“Adoro um bom filme de ação”, diz o ator canadense Keanu Reeves, que aos 58 anos protagoniza o explosivo “John Wick 4: Baba Yaga”, em cartaz nos cinemas da Grande BH partir desta quarta-feira (22/3).
No quarto filme da franquia, o temido assassino vivido por Reeves enfrenta adversários violentos do submundo globalizado – vai à luta (literalmente) em Nova York, nos Estados Unidos, em Paris, na França, em Osaka, no Japão, e em Berlim, na Alemanha.
É perseguido por antigos amigos e pelo implacável Marquis de Gramont (Bill Skarsgard), chefe do crime organizado.
Brasil perigoso...
Com tantos adversários mundo afora, não deixa de ser divertida a repercussão da entrevista de Keanu exibida por Danilo Gentili no programa “The noite” (SBT/Alterosa), no último dia 13.
Na conversa pré-gravada, o astro disse, brincando, que o Brasil “deve ser muito perigoso até mesmo para o John Wick”. E acrescentou: “Ele tem amigos no Brasil, que diriam: ‘John, não se preocupe. Não tem problema’”.
Foi o que bastou para movimentar o “tribunal da web”. Internautas brasileiros criticaram Reeves por falar “mal” do país, enquanto outros o defenderam.
Ti-ti-tis à parte, fato é que o ator, quase sessentão, faz 90% das cenas de ação do longa dispensando dublês – assim como Tom Cruise em “Tog Gun: Maverick”.
“Usamos a tecnologia digital, mas gostamos mais do movimento visceral dos corpos, da violência em carne e osso. É quase como um balé”, contou Reeves à agência AFP.
“O que fazemos não é fácil... Preciso treinar meses antes de conseguir. Preciso de muitos especialistas e de um diretor que tenha a visão necessária para criar a fotografia, o design, a trilha sonora, o figurino”, explicou.
Para o astro, o que deixa o público mais interessado na franquia são as tensões internas do personagem e suas aventuras. “O homem John Wick e o assassino John Wick quase parecem rivais, mas estão realmente conectados”, diz ele.
Orçamento quintuplicado
Ao comentar a trajetória de seu personagem, que estreou em 2014 em “De volta ao jogo”, o ator explicou que não havia nem sequer planos para as sequências, naquela época. Tudo mudou com o sucesso inesperado nas bilheterias, trazendo liberdade financeira para o diretor Chad Stahelski.
O primeiro longa contou com orçamento modestíssimo para os padrões hollywoodianos, de US$ 20 milhões. “Baba Yaga”, que chega agora, custou US$ 100 milhões, equivalente a um blockbuster de médio porte.
Reeves diz que as sequências de combate prosseguem como a característica principal da franquia, mas observa que elas ganharam outra dimensão devido ao orçamento milionário.
“No quarto filme, estamos filmando no Louvre e no Arco do Triunfo em Paris, agora podemos fazer cenas de ação grandiosas”, contou ele ao jornal Folha de S. Paulo, em dezembro do ano passado, quando participou da CCXP, na capital paulista. Aliás, Reeves gostou tanto da recepção do público que até se ajoelhou no palco para reverenciar os fãs brasileiros.
O novo filme conta com a colaboração de nomes de destaque do cinema contemporâneo de artes marciais: Donnie Yen, de Hong Kong, o britânico Scott Adkins e o japonês Hiroyuki Sanada.
Efeitos visuais
“John Wick”, com suas cenas de ação, vai de encontro à dependência progressiva de filmes de ação dos departamentos de efeitos visuais dos estúdios. Reeves deixou claro à Folha que a franquia dirigida por Stahelski não mudou a indústria audiovisual, creditando a “Matrix”, ficção científica das irmãs Wachowski estrelada por ele, “a introdução do estilo de produção do cinema de Hong Kong em Hollywood”.
Porém, o ator destacou que “John Wick” tem a sua marca registrada: “As pessoas já me contaram que leram roteiros com a frase ‘e aqui vai a ação no estilo de John Wick’. Mas elas não sabem o quanto se exige para chegar a isso.”
O estilo de luta interativo é baseado em uma forma “diferente” de trabalhar o ator. “A gente sempre pensa se vamos usar judô ou jiu-jitsu e, depois, como ter a marca ‘John Wick’. A gente também pensa em como vamos fazer tudo aquilo com uma arma na mão”, detalhou Reeves.
Na verdade, a trama do primeiro filme “John Wick” parecia sem graça: um assassino decide vingar a morte de seu cachorro. Entretanto, o papel e as reviravoltas na história se tornaram um dos mais bem-sucedidos trabalhos de Keanu Reeves.
“O papel em ‘Matrix’ foi fantástico, experiência que mudou a minha vida quando eu era jovem. John Wick é mais para a minha meia-idade, para os meus 50 anos”, comparou.
O ator iniciou a carreira muito jovem, na televisão canadense, e ganhou fama com o filme “Garotos de programa” (1991), ao lado do americano River Phoenix (1970-1993).
Além das franquias “John Wick” e “Matrix”, Keanu Reeves fez os filmes “Ligações perigosas” (1988),“Drácula de Bram Stoker (1992), “Muito barulho por nada” (1993), “O advogado do diabo” (1997), “Alguém tem que ceder” (2003) e “A casa do lago” (2006), entre vários outros longas.
Ao comentar o futuro de John Wick, Reeves disse que tudo vai depender da reação do público a “Baba Yaga”.
Mas vêm sendo desenvolvidos dois produtos: o derivado “Bailarina”, protagonizado por Ana de Armas, e uma série.
Homenagem para Reddick
Durante a estreia de “John Wick 4: Baba Yaga” em Los Angeles, Keanu Reeves homenageou a memória do colega Lance Reddick, que morreu na última sexta, aos 60 anos. O astro usava uma fita azul, cor favorita de Reddick, presa ao paletó preto, na sessão realizada na segunda-feira (20/3).
“Estar sob a luz dele e ter a chance de trabalhar com ele... Vou amá-lo pelo resto da minha vida”, afirmou Reeves. “Ele tinha tanta paixão por seu trabalho e sua arte. Ele era gentil, tinha dignidade e presença.”
“Perdemos nosso irmão de uma maneira chocante. Ainda estamos em choque. Assim é a vida”, lamentou Laurence Fishburne. “É muito difícil às vezes”, completou o ator, que interpreta Bowery King em “Baba Yaga”.
Reddick fez o papel de Charon, concierge do hotel Continental, em todos os filmes da franquia “John Wick”.
O corpo foi encontrado em casa pela polícia. Assessores informaram que ele morreu de causas naturais. O ator americano também trabalhou nas séries “Fringe”, “Lost” e “The wire”.
“JOHN WICK 4: BABA YAGA”
EUA, 2023. Direção de Chad Stahelski. Com Keanu Reeves, Laurence Fishburne, Lance Reddick, Donnie Yene e Bill Skarsgard. O assassino profissional John Wick enfrenta o submundo do crime em vários países. As chances de escapar parecem impossíveis diante da astúcia de Marquis de Gramont, chefão do crime organizado. Sessões de pré-estreia, nesta quarta-feira (22/3), em salas das redes Cinemark, Cineart e Cinépolis. O longa entra em cartaz no circuito da Grande BH nesta quinta-feira (23/3)