Michelle Yeoh fez história no domingo (12) ao se tornar a primeira mulher asiática a ganhar o Oscar de Melhor Atriz por seu papel no irreverente filme de ficção científica "Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo".
Yeoh conquistou o júri da Academia com sua interpretação de Evelyn Wang, uma dona de lavanderia que atravessa universos sem fim para enfrentar um poderoso inimigo enquanto repensa seu casamento, luta para se aproximar de sua filha e tenta resolver problemas fiscais.
"Para todos os meninos e meninas que se parecem comigo e estão assistindo esta noite, este é um farol de esperança e possibilidades. Esta é a prova de que os sonhos se tornam realidade", disse Yeoh ao aceitar o Oscar.
"E, senhoras, não deixem ninguém dizer que vocês já passaram do seu auge. Nunca desistam", acrescentou ela, em meio aos aplausos.
Yeoh, nascida na Malásia há 60 anos, foi aclamada por sua interpretação de uma imigrante chinesa de classe média nos Estados Unidos, sobrecarregada com os problemas cotidianos, que de repente salta entre universos, explorando várias versões de sua vida.
Mas, apesar de absurdos como salsichas no lugar dos dedos, policiais transformados em confete, ou pedras com olhos pegajosos que debatem o propósito da vida, o filme aborda algo com o qual todos podem se identificar: a complexidade e a força dos laços familiares.
"Passamos por um período tão caótico e louco em nossas vidas. Todos precisamos de algo para nos dar esperança e nos assegurar de que, enquanto pudermos mostrar bondade, compaixão e amor aos outros, nunca abandonaremos a família", disse Yeoh em entrevista ao jornal The New York Times.
A conturbada relação mãe-filha é a espinha dorsal do filme dirigido por Daniel Kwan e Daniel Scheinert.
Yeoh, que ganhou notoriedade no início de sua carreira em filmes de ação, foi desafiada a intercalar lutas contra inimigos letais com uma dança emocional com sua filha Joy, e seu alter ego rebelde Jobu (Stephanie Hsu), a quem ela tenta desarmar com empatia e amor.
A atriz culminou no domingo uma temporada de premiações de sucesso com o Oscar, com prêmios nos Globos de Ouro, nos Spirit Awards de cinema independente e no Screen Actors Guild Awards (SAG).
A importância de ter uma representação asiática em Hollywood foi uma constante em suas entrevistas a caminho do Oscar.
"Espero que isso quebre esse maldito teto de vidro ao infinito, que isso continue e que possamos ver mais de nossos rostos lá em cima", disse ela ao The New York Times.
Miss Malásia e filmes de ação
De pais chineses, Yeoh nasceu em 6 de agosto de 1962 na cidade de Ipoh, 200 quilômetros ao norte da capital da Malásia, Kuala Lumpur. Ela abraçou a dança quando criança e se especializou em balé na Inglaterra.Nas férias, quando visitava sua família, sua mãe a inscreveu no Miss Malásia sem consultá-la. "Eu aceitei ir para calá-la", contou Yeoh, que acidentalmente ganhou o concurso de beleza.
Uma lesão nas costas a fez desistir da carreira de dançarina e buscar outro caminho profissional na Ásia.
Em 1984, começou a atuar para o cinema, onde colecionou títulos, principalmente de filmes de ação, junto com figuras como Jackie Chan e Maggie Cheung.
Ela estourou na cena mundial com "O Amanhã Nunca Morre" (1997), da série James Bond, que foi seguido por sucessos como "O Tigre e o Dragão", dirigido por Ang Lee, e "Memórias de uma Gueixa" (2005), ao lado de Ziyi Zhang e Ken Watanabe.
Em um relacionamento de anos com Jean Todt, enviado especial do secretário-geral da ONU para Segurança Rodoviária, Yeoh não tem filhos.
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