Aline Caldeira, rainha da Escola de Samba Canto da Alvorada, e rapaz não identificado, vestidos com trajes de carnaval, sorriem para a câmera

A rainha da Canto da Alvorada, Aline Caldeira, e passistas da escola cujo samba-enredo homenageia a Fundação Clóvis Salgado farão parte da apresentação

Leo Bicalho/Divulgação

Em 28 de fevereiro de 2021, quase duas semanas depois de o carnaval ter sido cancelado em razão da pandemia do novo coronavírus, a Fundação Clóvis Salgado (FCS) publicou em seu perfil no Instagram um vídeo com músicos da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais e do Coral Lírico interpretando uma coletânea de temas carnavalescos, em homenagem aos tradicionais blocos de carnaval.

O nome do pout-pourri era sugestivo: “Quando o carnaval voltar”. Ali, havia marchinhas e hinos do Alcova Libertina, Bloco do Peixoto, Chama o Síndico, Corte Devassa, Então, Brilha!, Juventude Bronzeada, entre outros blocos tradicionais de Belo Horizonte. Para finalizar, os músicos emendavam versos da canção “Quando o carnaval chegar”, de Chico Buarque.

Nem é necessário dizer que a melancolia dava o tom do vídeo. Cada músico, isolado em um quadradinho (nesses do formato de live que ficou muito popular durante a pandemia), fazia uma festa solitária, nutrindo a esperança de um retorno não tão demorado da folia. 

Passados dois anos, o carnaval voltou. E, com ele, o concerto “Esquentando os tamborins”, que a FCS promove ao meio-dia desta quarta-feira (15/2), no Grande Teatro Palácio das Artes.
No repertório, claro, estará o pout-pourri “Quando o carnaval voltar”. “Nós vamos apresentar esse arranjo ao vivo pela primeira vez”, conta o maestro-assistente da Orquestra Sinfônica, André Brant, responsável por conduzir o concerto.

Canto da Alvorada

“Vai ser completamente diferente das apresentações tradicionais da orquestra”, afirma ele, ressaltando que o evento reunirá todos os corpos estáveis da FCS - Orquestra Sinfônica, Coral Lírio e Cia. de Dança do Palácio das Artes -, mais os integrantes da escola de samba Canto da Alvorada.

No repertório, além da já citada “Quando o carnaval voltar”, canções de Chico César, Elba Ramalho, Carlinhos Brown e um samba-enredo que a Canto da Alvorada pretendia colocar na avenida em 2021, em homenagem à FCS, serão tocadas.

De acordo com o regente, a ideia do concerto é um crescente, começando “com as aberturas, em seguida o coro e, por fim, a Cia. de Dança com a escola de samba”, adianta. As aberturas citadas por Brant são três pout-pourris de canções de Chico César, Elba Ramalho e Carlinhos Brown.

“Há algum tempo, a Orquestra tem uma série chamada Sinfônica Pop, na qual a gente convida um artista reconhecido da música popular para tocar conosco. A gente sempre abre essas apresentações com uma coletânea de melodias deles. O Chico César, a Elba Ramalho e o Carlinhos Brown foram alguns dos que participaram desse projeto com a gente. O pout-pourri que será apresentado, portanto, é o mesmo que abriu o concerto que nós fizemos com cada um deles pela Sinfônica Pop”, explica o maestro.

Gal Costa

A escolha dos três músicos para o concerto de abertura do Carnaval da Liberdade não foi fácil, admite o regente. Ao longo dos cinco anos do projeto, já tocaram com a orquestra artistas do calibre de Gal Costa (1945-2022), Lenine, Nando Reis, Maurício Tizumba e Luiz Melodia (1951-2017).

“Mas as três aberturas que a gente escolheu são muito interessantes”, diz Brant. “Não é que elas falam de carnaval, mas são, de alguma forma, ligadas ao carnaval pelas suas características”, emenda.

Depois que a orquestra executar as três aberturas, o Coral Lírico entrará para cantar uma coletânea de marchinhas elaborada pelo arranjador Fred Natalino (ele é o responsável pelo arranjo de todo o repertório, aliás) e “Quando o carnaval voltar”. Por fim, os bailarinos da Cia. de Dança e os integrantes do Canto da Alvorada sobem ao palco para apresentar o samba-enredo que faz homenagem à FCS e será cantado no desfile da escola neste ano.

“Normalmente, quando a orquestra acompanha o balé, os músicos ficam no fosso e os bailarinos em cima do palco. Isso é muito comum nas óperas ou quando fazemos a trilha das performances da Cia. de Dança. Desta vez, não. Vai estar todo mundo no palco”, afirma Brant.

Estão altas as expectativas do corpo artístico com “Esquentando os tamborins”. O concerto, por ser realizado dias antes da data oficial da festa, faz os músicos reviverem aquele momento melancólico de 2021, no entanto, sob uma ótica diferente, agora sentindo-se aliviados pelo retorno da folia.

“Nós vamos apresentar ‘Quando o carnaval voltar’ e, de fato, ele vai voltar dois, três dias depois. Então, é algo muito significativo para a gente”, diz o maestro.

Além disso, será uma apresentação recheada de surpresas: “Vai ser muito animado e com muitas coisas diferentes.  Eu mesmo, por exemplo, estarei fantasiado”, deixa escapar Brant, já dando uma dimensão do que está por vir. 

CONCERTO ESQUENTANDO OS TAMBORINS
Abertura do Carnaval da Liberdade. Nesta quarta-feira (15/2), às 12h, no Grande Teatro do Palácio das Artes. Av. Afonso Pena,1.537, Centro. Entrada franca. Mais informações: (31) 3236-7400.