Foi uma surpresa geral a participação de Pedro Pascal na CCXP 22, em São Paulo, em dezembro do ano passado. Milhares de pessoas que acompanhavam o painel da Disney berravam, eufóricas, quando o nome do ator foi anunciado e ele surgiu, com seu jeito tímido e carismático.





O bate-papo não foi além das amenidades. Pascal, de 47 anos, revelou se sentir honrado com o título de “daddy” (apelido dado a sex symbols mais maduros) que ganhou das fãs e dos fãs mais assanhados.
 
Comentou sobre Din Djarin, seu personagem em “The mandalorian”, criação original no universo “Star Wars” (HBO Max), e anunciou 1º de março como data da estreia da terceira temporada desta série.


Ao longo dos 15 minutos do painel, foram raros os momentos de silêncio na plateia. Quem vê tamanho frenesi em torno do astro de “The mandalorian” e atualmente da febre “The last of us” não imagina as adversidades que ele enfrentou na vida.





 

 


“Nasci no Chile. Nove meses depois, minha família teve de fugir de Pinochet e me trouxe com meus irmãos aos Estados Unidos. Foram muito valentes. Sem eles, eu não estaria neste país maravilhoso. Evidentemente, não estaria com vocês nesta noite”, afirmou Pascal sobre os pais no monólogo que apresentou no programa “Saturday night live”, da emissora NBC, no início deste mês.

Horror e Pinochet

A fuga e o exílio forçado ocorreram dois anos depois de o então presidente do Chile, Salvador Allende (1908-1973), ser assassinado, durante o golpe de Estado liderado pelo general Augusto Pinochet (1915-2006).

José Balmaceda e Verónica Pascal, pais do ator, eram vigiados desde que os militares descobriram o parentesco de Verónica com Andrés Pascal Allende, líder do Movimiento de Izquierda Revolucionaria e sobrinho de Salvador Allende. A mãe de Pedro era sobrinha-neta do presidente deposto.





O governo começou a perseguir a família quando o médico Balmaceda socorreu um soldado ferido, dissidente do regime. 

Preso e sob tortura, ele “entregou” o nome do doutor que o atendera. Agentes da repressão foram ao hospital onde Balmaceda trabalhava, levando a ordem de prisão por conspiração e traição. Não o encontraram, pois ele fugira pelos fundos do prédio da instituição de saúde.

Balmaceda correu para casa, tirou a mulher e os filhos de lá. Conseguiu ingressar na embaixada da Venezuela, durante a troca de guarda, e obteve asilo por seis meses. Depois, o médico organizou a fuga da família para a Dinamarca, de onde partiu para os Estados Unidos.

Pedro se adaptou bem ao novo país. Divertia-se com o que era possível na cidade texana de San Antonio, assistindo a jogos de basquete (era torcedor do San Antonio Spurs) e a filmes alugados na locadora que havia por perto.





Aqueles filmes despertaram nele o desejo de se tornar ator. Antes, sua vida tendia para o esporte.

Na infância e adolescência, participou de competições estaduais de natação e pretendia seguir carreira nas piscinas. No entanto, trocou as raias pela sétima arte.
 


'Angels in America': paixão imediata

A bem da verdade, o rapaz chileno se encantou, no primeiro momento, com os holofotes e a exposição da própria imagem. Interpretação e dramaturgia só chamaram a atenção de Pedro mais tarde, quando ele foi ao teatro pela primeira vez ver a peça “Angels in America”, de Tony Kushner, que virou série da HBO em 2003.

Pascal encontrou algo diferente no palco. Havia ali certa magia, uma aura que sentiu ao ingressar no curso de teatro da Orange County School of the Arts, na Califórnia, e, em seguida, na New York University's Tisch School of the Arts.





Formado em teatro, participou de diversas peças até migrar aos poucos para a TV, no final da década de 1990.

A estreia na telinha ocorreu em “Undressed”, série romântica da MTV, seguida por breve passagem na quarta temporada de “Buffy, a caça-vampiros”, disponível no Star+.

Tudo parecia ir bem. A carreira decolava e a ditadura no Chile havia terminado há alguns anos, o que permitiu a volta dos pais ao país natal. No entanto, uma tragédia mudou a vida de Pascal: o suicídio da mãe.

“Perder a pessoa mais importante da sua vida, descobrir que algo assim é possível e que o que você mais teme na vida pode acontecer, é um momento permanente. Há o antes e depois da morte”, revelou o ator em entrevista ao jornal chileno La Tercera.





Verónica era grande incentivadora da carreira do filho. Sua morte foi um golpe duro. Aos 24 anos, a carreira de Pedro se estagnou.

Passado o luto, ele decidiu se reerguer. Dedicou-se com afinco ao trabalho e até mudou de nome – antes, assinava Pedro Balmaceda. Trocou o sobrenome em homenagem à mãe.
 


Estereótipo latino

Os papéis que chegavam não eram animadores, personagens secundários, reforçando o estereótipo do latino-americano. Em testes e audições, ele quase sempre era reprovado por causa de suas feições.

“Por que você é tão branco e se chama Pedro?” era a pergunta que Pascal mais ouvia dos diretores, como revelou ao jornal espanhol El País.

Apesar das negativas recorrentes, o ator foi ganhando oportunidades. Integrou o elenco principal e  fez participações especiais em séries de destaque, como “Lei & Ordem”, “The good wife”, “CSI: Investigação criminal” e “Homeland”.





As vitrines globais de Pedro Pascal foram as três primeiras temporadas de “Narcos” (Netflix), como o agente Javier Peña – das quais também participou o brasileiro Wagner Moura, como Pablo Escobar – e “Game of thrones” (HBO), dando vida ao Príncipe Oberyn.
 

Pedro Pascal, o príncipe Oberyn de 'Game of thrones': ator lutou para se livrar de papéis que estereotipavam latinos

(foto: HBO/reprodução)
 

Enfim, protagonista

O sucesso destas duas produções deu a Pascal seu primeiro papel principal. O chileno estrelou “The mandalorian”, produção da Disney. Em seguida, veio o convite para estrelar a adaptação da franquia “The last of us”.

Agora, Pedro Pascal se prepara para ser um dos protagonistas do média-metragem “Extraña forma de vida” (ainda sem título no Brasil), dirigido por Pedro Almodóvar.

O CAMINHO DO SUCESSO

Como Joel em "The last of us", série-sensação do momento

(foto: HBO/Divulgação)

Como Din Djarin, em "The Mandalorian"

(foto: Disney+/Divulgação )

Agente Javier Peña, em "Narcos"

(foto: Netflix/Divulgação)

Em "Undressed", a primeira série, na MTV

(foto: MTV/Divulgação)
 

“THE LAST OF US”

• O sétimo episódio será exibido neste domingo (26/2), às 23h, na HBO e na plataforma HBO Max

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