'No palco, com sua banda, você, com a troca de olhares, acerta com o guitarrista de aumentar o solo. Com orquestra isso não existe'
Leo Jaime, cantor e compositor
Desde que foi criado, em 2006, o projeto Orquestrando Brasil recebeu diversos expoentes da MPB para dividir o palco com a Orquestra Opus, sob regência do maestro Leonardo Cunha. Com o sucesso da experiência, muitos desses nomes repetiram a dose. Um deles é Leo Jaime, que participou do projeto em 2019 e retorna para nova apresentação, nesta quinta-feira (23/3), às 20h, no Grande Teatro do Palácio das Artes.
O entrosamento entre o cantor e a orquestra foi tanto que eles se reuniram em outras duas ocasiões para apresentações fechadas, em eventos corporativos.
“Nossa relação é sempre muito boa. Fui convidado pelo maestro pela primeira vez e me dei bem com todo mundo. Percebo a satisfação dos músicos de estarem ali. A gente se diverte muito no espetáculo. É uma relação muito fraternal”, sublinha Leo Jaime.
O cantor e compositor destaca “a camaradagem, as brincadeiras e a leveza” que deixam o grupo à vontade para as apresentações. O maestro Leonardo Cunha atesta a sintonia fina desde o primeiro encontro.
“Realmente deu muita liga. Acho que tem a ver com a forma como a gente interage pessoalmente e musicalmente no palco. Há uma sinergia grande da orquestra com o Leo, que é muito extrovertido, brincalhão. Ele chegou e ganhou os músicos de cara”, comenta.
O repertório, adianta o maestro, passeia pelos maiores sucessos da carreira do cantor e compositor que despontou com a chamada “geração rock Brasil” dos anos 1980. “Gatinha manhosa”, “A vida não presta”, “As sete vampiras” e “Rock estrela”, entre outras, estão presentes no roteiro.
Roupagem orquestral
O maestro Leonardo Cunha observa que o projeto Orquestrando Brasil tem como premissa apresentar um painel da carreira do artista convidado, desenhado a partir de suas músicas mais conhecidas.
“O diferencial do espetáculo está na nova roupagem orquestral que o repertório ganha, então é um formato em que a novidade não cabe muito”, destaca.
Ainda assim, Cunha ressalva que a apresentação de amanhã se distingue em alguns pontos da inicial. “Fiz uma seleção, mas o Leo opinou, quis acrescentar alguns temas, trocou outros, sugeriu músicas que não são do repertório dele – uma da Legião Urbana e uma do The Cure. A gente ouve o argumento do artista, porque é importante que ele esteja confortável com o que vai cantar”, diz.
'Deu muita liga. Acho que tem a ver com a forma como a gente interage pessoalmente e musicalmente no palco. Há uma sinergia grande da orquestra com o Leo, que é muito extrovertido, brincalhão. Ele chegou e ganhou os músicos de cara'
Leonardo Cunha, maestro
Leo Jaime assente que o processo de construção do show é colaborativo e harmonioso. Os arranjos são assinados pelo maestro, mas suas sugestões são sempre levadas em consideração.
“Às vezes faço algum comentário sobre o andamento, proponho encurtar uma parte ou aumentar outra, a gente troca umas figurinhas. Leo Cunha é o arranjador, mas ele me dá muita abertura”, afirma.
Ao comentar as especificidades de se apresentar acompanhado por orquestra, Leo diz que há, por um lado, maior engessamento, e por outro, a aura de sofisticação que lhe agrada.
“É diferente de tocar com banda, porque não cabe tanto o improviso, tudo tem que ser feito exatamente como foi combinado. No palco, com sua banda, você, com a troca de olhares, acerta com o guitarrista de aumentar o solo. Com orquestra isso não existe”, aponta.
'No palco, com sua banda, você, com a troca de olhares, acerta com o guitarrista de aumentar o solo. Com orquestra isso não existe'
Leo Jaime, cantor e compositor
“Ajuste de cabeça”
Também ator, escritor e jornalista, além de cantor e compositor, Leo Jaime conta que é mais fácil conciliar na agenda os diferentes ofícios do que se moldar aos variados formatos musicais com que usualmente se apresenta. Ele diz ser necessário o “ajuste de cabeça” para embarcar em um dos três ou quatro shows diferentes que vem realizando.“Se vou dar canja no show de uma banda amiga, são arranjos e tons que eles propõem. Quando vou fazer com orquestra, são outros arranjos e outros tons. Tem um show acústico que faço com o Guilherme Schwab que é outra história, com repertório e arranjos diferentes”, comenta.
“Quando vou fazer com minha banda, também é uma proposta completamente diferente. É complicado ficar mudando o botão dentro da cabeça de um formato para o outro”, explica.
No entanto, os ensaios são suficientes para equacionar o problema e sintonizar Leo Jaime no universo musical proposto. “É mais fácil coordenar o trabalho de ator com o de escritor e de músico do que modificar as intenções e interpretações, memorizar tonalidades e arranjos para quatro formatos diferentes de show”, salienta.
Quarenta anos de palco
A propósito de sua personalidade artística multifacetada, ele adianta que poderá ser visto em breve na série que terminou de rodar no fim do ano passado e vai estrear na plataforma Star+.
No próximo fim de semana, Leo se apresenta dividindo o palco com a Blitz, show que deve circular pelo país.
Há outros projetos, mas o compositor e ator prefere revelá-los depois, quando estiverem mais definidos. “Em 2023, completo 40 anos de carreira e 40 anos de lançamento do meu primeiro álbum. Estou com muitas ideias para marcar essa efeméride e quero ver se consigo realizar algumas delas”, finaliza.
ORQUESTRA OPUS CONVIDA LEO JAIME
Nesta quinta-feira (23/3), às 20h, no Grande Teatro do Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro). Plateia 1: R$ 140 (inteira) e R$ 70 (meia-entrada). Plateia 2: R$ 120 (inteira) e R$ 60 (meia). Plateia superior: R$ 100 (inteira) e R$ 50 (meia). Ingressos à venda na bilheteria do teatro ou pelo site eventim.com.br. Informações: (31) 3236-7400.
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