A apresentação de Rihanna no intervalo do Super Bowl – a final do campeonato de futebol americano dos EUA – no último domingo (12/2), ainda reverbera na web, sobretudo por causa da revelação de sua gravidez – ela espera seu segundo filho com o rapper A$AP Rocky. O burburinho se deu também pelo fato de a apresentação marcar o retorno da cantora aos palcos, após um hiato de sete anos.
Desde que lançou o álbum “Anti”, em 2016, e fez uma turnê de 75 shows em três continentes, Rihanna só havia dadoCh o ar da graça em um número musical na edição 2018 do Grammy. Mesmo sem empunhar o microfone, contudo, a cantora se manteve sob os holofotes ao longo desse período.
Em outubro do ano passado, ela lançou seu primeiro single desde 2017 – “Lift me up”, do filme “Pantera Negra: Wakanda para sempre”, que lhe rendeu uma indicação ao Oscar de melhor canção original. Mas foi na seara empresarial que Rihanna mais e melhor se destacou nesse espaço de tempo, desde o lançamento de “Anti”.
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Nos últimos anos, ela tem abalado as estruturas da indústria de cosméticos e da moda com suas criações, que levam a fundo a diversidade e a representatividade como pilares. Em 2017, a cantora promoveu um grande lançamento com sua linha de beleza, a Fenty Beauty.
Linha inclusiva
A linha chegou ao mercado comercializando 40 cores de base – hoje são 50 –, gerando filas em frente às lojas de cosméticos ao redor do mundo com pessoas interessadas em adquirir o produto da cor exata da pele. Depois do lançamento, houve uma cobrança de parte dos consumidores para que outras marcas também expandissem as variedades de tons em suas paletas e passassem a produzir produtos em uma gama maior de tonalidades.
A Fenty Beauty se tornou uma das marcas de cosméticos mais bem-sucedidas do setor, com um valor estimado em U$ 2,8 bilhões. Em 2018, Rihanna lançou a Savage X Fenty, uma linha de lingerie com peças para todos os tipos de corpo, com tamanhos que variam de XS a 4XL. A marca chegou com o intuito de “criar um estilo para as mulheres que a faça se sentirem bonitas e poderosas”.
Já em 2019, ela expandiu os negócios e o nome Fenty também passou a pertencer a uma marca de moda. A nova empresa firmou parceria com o grupo LVMH, detentor de grifes de luxo como Dior, Louis Vuitton e Givenchy. Dessa forma, a artista se tornou a primeira mulher a criar uma marca original dentro do conglomerado.
Expansão dos negócios
Em dezembro do mesmo ano, Rihanna teve seu trabalho de diretora criativa reconhecido pela indústria da moda e levou para casa o prêmio de melhor marca de luxo urbana do Fashion Awards britânico. Em 2020, ela expandiu os negócios de beleza e lançou a Fenty Skin, linha de cuidados com a pele. Em 2019, Riri, como os fãs a chamam, já figurava como a cantora mais rica do mundo, segundo a lista da revista Forbes.
Fato é que a estrela de Rihanna brilha desde que ela deu seus primeiros passos na carreira artística. Nascida em Barbados, uma ilha no Caribe, em 20 de fevereiro de 1988, e batizada como Robyn Rihanna Fenty, ela começou a cantar na escola, quando tinha 9 anos. Aos 15, foi apresentada ao produtor musical Evan Rogers, que já tinha trabalhado com Christina Aguilera, Laura Pausini e Kelly Clarkson. Ele estava de férias em Barbados.
Foi feita uma audição e, um ano depois, Rihanna já estava em Nova York, gravando músicas que foram enviadas para o então presidente da Def Jam Records, o rapper Jay-Z, junto com um vídeo de uma apresentação que ela havia feito no colégio, cantando “Hero”, de Mariah Carey. O material impressionou, rendeu a assinatura de um contrato e o lançamento de seu primeiro álbum, “Music of the sun”.
Mais vendidos
O disco logo entrou para a lista dos 10 mais vendidos da Billboard. No ano seguinte, a artista lançou seu segundo trabalho, “A girl like me”, que incluiu sucessos marcantes de sua carreira, como as canções “SOS” e “Unfaithful”.
Em 2007, ela se estabeleceu definitivamente nas paradas mundiais com o hit “Umbrella”, principal faixa do CD “Good girl gone bad”. A composição lhe rendeu o primeiro Grammy da carreira e ainda figurou no topo da parada do Reino Unido por 10 semanas.
A discografia da popstar conta ainda com os álbuns “Rated R” (2009), “Loud” (2010), “Talk that talk” (2011) e “Unapologetic” (2012), que reúnem os hits “Rude boy”, “Only girl”, “What’s my name”, “S&M”, “We found love”, “Where have you been”, “Stay” e “Diamonds”.
Incursões no cinema
No total, foram mais de 60 milhões de discos vendidos ao redor do mundo, nove prêmios Grammy conquistados e 14 singles em primeiro lugar na parada Hot 100 da Billboard. Além disso, ela também fez incursões no cinema – estreou em 2012 com o longa de ação “Battleship – Batalha dos mares”, e sua atuação mais recente foi no filme “Oito mulheres e um segredo”, de 2018.
