Quatro músicos da banda Boogarins estão lado a lado em um jardim ensolorado, tendo cactus ao fundo

Músicos do Boogarins veem identidade entre as raízes da banda e a música do Clube da Esquina

Rodrigo Zan/divulgação

'A relação das pessoas daí (de BH) com essas músicas (do Clube da Esquina) é ainda mais profunda do que nos outros lugares do Brasil. Quem estiver aberto para ver a gente interpretando essas músicas e se deixar levar, vai sair bem impactado'

Benke, guitarrista do Boogarins


Quando o primeiro show do Boogarins dedicado ao Clube da Esquina foi anunciado no Meca de 2022, o quarteto ainda não tinha planos de prosseguir com a homenagem ao movimento musical mineiro, que surgiu em BH nos anos 1960. Entretanto, a recepção do público do festival foi decisiva para a nova agenda de shows da banda, que já passou por São Paulo, com três noites esgotadas.

“É um show muito forte e muito difícil de decidir fazer, porque são músicas gigantes. Depois da primeira experiência, em que a gente viu que conseguiu emocionar as pessoas, ficamos mais à vontade para repetir a dose”, afirma o vocalista e compositor Dinho Almeida. 

Na escolha da setlist, cada um dos quatro músicos do Boogarins foi escolhendo as canções que não poderiam faltar. O repertório dos goianos vai de “O trem azul” a “Vento de maio”. 
 
“Na minha infância, um monte de coisa foi apresentada a mim como Clube da Esquina, os álbuns do Lô Borges, Flávio Venturini, Toninho Horta… Vejo o Clube como esse universo. Então, no nosso show, tem várias canções do disco 'Clube da Esquina', mas também colocamos outros álbuns”, explica o guitarrista Benke.
 

'Poder fazer um show cover que não tem cara de tributo reflete o nosso amadurecimento. Essa é a nossa maior conquista, tanto profissional quanto estética. A gente se sente dono do próprio som'

Benke, guitarrista do Boogarins


Arranjos inéditos

Com arranjos improvisados e muitos sintetizadores, o Boogarins recria os clássicos do Clube da Esquina com releituras quase sempre inéditas para o público. Isso porque, em cada show, as músicas ecoam de um jeito diferente.

 

“Uma das nossas características é que a música se dilata e vai tomando conta do ambiente. Nós ficamos muito satisfeitos quando conseguimos atingir isso com este show também”, detalha Dinho.

 

'Poder fazer um show cover que não tem cara de tributo reflete o nosso amadurecimento. Essa é a nossa maior conquista, tanto profissional quanto estética. A gente se sente dono do próprio som'

Benke, guitarrista do Boogarins

 


Em 2012, quando a banda se formou, os então “meninos” passavam por um processo de redescoberta de discos antigos na internet. Naquela época, eles voltaram ao Clube da Esquina e encontraram muitas semelhanças entre a banda goiana e o movimento mineiro.

“Tem essa coisa Goiás em Minas, que são meio gêmeos, né”, brinca Dinho. “Quando ouvimos o disco de novo, vimos as nossas raízes ali. A coisa da textura, da fluidez e de serem músicas que te levam pra uma viagem conversa com nosso estilo.”

O nome Boogarins vem de uma flor, cujo significado é amor puro. E é justamente isso que o quarteto  goiano transmite ao falar sobre o Clube da Esquina. Assim como Milton, Lô Borges, Fernando Brant, Márcio Borges, Beto Guedes, Ronaldo Bastos e muitos outros, os músicos do Boogarins também são ligados por laços de amizade. 

Dinho Almeida (vocal) e Benke Ferraz (guitarra e vocal) se conheceram ainda na escola e formaram a banda, que logo ganhou a adesão de Raphael Vaz (baixo) e Ynaiã Benthroldo (bateria).
 
• Confira a releitura de Boogarins e O Terno para 'Saídas e bandeiras nº 1', faixa do álbum 'Clube da Esquina':
 
 
 
Sobre fazer show no berço do Clube da Esquina, Dinho e Benke confessam sentir um frio na barriga. "A relação das pessoas daí (de BH) com essas músicas é ainda mais profunda do que nos outros lugares do Brasil. Quem estiver aberto para ver a gente interpretando essas músicas e se deixar levar, vai sair de lá bem impactado”, diz Benke.

“O show é uma homenagem, um agradecimento nosso por poder conseguir fazer com que as pessoas gostem da gente tocando algo que é tão importante para nós”, acrescenta Dinho.

Na estrada

Com 10 anos de carreira, Boogarins percorre uma trajetória diferente daquela que os artistas independentes costumam trilhar. O grupo lançou seu primeiro EP na internet e foi descoberto por uma gravadora estadunidense, que logo o lançou em turnê de 100 shows internacionais. Dali em diante, a banda participou de importantes festivais mundo afora.

Questionados sobre a maior conquista profissional durante todo esse tempo, Dinho e Benke afirmam, rindo, que é continuarem juntos. 

“Estar junto com esse frescor é muito bom. Poder fazer um show cover que não tem cara de tributo reflete o nosso amadurecimento. Essa é a nossa maior conquista, tanto profissional quanto estética. A gente se sente dono do próprio som, independentemente de qualquer rótulo”, afirma Benke. 

Dinho completa: “As pessoas são tão apaixonadas por nossas versões das músicas quanto pelo nosso próprio repertório. A confiança que a gente conquistou, de poder fazer o que gostamos, é também o nosso objetivo para o futuro. Também queremos construir infinitos anos de banda sem perder essa paixão que ecoa em quem ouve a nossa música”.

A banda Boogarins tem vários planos para comemorar seus 10 anos, que incluem a reprensagem do vinil do primeiro disco, “As plantas que curam”, e o lançamento de  novo álbum.

BOOGARINS TOCA CLUBE DA ESQUINA

Show neste sábado (25/3), a partir das 21h, na Autêntica (Rua Álvares Maciel, 312, Santa Efigênia). Abertura: Mineiros da Lua. Ingressos: R$ 120 (2º lote, inteira) e R$ 70 (meia-social).

* Estagiária sob supervisão da  subeditora Tetê Monteiro