Com o carnaval ditando praticamente tudo o que acontece em Belo Horizonte, restam poucas opções para quem não está lá muito interessado na folia. Uma boa pedida é se preparar para a cerimônia de entrega do Oscar 2023, marcada para 12 de março. Boa parte dos filmes indicados nas principais categorias está em cartaz nos cinemas da capital mineira. E outros podem ser conferidos nas plataformas de streaming.
No Cine UNA Belas Artes, que só não abre nesta segunda-feira de carnaval (20/2), podem ser conferidos quatro longas que disputam a estatueta de Melhor filme: “Triângulo da tristeza”, “Os banshees de Inisherin”, “Os Fabelmans” e “Tudo em todo o lugar ao mesmo tempo”. Esse último, recordista em indicações, concorre a 11 categorias, incluindo Melhor filme, Melhor direção (Daniel Kwan e Daniel Scheinert) e Melhor atriz (Michelle Yeoh).
Neste fim de semana, Kwan e Scheinert receberam o prêmio principal do 75º Directors Guild of America Award, o DGA, entidade americana que reúne cineastas, um dos termômetros do Oscar 2023.
"TRIÂNGULO DA TRISTEZA”
Realizado pelo sueco Ruben Ostlund, que concorre ao Oscar de Melhor direção, “Triângulo da tristeza” foi o vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes em 2022. O filme, que entrou em cartaz na última quinta-feira (16/2), faz uma crítica ácida e irônica que tem como ponto de partida as desigualdades sociais.
A trama é dividida em três partes. A primeira mostra o relacionamento do casal de modelos Carl (Harris Dickinson) e Yaya (Charlbi Dean), marcado pela disputa de forças. A segunda foca no cruzeiro de alto luxo, com os dois a bordo, no qual coisas estranhas começam a acontecer. A terceira se ocupa das consequências do naufrágio do navio – não é spoiler, está no trailer.
“OS BANSHEES DE INISHERIN”
Dirigido por Martin McDonagh, que em 2017 assinou o premiado “Três anúncios para um crime”, a comédia dramática traz um toque de humor britânico. A trama se passa na ilha fictícia de Inisherin, em 1923, durante a Guerra Civil Irlandesa.
Estrelado por Colin Farrell – que concorre ao Oscar de Melhor ator –, o filme aborda um mote não muito explorado nas telas: o rompimento da amizade. Pádraic (Farrell) e Colm (Brendan Gleeson) são amigos de longa data que precisam lidar com as consequências da discórdia entre eles.
De todas as nove indicações, “Os banshees de Inisherin” tem em Roteiro original as maiores chances de conquistar o Oscar, por mais que o mistério por trás das motivações que levam à separação dos amigos e a aparente falta de objetividade da trama possam afastar parte do público.
“OS FABELMANS”
Longa de forte verniz autobiográfico dirigido por Steven Spielberg, “Os Fabelmans” acompanha o jovem Sammy crescendo no Arizona pós-Segunda Guerra Mundial. Ele se apaixona pelo cinema depois que os pais o levam para assistir a “O maior espetáculo da Terra” (1952), de Cecil B. DeMille. Com sua câmera, Sammy começa a fazer filmes caseiros.
Vencedor do Globo de Ouro em cinco categorias, o longa é uma jornada intimista que brinca com várias referências, trazendo detalhes que remetem à filmografia do cineasta, valendo-se da metalinguagem.
Em entrevistas, Spielberg revelou que sempre foi reservado sobre sua vida particular. Durante a pandemia, ele se questionou sobre a história que ainda faltava contar, caso tivesse apenas mais um filme pela frente. Deu-se conta de que seria a sua própria trajetória.
“TUDO EM TODO O LUGAR AO MESMO TEMPO”
Em cartaz no Cine UNA Belas Artes, o filme também está disponível para aluguel nas principais plataformas. Conforme a sinopse, “uma ruptura interdimensional bagunça a realidade e a inesperada heroína precisa usar seus novos poderes para lutar contra os perigos bizarros do multiverso”.
“Tudo em todo o lugar ao mesmo tempo” foi caracterizado com o selo de qualidade do site especializado Rotten Tomatoes – com 95% de aprovação da crítica, agradou a 89% do público. Tudo isso alcançado com orçamento de US$ 25 milhões, bem inferior à bilheteria de US$ 104 milhões até agora.
Além do Oscar, o longa de Kwan e Scheinert concorre ao Bafta (10 indicações), Spirit Awards (sete indicações), SAG Awards (cinco), PGA Awards (uma indicação). Ontem, levou o prêmio principal do DGA Awards, dado aos diretores Daniel Kwan e Daniel Scheinert.
