Juca Chaves, o “Menestrel Maldito”, morreu aos 84 anos, na noite do último sábado (25/3). Ele estava internado havia 15 dias no Hospital São Rafael, em Salvador, com problemas cardiorrespiratórios. O corpo do artista foi cremado neste domingo (26/3), no Cemitério Bosque da Paz, na capital baiana.





Unindo humor à música, Juca Chaves se notabilizou por incomodar a ditadura militar, nos anos 1960, com suas modinhas e trovas. Entre as composições mais conhecidas dele estão "Caixinha, obrigado!", "Take me back to Piauí" e "A cúmplice".
 
Exilado na década de 1970, o artista foi morar em Portugal, onde também desagradou o regime político da época, a ditadura salazarista.
 
Num show no Teatro Tivoli, irritou as autoridades portuguesas, fazendo piada com o ditador António de Oliveira Salazar. Os órgãos de repressão repudiaram sua arte, e Chaves rumou para um novo exílio, agora na Itália.
 

Juca Chaves era figura constante nos estúdios do SBT. Na foto, o músico participa do "Clube dos artistas", apresentado por Lolita Rodrigues

(foto: Detinho Oliveira/SBT)
 
Nascido no Rio de Janeiro numa família judaica, Jurandyr Czaczkes Chaves teve formação em música erudita, compondo, aos 12 anos, sua primeira modinha. Ainda na infância, se mudou para São Paulo e passou a frequentar o Clube Pinheiros. Ali conheceu Ana Maria, sua musa, para quem dedicou várias canções.




 
Sempre acompanhado do alaúde, ganhou do poeta Vinicius de Moraes o apelido de “Menestrel Maldito”. No início da carreira, novamente no Rio de Janeiro, montou um circo nos arredores da Lagoa Rodrigo de Freitas. No local, recebia empresários, políticos e moradores de uma favela vizinha.
 
Vinte anos depois, fez sucesso se apresentando em programas de rádio e televisão. Na mesma época, fundou sua própria gravadora. Ficou conhecido pelos bordões, entre eles o mais famoso era "vá ao meu show e ajude o Juquinha a comprar o seu caviar". Segundo Jorge Amado, Chaves tinha "a voz mais livre do Brasil".

Aventura na política

Em 2006, Juca Chaves tentou ingressar na política. Foi candidato ao Senado pelo PSDC e fez poemas para tentar angariar votos."Desta vez baiana gente, baiano de toda cor, o seu voto inteligente com justiça com amor, não será voto comprado, se tivermos no Senado Juca Chaves senador". Acabou terminando as eleições em quarto lugar.




 
Nove anos depois, voltou aos holofotes, satirizando a política brasileira e defendendo a Operação Lava-Jato. Há duas décadas, morava em Itapuã, em Salvador.
 
Durante a carreira, sempre ironizou a mídia, tendo com a imprensa uma relação tensa. Em dado momento, chegou a ser boicotado por jornais e revistas.
 
Desde 1975, era casado com Yara Chaves. Ele deixa duas filhas, Marina Morena e Maria Clara.
 

Com canções que satirizavam o cenário político nacional, "Juca Chaves, o menestrel do Brasil" foi exibido pelo SBT/Alterosa em 1988

(foto: João Batista da Silva/SBT)
 

SBT lamenta morte do Menestrel

O SBT, emissora na qual Juca Chaves comandou o humorístico “Juca Chaves, o menestrel do Brasil”, em 1988, divulgou nota de pesar, lembrando que ele participou de diversas atrações do canal como convidado.
 
“Juca deixa as melhores lembranças e será sempre reverenciado por fazer parte de nossa história. A emissora se solidariza com a esposa Yara e suas filhas Maria Morena e Maria Clara”, diz o texto.
 
Em “Juca Chaves, o menestrel do Brasil”, o humorista entoava cantigas que satirizavam o cenário político e os assuntos em voga. O cenário, um céu estrelado com a grande lua onde Juca se sentava com seu alaúde, ficou marcado pela estética minimalista, destacando  exclusivamente o talento do apresentador.

Juca também tinha paixão por futebol. São-paulino de carteirinha, ele deixou marchinha em homenagem ao clube, chamada “São Paulo, meu amor”. (Com redação)


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