A atriz Letícia Colin e a diretora Julia Rezende tinham acabado de gravar e lançar o longa “Ponte aérea”, em 2015, quando começaram a conversar sobre relacionamentos, mais especificamente sobre como as pessoas estão vivendo seus afetos hoje. Da conversa, surgiram questões como “o que é traição nos relacionamentos atuais?”, “como os acordos entre casais estão sendo feitos?” e “é possível viver uma relação não monogâmica?”.
'O que esses personagens têm de mais rico são as ambiguidades e contradições. A Mari, por exemplo, vem de um contexto familiar em que essa situação de relações extraconjugais gerou muito sofrimento. Mas, ao mesmo tempo, ela é atravessada pela vontade de experimentar alguma coisa que está fora das linhas do contrato que tem com o marido. Essa ambiguidade faz parte da vida. Às vezes, o que a pessoa acredita que é o certo nem sempre é o que ela consegue fazer'
Julia Rezende, diretora
Família
Mari, por exemplo, não suporta ter que encontrar sua família conservadora - e um tanto ou quanto hipócrita, conforme sugere em determinado momento do filme. Os relacionamentos extraconjugais que o pai manteve ao longo da vida deixaram traumas em Mari, e a complacência da mulher com o marido infiel esfriou a relação dela com a mãe.'O machismo está na nossa cultura. O homem sempre teve um respaldo e uma tutela social para ser infiel, enquanto à mulher sobrou uma solidão, um aprisionamento e o trabalho doméstico. Portanto, não é porque um homem é sensível, dialógico ou que busca diluir as relações desiguais de poder que ele não será atravessado - sobretudo em situações-limite - por essas questões que estão em nossa cultura'
Tulio Starling, ator
Contradições
“O que esses personagens têm de mais rico são as ambiguidades e contradições”, afirma a diretora Julia Rezende. “A Mari, por exemplo, vem de um contexto familiar em que essa situação de relações extraconjugais gerou muito sofrimento. Mas, ao mesmo tempo, ela é atravessada pela vontade de experimentar alguma coisa que está fora das linhas do contrato que tem com o marido. Essa ambiguidade faz parte da vida. Às vezes, o que a pessoa acredita que é o certo nem sempre é o que ela consegue fazer”, diz.
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