Mas nem tudo foram flores na trajetória de Rihanna até aqui. Em 2009, ela vivenciou um dos episódios mais polêmicos de sua vida. A artista brigou com o rapper Chris Brown, seu namorado na época, que chegou a agredi-la fisicamente com socos e pontapés. Ela teve que cancelar de última hora sua apresentação no Grammy daquele ano.
O caso foi parar na Justiça, e Chris foi proibido de chegar perto da artista, além de ser obrigado a realizar trabalhos voluntários. Depois disso, os dois terminaram e reataram o namoro algumas vezes.
Voz política
Ela se tornou uma das principais vozes políticas do showbusiness, reconhecida até mesmo pela Universidade de Harvard, com o título de Figura Pública Humanitária do Ano, em 2017. Essa postura, aliás, acabou por colocá-la em rota de colisão com o mesmo Super Bowl que agora serviu de palco para seu retorno triunfal à ribalta.
Ter sido convidada para participar da trilha sonora de “Pantera Negra: Wakanda para sempre”, aliás, é algo que ecoa sua luta contra o racismo. Quando George Floyd foi assassinado, em junho de 2020, reacendendo protestos contra ações policiais violentas contra negros, Rihanna se juntou às manifestações, e até participou do boicote Blackout Tuesday nas redes sociais, em repúdio ao crime. Ela também se manifestou publicamente acerca dos assassinatos de Ahmaud Arbery e Breonna Taylor, vítimas de crime de ódio com motivação racial e ação policial, respectivamente.
Defesa das minorias
Sua postura política abarca a defesa de outras minorias. Em um show realizado em 2016, ela condenou uma lei estadual de Indiana que tornava mais fácil para as empresas resistirem a acusações de discriminação contra pessoas LGBTQIA+, colocando crenças religiosas como justificativa.
Críticas contra o machismo e especificamente contra o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump pontuam os discursos da cantora. Em 2016, vazou um vídeo de Donald Trump, feito em 2005, no qual o ex-presidente falava que podia fazer qualquer coisa por ser famoso, até mesmo assediar mulheres. “Elas permitem que você faça isso. Você pode fazer qualquer coisa. Agarre-as pela vagina.”
Um dia após a posse de Trump como presidente, em 2017, Rihanna compareceu à Marcha das Mulheres, em Nova York, vestindo um moletom rosa que dizia “Essa vagina agarra de volta”, e se juntou aos gritos de “meu corpo, minha escolha” em frente à Trump Tower.
Trajetória condensada
A trajetória de Rihanna sempre chamou a atenção, por várias razões, e não seria diferente em sua apresentação no intervalo do Super Bowl 2023. Do alto de seus 34 anos, ela sintetizou os 17 que contabiliza de carreira em 13 minutos de apresentação. “Bitch better have my money” foi a canção escolhida para abrir o show, que se iniciou em um palco suspenso.
Acompanhada de cerca de 280 bailarinos e toda vestida de vermelho, ela também cantou “Where have you been”, “Only girl (in the world)”, “We found love” e “Work”, outros importantes sucessos de sua trajetória. A apresentação foi encerrada com “Diamonds”, momento em que foram usados fogos de artifício e quando ela mais claramente acariciou a barriguinha de grávida.
Acompanharam a apresentação no estádio, entre outros, os artistas Nicki Minaj, Adele, Cara Delevingne, Bradley Cooper, Paul McCartney, Billie Eilish e Jay-Z, com sua filha Blue Ivy, de 11 anos, fruto do relacionamento com Beyoncé. “Ela voltou”, celebrou o perfil da NFL em sua conta no Twitter.
Cantora usou versão funk de DJ brasileiro
O remix da música "Rude boy", bem brasileiro e com batidas de funk que Rihanna cantou no Super Bowl, é de autoria de um brasileiro. Nascido em Itarantim, na Bahia, o jovem Ewerthon Carvalho Santos, de 20 anos, conhecido como DJ Klean, foi quem, por brincadeira, montou a nova versão da canção.
O registro foi publicado por ele ainda em 2020, em suas redes sociais. Na ocasião, ele não tinha a menor pretensão de ficar conhecido no mundo todo. "Estava eu ouvindo minha música favorita da Rihanna, 'Rude boy', quando, de repente, resolvi fazer uma brincadeirinha com o vocal e deixar a música bem 'abrasileirada'. Espero que gostem do resultado", postou ele.
PIADA E quem gostou mesmo foi a própria cantora de Barbados. No mês passado, a equipe dela entrou em contato com o time de Klean no Brasil para pedir autorização e usar a canção no evento de futebol americano. A princípio, o brasileiro achou que fosse piada.
DJ Klean começou a tocar aos 15 anos. Pelas redes sociais, onde agora ostenta mais de 40 mil seguidores (e subindo), gosta de divulgar as festas e bailes onde costuma tocar. (Folhapress)