Mahmundi acaba de lançar o clipe “Sem necessidade”, sobre o medo de assumir uma nova relação. Depois da pausa de dois anos, a cantora, compositora e produtora chega com sonoridade diferente ao lado de Tagua Tagua, projeto do cantor Felipe Puperi. O single investe no uso de sintetizadores ritmados com bateria e riffs de guitarra.
No clipe, Mahmundi surge dentro de um ateliê com o fundo branco em meio a cenas urbanas em preto e branco. Deixando de lado a fase solar de seus três primeiros discos, ela abraça o mistério de explorar novas possibilidades.
Fingimento
“Sem necessidade de fingir que não tem o bastante pra ficar/ Eu sei que você gosta de tá aqui/ Vem, baixa a guarda e vem/ Você sabe que a gente junto é algo que sempre cai bem”, diz a letra. Ela explica que a nova canção fala sobre a necessidade de fingir. “Acontece muito na nossa vida, né? A fase adulta é marcada por esses jogos nas relações”.Mahmundi está animada. “Voltar para a produção musical e todo esse conceito novo me trouxe muita energia”, afirma.
A pausa na carreira durou cerca de dois anos. Durante esse tempo, ela decidiu investir em si mesma. Estudou artes visuais, cuidou da saúde, fez análise e se aprofundou no universo da produção musical. Período fundamental para se reencontrar com a profissão.
“Como 'mina' que nasceu em periferia, foi criada em igreja e trabalhou desde muito cedo, você vai fazendo as coisas pra sobreviver. De repente, você está no ‘auge’ da sua vida e começa a sentir vontade de fazer algumas coisas que ainda não fez”, conta
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Apesar da pausa como cantora, Mahmundi, ou melhor, Marcela Vale, não ficou parada. Foi convidada para participar da Academia do Grammy Latino, compôs músicas com outros artistas (“Baby 95”, com Liniker, por exemplo) e participou de projetos sociais.
“A gente fala tanto de pluralidade e diversidade, mas, às vezes, acaba ficando no mesmo lugar. Então, fui descobrir outras coisas. A Mahmundi cantora estava estudando, mas a Mahmundi pessoa estava se abrindo a novas fases. Foi importante para mim.”
A artista iniciou a carreira como técnica de som em casas de show no Rio de Janeiro. “Sempre soube que seria muito mais difícil ser produtora musical, assim como foi mais difícil ser técnica de som. Na época, eu era a única mulher lá”, relembra.
Grammy
Enfrentando os desafios que envolvem ser mulher no mundo da música, ela conquistou fãs e crítica. Hoje, Mahmundi é um dos principais nomes da nova MPB. Foi indicada ao Grammy Latino e, em 2021, passou a integrar o corpo de votantes da Academia Latina de Artes e Ciência da Gravação, que concede esse prêmio. Em 2016, seu single “Hit” foi eleito a melhor música do ano pela revista “Rolling Stone”.Várias artistas inspiraram Mahmundi. “Ouvi muita música nesse período (de recesso). Estar no mercado ajudando outras mulheres pretas gigantes é uma experiência muito boa”, conta, citando Ebony, Larinhx e Nina do Porte como referências.
* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria