Samuel Rosa, Henrique Portugal, Lelo Zaneti e Haroldo Ferretti conquistaram milhares de admiradores pelo Brasil afora. Neste domingo (26/3), o Skank chega ao fim, fazendo seu último show no Mineirão, em BH, deixando fãs-clubes saudosos no país inteiro.
A jornalista Regiane Avelar conta que o Skanbelô foi criado logo no início da banda, na capital mineira. “Eles começaram os primeiros shows em 1992. No ano seguinte, a gente passou a se mobilizar para fundar o nosso fã-clube”, diz a presidente do grupo idealizado por Ricardo Caldas. “Estou na presidência há quase 12 anos. Temos cerca de 350 integrantes registrados e o Ricardo atua como conselheiro”, diz.
O fã-clube acompanhou shows em quase todos os lugares no Brasil. “Já fomos a várias capitais. Cidades do interior mineiro é até difícil citar, pois fomos a tantas... Participamos das gravações dos DVDs em Ouro Preto e São Paulo, fomos para Brasília e Aracaju. Sempre que possível, a gente viajava atrás da banda”, conta ela.
A agenda do Skanbelô também ficou animada nesta turnê de despedida. “Estivemos nos shows de São Paulo e na gravação do programa 'Altas horas', lá também. O domingo é o dia que nunca queríamos que chegasse, mas estaremos lá no Mineirão, se Deus quiser”, afirma Regiane.
Skanbelô não tem sede própria. Parte da memorabilia fica com ela, a outra com Ricardo Caldas. “A maioria é acervo pessoal, coisas da banda que a gente foi conquistando. Temos todos os CD autografados, bandeiras, livros, baquetas, fotos e palhetas”, diz.
Regiane também faz parte da diretoria nacional de outros fãs-clubes. “Pessoas que conhecem a banda mais recentemente são mais admiradoras do Samuel, o que é natural, ele é vocalista. Mas outras que tiveram contato com todos os integrantes acabam não tendo nele essa figura. Há gente louca pelo Henrique, outros pelo Haroldo e o Lelo. Minha irmã, por exemplo, é fã da banda, mas, para ela, o Skank é igual ao Lelo. É a maior fã dele que conheço, talvez a número 1.”
'Fã-clube é muito legal, porque abre espaço para outros tipos de contato e também cria vínculos de amizade. Por meio do Skank, conheci várias capitais e tenho amigos em milhões de lugares. Tudo porque o Skank acabou nos unindo'
Regiane Avelar, presidente do Skanbelô, da capital mineira
Caravana desembarca em BH
Uma caravana nacional, com cerca de 120 membros de fãs-clubes e admiradores de vários estados, vai desembarcar hoje no Mineirão. Elas vêm de Aracaju, Fortaleza, Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro. Também estarão em BH fãs do interior mineiro.
O objetivo do Skanbelô não é o lucro, mas expressar seu amor pela banda, garante a presidente. “Para o show de domingo, até fizemos a camisa personalizada que colocamos à venda em nosso Instagram. Fizemos homenagem ao clipe 'Uma partida de futebol', com a remontagem do uniforme que os quatro usaram lá. É uma releitura daquela camisa com o nome de cada integrante e o nome do fã-clube”, explica.
Regiane calcula ter ido a cerca de 200 shows da banda. Fã de Samuel, Lelo, Haroldo e Henrique, ela ressalta também sua admiração pelo guitarrista Doca Rolim.
“Depois que ele entrou para o Skank, foi outra fase da banda. Já o conhecia antes, de quando tocava na banda Bala 12. Gosto muito do pessoal dos sopros. Fã-clube é muito legal, porque abre espaço para outros tipos de contato e também cria vínculos de amizade. Por meio do Skank, conheci várias capitais e tenho amigos em milhões de lugares. Tudo porque o Skank acabou nos unindo”, diz. Regiane admite que todos esses momentos serão revividos hoje, “porém de uma forma bem sofrida”.
Entre as loucuras para ver a banda, Regiane, certa vez, quase se machucou seriamente porque desejava ficar perto do palco. “Já tem alguns anos. Cismei de pular o alambrado e tentar invadir o gramado do Mineirão. Resultado: quase caí no fosso e ainda bati o maxilar no chão”, relembra.
“Fora isso, já viajei dirigindo na ida e na volta para vários lugares somente para ver show. Saía de BH logo após deixar o trabalho”, conta.
Paulista de Limeira e morando atualmente em Campinas (SP), a engenheira Isis Sartori conta que o Skankarados reúne fãs que se conhecem há bastante tempo.
“Com esse negócio de internet, o grupo foi crescendo cada vez mais. Então, a gente começou a criar outros grupos nas redes sociais e tínhamos de dar um nome. Decidimos que seria Fã-clube Skankarados”, relembra.
Grupo de amigos é mais que fã-clube
Formado por amigos de São Paulo, o grupo ganhou pessoas de outros lugares. “Consideramos que o fã-clube foi fundado em 2008, quando o Skank lançou o CD 'Estandarte'. Não é propriamente fã-clube, mas um grupo de amigos. Inclusive, frequentamos a casa um do outro, portanto, não é uma coisa restrita aos shows do Skank”, explica.
Muitas dessas amizades começaram por causa da banda. “Nos conhecemos em filas e shows, mas como a coisa vem desde 2008, acaba que famílias se frequentam. Às vezes, alguém quer ir ao show em outra cidade e acaba ficando na casa alguém do grupo. Dizer que temos um fã-clube é meio simplista. É bem mais que isso.”
