Na primeira cena de "Rabbit hole", o personagem de Kiefer Sutherland, John Weir, está ajoelhado no confessionário de uma igreja. "Talvez Deus possa me explicar o que está acontecendo?", suplica ele ao padre. Nesse instante, já é possível notar a diferença entre ele e o eterno Jack Bauer, outro ícone defendido pelo ator, durante nove temporadas em "24 horas".
Sutherland admite que a nova série, lançada na última segunda-feira (27/3) pelo serviço de streaming Paramount+, até pode ter algumas semelhanças com seu maior sucesso, mas tem também suas particularidades. "Jack era meio que uma máquina de socos (risos), enquanto o John é mais intelectual, sempre fugindo da luta. Eles tentam sobreviver, mas lidam com isso de forma diferente", compara.
Ambas as séries são thrillers recheados de tiros, explosões, caras malvados e com toda aquela parafernália pronta para fazer os fãs de ação vibrarem diante da tela. Desta vez, no entanto, Sutherland vive um espião que luta para preservar a democracia, com direito a tentar manipular o mercado de ações e se infiltrar em grupos divulgadores de fake news.
Acusação
Tudo vira de ponta-cabeça quando o personagem é acusado de assassinatos que não cometeu. Em uma fuga sem fim, ele conta com o apoio de seu ex-mentor Ben (Charles Dance, o Tywin Lannister de "Game of thrones") e de Hailey (Meta Golding), para restaurar sua reputação.
Apesar de passarem por situações parecidas, o John de "Rabbit hole" se mostra, em muitos momentos, um protagonista mais real do que Jack Bauer. Ele aparece, por exemplo, sofrendo ataques de pânico e ansiedade, o que é o suficiente para perceber sua vulnerabilidade.
Sutherland conta que, por sorte, ele mesmo não tem muitas semelhanças com o novo personagem. "Ele é um cara que tem stalkers, gente querendo caçá-lo. Graças a Deus, minha vida é bem diferente da dele (risos)", brinca.
O seriado também acerta em discutir a exploração da tecnologia e o quanto a Inteligência Artificial invadiu nossos dias. Mais do que explosões e perseguições intermináveis (calma, elas seguem estando lá!), "Rabbit hole" gera debates bem atuais, que podem fazer valer a maratona.