“Tudo em todo o lugar ao mesmo tempo” já conquistou duas estatuetas no Globo de Ouro (Melhor atriz, para Michelle Yeoh, e Melhor ator coadjuvante, para Ke Huy Quan) e cinco prêmios do Critics’ Choice Movie Awards (Melhor filme, Melhor direção, Melhor ator coadjuvante, para Ke Huy Quan, Roteiro original e Edição).
“AVATAR: O CAMINHO DA ÁGUA”
Dirigido por James Cameron, “Avatar: o caminho da água”, de James Cameron, é fácil de ver. Só no circuito Cineart, ele ocupa 17 salas em diferentes shoppings da região metropolitana de BH.
O longa é a continuação de “Avatar” (2009), realizado pelo mesmo cineasta, que se mantém no posto de maior bilheteria de todos os tempos.
De acordo com o site The Hollywood Reporter, a 20th Century Studios gastou entre US$ 350 milhões e US$ 400 milhões para realizar a nova aventura de Cameron.
A verba chega a ser de US$ 100 milhões a US$ 150 milhões maior do que os orçamentos de “Adão Negro” (DC Studios), “Agente oculto” (Netflix) e “Pantera Negra: Wakanda para sempre” (Marvel Studios), que figuram como os filmes mais caros da atualidade.
No primeiro “Avatar”, Jake Sully (Sam Worthington, que volta ao papel), um fuzileiro naval com deficiência, se infiltra na população indígena de Pandora assumindo o corpo de avatar. Ele decide desertar para se juntar à espécie Na’vi na defesa do planeta contra o ataque dos humanos, interessados em um mineral precioso.
“O caminho da água” – que, além de Melhor filme, disputa a estatueta do Oscar em três categorias técnicas – se passa muitos anos depois do original. Jake formou família com Neytiri (Zoe Saldaña).
Conexão sofá de casa-Hollywood
Fora dos cinemas, mas ao alcance de um clique, três títulos que concorrem ao Oscar estão disponíveis nas plataformas de streaming. “Nada de novo no front”, dirigido por Edward Berger, é produção da Netflix. “Elvis”, de Baz Luhrmann, e “Top Gun: Maverick”, de Joseph Kosinski, já cumpriram temporadas no circuito comercial e podem ser conferidos, respectivamente, na HBO Max e na Paramount+.
“NADA DE NOVO NO FRONT”
O longa alemão só é superado em indicações ao Oscar por “Tudo em todo lugar ao mesmo tempo”. Tem nove nomeações, assim como “Os banshees de Inisherin”. A crítica aposta fichas na conquista da estatueta de Melhor filme internacional. É azarão na briga pelo Oscar de Melhor filme.
Nas categorias técnicas, em especial a de Melhor fotografia, tem grandes chances, segundo especialistas. O roteiro foi adaptado do romance best-seller de mesmo nome, lançado em 1928. O autor, o alemão Erich Maria Remarque, foi lutar na 1ª Guerra Mundial aos 18 anos.
Assim como o escritor, o protagonista Paul Bäumer (Felix Kammerer) e três amigos de escola se alistam, eufóricos, no Exército alemão, sob a promessa de que logo comemorariam a vitória, em Paris. O que se vê na tela é um desfile sanguinolento de corpos desmembrados, tiros e formas variadas de tortura e sofrimento.
“ELVIS”
Indicado ao Oscar 2023 em oito categorias, incluindo Melhor filme e Melhor ator, acompanha Elvis Presley (vivido por Austin Butler) da ascensão à fama, a partir de seu relacionamento com o controverso empresário “Coronel” Tom Parker (Tom Hanks). A história mergulha na dinâmica entre os dois por mais de 20 anos, mostrando os EUA em constante evolução.
Austin Butler já levou para casa o Globo de Ouro de Melhor ator em drama e não será surpresa se também faturar o Oscar. Em entrevista ao programa “Jimmy Kimmel live”, o ator contou que fez um compilado com as risadas de Elvis. Ouviu o áudio durante horas até entender cada nuance do artista para poder reproduzir os mínimos detalhes.
Butler revelou que seu apartamento inteiro foi ocupado por fotos do cantor em diferentes períodos de sua vida. O ator trabalhou com treinadores de voz, movimento e canto, que o guiaram durante sua transformação para mergulhar na persona de Elvis.
“TOP GUN: MAVERICK”
O longa que mais faturou em venda de ingressos em 2022 concorre ao Oscar nas categorias de Melhor filme, Roteiro adaptado, Efeitos visuais, Montagem e Som. O primeiro “Top Gun” (1986) recebeu quatro indicações em categorias técnicas. Levou a estatueta de Melhor música original por “Take my breath away”.
O novo longa, também estrelado por Tom Cruise e dirigido por Joseph Kosinski, pode se sair melhor do que o original ao conquistar indicações nas categorias principais. Em sua nova aventura, o personagem de Cruise precisa provar que o fator humano é fundamental neste mundo contemporâneo dominado por guerras tecnológicas.