A integrante dos Skankarados calcula ter assistido a mais de 50 shows. E, claro, Isis Sartori estará no Mineirão neste domingo.
A engenheira paulista descobriu o quarteto mineiro quando tinha 10 anos. “Desde que me conheço por gente, me lembro da banda. Provavelmente, tudo começou pela televisão. Passaram-se alguns anos, até conseguir ir a um show deles em Campinas, em 2002.”
Em 2003, Isis foi contemplada com uma promoção da MTV e finalmente pode conhecer os quatro. “Eu tinha de escrever uma frase. Quase virou uma história, pois, como havia espaço, escrevi bastante, contando como começou essa história de ser fã”, relembra. Para a engenheira, a conexão com o quarteto “tem aquela coisa do ídolo de infância”.
A simpatia maior é por Samuel Rosa. “Vem dessa coisa de criança”, diz. “Conheci o Chico Amaral, um dos letristas, que considero pra caramba, além do empresário Fernando Furtado. Acaba que não tem como falar que prefiro o Samuel, porque todas as pessoas relacionadas ao Skank são especiais e sempre nos trataram com respeito. Gosto de todos”, afirma.
O álbum preferido de Isis é “Maquinarama” (Chaos/Sony Music, 2000). “Me empolguei muito com a gravação dos três primeiros discos. Fui à gravação de um DVD deles, no Rio de Janeiro, e foi uma surpresa. Gostei mais do que achei que gostaria. É difícil escolher um disco. Temos até uma brincadeira no fã-clube: quando a pessoa entra, a gente pergunta se ela é AM ou PM, ou seja, antes do 'Maquinarama' ou pós-'Maquinarama'. Na realidade, esse álbum abriu as portas para outra geração. Faço 39 anos este ano e as meninas de 18 se encantam pelo Skank pós-'Maquinarama'. O primeiro CD que tenho na lembrança é o 'Calango'”, diz ela, referindo-se ao disco lançado em 1994.
Entre as loucuras de Isis para ver o Skank, está esperar a banda por horas em São Paulo. “Lá tem dois aeroportos grandes, então, a chance de errarmos era de 50%. Felizmente, fomos para Congonhas e ficamos esperando. A banda apareceu e deu tudo certo. Foi de caso pensado, mas poderia não ter acontecido se tivéssemos ido para Guarulhos.”
Baianos seguem a banda desde 2005
Felipe e Carol sempre iam sozinhos às apresentações da banda, cada qual por sua conta. “Não nos conhecíamos pessoalmente. Certa vez, nos encontramos nas redes sociais e falamos: vamos juntar e levar adiante a ideia do fã-clube. “Tivemos ajuda de uma antiga produtora do Skank, e aí a gente começou a ter contato maior com outros fãs.”
O nome surgiu por causa da ligação da banda com canções em espanhol. Com 30 integrantes, o Los Skankeiros acompanhou apresentações dos mineiros na Bahia. “Fora do estado também. Estive presente no último show deles no Recife. Saí de Salvador com o único objetivo de ir até lá. No outro dia já estava de volta, uma loucura.”
Los Skankeiros guarda CDs, bandeiras, camisas, foto, baquetas e palhetas que o fã-clube ganhou nos shows da banda. “Eu e Carol estaremos no Mineirão”, informa Felipe.
O baiano diz admirar todos os músicos, mas revela: “Aqui em Salvador, temos certa preferência pelo Henrique Portugal, com quem a gente tem mais contato. A gente sempre se encontrava com ele nos camarins e tirava muitas fotos.”
Felipe considera natural o fim do Skank. “Em certa hora, a gente chega no limite. Creio que aconteceu um pouco disso com o Samuel e a banda. É aquele limite tipo 'a gente já fez tudo, já mudou, diversificou o ritmo, criou CDs diferentes, chegou a nossa hora de tentar outros desafios. Quem sabe fazer sozinho?'. Os desafios do Skank acabaram sugerindo novos caminhos”, comenta.
Mas o engenheiro admite: só digeriu aos poucos o fim do Skank. “No início, achei estranho, pois a gente não percebia que eles estavam caminhando para isso. Com a turnê de despedida, tudo ficou claro. Vão dar um tempo e cada um seguirá o seu rumo”, observa, ressaltando que Samuel, Henrique, Lelo e Haroldo já se dedicam a projetos solo.
A banda acaba, mas o fã-clube baiano será mantido. “A gente é muito amigo, temos aquela cumplicidade, afinal são 18 anos juntos. Vamos completar a maioridade agora. A música e o legado do Skank continuarão para sempre. Se algum dia fizerem turnê comemorativa, estaremos lá.”
O álbum preferido do presidente do Los Skankeiros é o “MTV ao vivo”, lançado em 2001. “A partir daquele disco, passei a seguir a banda direto, indo direto a shows e turnês. Tenho 36 anos, sou engenheiro eletricista, trabalho com projetos de energia. Esta é a minha vida: acompanhar o Skank e trabalhar diariamente”, conta.
As loucuras que fez por causa da banda envolvem viagens. Na última delas, trocou a temporada com a família em Caraíva, no sul baiano, pelo show do Skank em Feira de Santana, também na Bahia.
“Foi uma viagem sem programação alguma, sem local para me hospedar. Fui com a cara e a coragem, com a mochila no porta-malas do carro e aventurando. Valeu a pena, faria novamente”, conta Felipe Arouca.
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