Atriz Tony Collette, no papel da prefeita Margot, discursa e sorri, assistinda por adolescentes, na série The power

Tony Collette, a prefeita Margot, se inspirou em Jacinda Adern, que governou a Nova Zelândia

Prime Video

'A série é sobre igualdade e vemos a política global mudando aos poucos. Por isso, esta história mostra que mulheres estão em evolução e em revolução nos nossos tempos'

Toni Collette, atriz


Os problemas comuns da adolescência são apenas uma parte de “The power”, série exibida pelo no Prime Video. Adaptação da obra homônima da britânica Naomi Alderman, a produção traz nas entrelinhas um discurso de igualdade de gênero a partir das mudanças que ocorrem na vida de cinco adolescentes que passam – do  nada – a ter o poder de eletrocutar pessoas apenas usando as mãos.

Metáfora dos novos tempos

Para liderar o grupo de super-heroínas, a série conta com uma mulher respeitada dentro e fora das telas: a atriz Toni Collette. Ela vive Margot, a prefeita que vive discutindo com a filha Jos (Auli'i Cravalho), também herdeira do poder especial.

Toni se empolga com o duplo significado da série. “O poder ali é metáfora destes novos tempos em contraponto com o que vinha antes, em que somente os homens eram encorajados a fazer coisas. A série é sobre igualdade e vemos a política global mudando aos poucos. Por isso, esta história mostra que mulheres estão em evolução e em revolução nos nossos tempos”, acredita ela, que se inspirou em personalidades reais como Jacinda Ardern, a ex-primeira- ministra da Nova Zelândia, para o papel em “The power”.
 
 

O ator John Leguizamo vive o marido de Margot. Ele aponta que o roteiro consegue apresentar a dualidade com o feminismo, mas fala principalmente sobre a luta diária das pessoas, sejam homens ou mulheres.

“Ter o poder é uma contradição. Na série, elas vivem o tempo difícil da puberdade, mas acho que buscamos mostrar que cada um tem seu próprio poder: nós podemos estar inconformados com algo, mas devemos sempre tirar isso das costas e batalhar para virar o jogo”, explica o ator.
 

Abuso em casa

Uma das tramas mais interessantes de “The power” é a de Allie (Halle Bush). Adotada e incompreendida pelos pais, ela passa a infância muda, sofrendo abusos do padrasto.
 
Logo no primeiro episódio, ela participa de uma sessão de terapia em que a mãe e o marido tentam entender por que ela não fala. Quando menos se espera, apenas solta suas primeiras palavras, mas também se vinga do pai adotivo, literalmente, com as próprias mãos.

Outros núcleos são o de Roxy (Ria Zmitrowicz), que busca vingar a morte da mãe por gângsteres; Tatiana (Zrinka Cvitesic), esposa de um brutal ditador do Leste Europeu; e o jornalista Tunde (Toheeb Jimoh), amigo de uma das meninas super-poderosas.
 
A showrunner Raelle Tucker conta que todos esses casos falam sobre sua própria vida, que sempre foi guiada por mulheres fortes. Para efeito de comparação, ela cita “Game of Thrones”.

“Na série medieval, tínhamos mulheres com muito medo, mas fortes. Em 'The power', elas são mais reais e complicadas, mas sempre tentam ir em frente”, diz Raelle.

Com esses elementos, a série consegue ser muito mais que explosões gratuitas e jovens com eletricidade correndo pelas veias.  Coms três dos oito episódios lançados – os próximos chegam semanalmente, às sextas –, “The power” acerta por ser moderna, necessária e um pouco fantasiosa. Tudo na medida certa. (Julio Boll – Folhapress)

“THE POWER”

• Três episódios disponíveis no Prime Video. Os outros cinco chegarão semanalmente, às sextas-feiras, à plataforma.