Atriz Keri Russell com rosto apavorado está encostada em árvore, do outro lado está urso negro, em cena do filme O urso do pó branco

Keri Russell contracena com Pablo EscoBear em "O urso do pó branco", longa de Elizabeth Banks

Universal/reprodução

Mistura de terror e comédia, “O urso do pó branco” estreou nos cinemas americanos nesse fim de semana. O filme da Universal Pictures espera chocar Hollywood com sua leitura da história real do urso selvagem que sofreu overdose de cocaína nos anos 1980.

“Gostamos de levar ideias malucas a sério”, brincou o coprodutor Aditya Sood durante a pré-estreia do longa, na semana passada. “'O urso do pó branco' é algo difícil de ser superado”, garantiu.

O filme se inspira em um incidente ocorrido 1985, quando traficante deixou vários pacotes de cocaína caírem do avião em um bosque da Geórgia, no Sul dos Estados Unidos. A droga foi consumida por um urso-negro de aproximadamente 80kg.
O animal, apelidado pela imprensa de “Pablo EscoBear” (trocadilho com o nome do maior traficante colombiano e a palavra urso em inglês), morreu de overdose. Em sua releitura, o filme imagina o que poderia ter ocorrido se o animal tivesse desenvolvido vício em cocaína e saído por aí para conseguir mais droga.



O roteirista Jimmy Warden apresentou a ideia para Phil Lord e Christopher Miller, produtores dos sucessos “Uma aventura Lego” e “Homem-Aranha no Aranhaverso”, que levaram a proposta para a Universal.

Um dos maiores e mais antigos estúdios de Hollywood, a Universal é conhecida pela diversidade de sua produção, que vai das comédias natalinas para adultos, como “Noite infeliz”, ao aclamado drama de Christopher Nolan, “Oppenheimer”.

De acordo com especialistas, o estúdio aposta na provocação para se destacar nas salas de cinema, onde filmes de super-heróis fazem sucesso e comédias vêm fracassando nos últimos anos.

As produções da Universal não se direcionam à audiência ampla, “mas para pessoas que gostam dos filmes atrevidos e querem se divertir no cinema”, afirma Paul Dergarabedian, analista da consultora Comscore.

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O trailer de “O urso do pó branco” já foi assistido mais de 18 milhões de vezes no YouTube. O protagonista, aliás, tem conta no Twitter com publicações virais tais como “Sou o urso que comeu a cocaína. Esta é a minha história”. Como era esperado, o longa causou polêmicas.

Marty Makary, renomado especialista em saúde pública dos Estados Unidos, se disse “decepcionado” em ver Hollywood “mais uma vez tratando de forma sensacionalista” a droga, ao retratar o consumo de cocaína como “divertido e bem-humorado”.

“Todos deveríamos ficar incomodados com o entretenimento que faz pouco caso das drogas e está destruindo nosso país”, tuitou Makary.

“O urso do pó branco” é dirigido por Elizabeth Banks, atriz de “Jogos vorazes”, também diretora da comédia musical “A escolha perfeita” e da versão mais recente de “As panteras”.

Pandemia

Banks conta que se sentiu motivada a filmar a história depois de ler o roteiro, no início da pandemia de COVID-19, época que descreve como “o momento mais caótico da humanidade em centenas de anos”.

“Senti que não havia metáfora maior para o caos que todos estávamos vivenciando em 2020 do que um urso chapado de cocaína”, diz.

Keri Russell, estrela do longa, classificou o filme como “louco, engraçado e selvagem” a ponto de fazê-la pensar: “Por que não deveríamos fazer este filme agora?”. E completou: “Era como uma fuga total.”