Luis García Berlanga e Pedro Almodóvar, Saura faleceu aos 91 anos, deixando uma carreira na qual conquistou três prêmios no Festival de Berlim e dois em Cannes.
 
A outra homenageada da noite foi a atriz francesa Juliette Binoche, de 58 anos, que recebeu o Goya internacional. Dizendo-se orgulhosa, ela recordou Saura, "um diretor que me emocionou com olhos de uma menina".