O ator Gabriel Leone, vestindo gorro e jaqueta, com expressão séria, pilota moto em cena de 'Dom'

Segunda temporada da série sobre garoto de classe média que lidera quadrilha de assaltantes encurta o tempo em que se passa a trama e aumenta a intensidade da ação

Suzana Tierie/divulgação


Ao final de cada um dos oito episódios da segunda temporada de “Dom”, que estreia nesta sexta-feira (17/3), no Prime Video, aparece o crédito “Uma série de Breno Silveira”. As letras vão desaparecendo, dando lugar a um “in memoriam”. Em maio de 2022, o cineasta morreu, aos 58 anos, após ter um infarto enquanto rodava o filme “Dona Vitória”, no interior de Pernambuco.

Silveira filmou toda a segunda temporada, rodada em 2021, no Uruguai e na Amazônia. A série estava em fase de pós-produção quando o diretor morreu, e  sua equipe continuou com o trabalho.
 
Os mesmos profissionais, agora sob o comando de Adrian Teijido (diretor de fotografia da série e também do longa “Gonzaga: De pai pra filho”, que Silveira lançou em 2012), concluiu, na última terça-feira (14/3), as gravações da terceira temporada, que não tem data de estreia prevista.

“Breno concebeu o projeto em três temporadas. E ele já tinha escrito a terceira. Não mexemos no time (de profissionais), não trouxemos ninguém para o processo. A figurinista sabe exatamente o que ele iria querer, o fotógrafo e o montador também. Então, todos sabiam continuar a história que ele queria contar”, afirma Malu Miranda, chefe de conteúdo brasileiro para o Amazon Studios. 
 
Diretor Breno Silveira está filmando cena do filme Gonzaga: De pai para filho

Ideias do diretor Breno Silveira, que morreu em 2022, foram seguidas à risca na temporada que estreia nesta sexta (17/3)

Conspiração/divulgação
 

Apelo de pai

A história de Pedro Machado Lomba Neto, o Pedro Dom (1981-2005), garoto de classe média viciado em drogas que chefiou uma quadrilha de assaltantes de edifícios de luxo no Rio de Janeiro, chegou para Silveira por meio do pai do personagem. Luiz Victor Dantas Lomba (1944-2018), policial civil que atuou no combate às drogas e integrou o Esquadrão da Morte, procurou o diretor no final dos anos 1990, pedindo que ele contasse a história.

A segunda temporada começa com uma nova perseguição a Dom (Gabriel Leone). De moto, ele atravessa um viaduto no Rio de Janeiro. Um grupo de policiais o espera na saída. O que vai acontecer a partir dali só vai aparecer no último episódio, pois, a exemplo da temporada anterior, a série vai e volta no tempo, contando a história de Dom e  também a de Victor na juventude (papel que cabe a Filipe Bragança; na idade adulta, o personagem é interpretado por Flávio Tolezani).
 
 

Mas se a temporada de estreia tinha um escopo amplo, abrangendo ao menos três décadas, a nova vai diminuindo o espaço temporal. A ação, no presente, será de oito meses – que revela também o nascimento do filho de Dom com Jasmin (Raquel Villar). Mas, nesse recomeço, o personagem está com Viviane (Isabella Santoni), e o excesso de cocaína o leva a uma escalada maior de violência.

“Para mim, a Viviane e o Dom se espelham o tempo todo, até mesmo por terem biótipos que lhes abrem portas. E ela acaba traçando outras estratégias, mas com a adrenalina sempre alta”, comenta Isabella.
 
“A Jasmin não tem a mesma estrutura familiar (que a Vivi), e teve a sorte de perceber isto. Como é sozinha, entendeu que teria que sair (das drogas) pois não teria mamãe e papai levando-a para nenhum lugar”, comenta Raquel.
 

O 'pause' de Gabriel Leone

Gabriel Leone explica sua experiência na nova temporada. “Foi a primeira vez que retomei um personagem. Não sabia o que esperar, mas, quando voltei, foi como se eu tivesse dado um ‘pause’ na história. Um ano depois, dei o ‘play’ novamente e foi muito fluido para mim”, afirma. 

“É muito interessante a possibilidade de contar uma história em mais de uma temporada. Algumas pessoas comentaram que a gente tinha suavizado o Dom no primeiro ano. Respondia que isto vem da construção. Se na primeira a gente tivesse dado o grau 10, não haveria como expandir a segunda e a terceira. E nesta, há um crescente, pisamos no acelerador mesmo”, comenta. 

Quando “Dom” estreou, em junho de 2021, ela se tornou, na época, a produção internacional (não falada em inglês) mais assistida do Prime Video. Fora do Brasil, os países que mais viram a série foram a Índia e os Estados Unidos.

“Por mais que seja uma história real, no Rio, com favela e funk como pano de fundo, coisas familiares para os brasileiros, o cerne é a relação de pai e filho, e a dependência química, questões absolutamente universais”, diz Leone, a respeito da boa aceitação da produção pelo público estrangeiro.

Na Índia, o fenômeno foi tão forte que Isabella, após um levantamento dos dados demográficos em suas redes sociais, descobriu que, no Instagram, 1 milhão (dos 10 milhões) dos seus seguidores vinham da Índia.
 
“Isso mostra que, por mais que a cultura e a língua sejam muito diferentes, as pessoas se conectaram com a história”, afirma a atriz.

“DOM”

A segunda temporada, com oito episódios, estreia nesta sexta-feira (17/3) no Prime Video