Uma vasta programação, vinculada à campanha Abril Azul, voltada para pessoas com transtorno do espectro autista (TEA), marca a abertura do projeto Museus Pampulha, criado pela Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e da Fundação Municipal de Cultural, em parceria com o Instituto Lumiar.
O Museu de Arte da Pampulha (MAP), o Museu Casa Kubitschek e a Casa do Baile – Centro de Referência de Arquitetura, Urbanismo e Design vão promover e abrigar uma série de atividades ao longo de todo o ano. A programação tem início neste sábado (8/4), com a ação batizada “Percursos Pampulha”, que consiste em caminhadas culturais mediadas, com trajetos distintos, que conectam os equipamentos do Conjunto Moderno da Pampulha.
A partir das 9h, os visitantes inscritos são convidados a fazer o percurso de 1quilômetro entre a Igreja São Francisco de Assis e o Museu Casa Kubitschek. Um dos destaques deste primeiro mês do projeto é o evento “Música no Baile – Edição Azul”, que, no próximo dia 30, vai reunir artistas autistas das quatro regiões do Brasil, representantes de diferentes estilos musicais, em shows presenciais e virtuais na Casa do Baile.
Jardins do MAP
A programação especial da campanha Abril Azul também se faz presente no Museu de Arte da Pampulha, que convida o público a participar do projeto “Ateliê aberto nos jardins do museu”. São oficinas criativas baseadas nas esculturas em exposição permanente e no paisagismo dos jardins do MAP.No próximo sábado (15/6), das 14h às 16h, o ateliê recebe o Instituto de Habilidades de Crianças Autistas (IHCA), equipe voluntária multiprofissional de pedagogos, psicólogos e terapeutas, que propõe diversas atividades lúdicas e sensoriais, entre elas massinha de modelar, pinturas e brincadeiras.
Luciana Feres, presidente da Fundação Municipal de Cultura, diz que o intuito do projeto é estimular a apropriação, por parte da população de Belo Horizonte, do Conjunto Moderno da Pampulha, que é um patrimônio mundial. “A ideia é levar uma programação diversificada, rica, para aquele território, e, em função da época do ano, existe esse desejo de dar visibilidade para a campanha Abril Azul”, aponta.
Atividades continuadas
Ela observa que algumas das atividades propostas pelo projeto já vêm sendo desenvolvidas há algum tempo. “Uma ação muito bacana que a gente já realiza, buscando essa vivência, essa apropriação das pessoas, são as caminhadas culturais mediadas. É algo que vai além da questão da arquitetura ou das artes visuais, é transdisciplinar, uma maneira de despertar a população da cidade para os significados daqueles espaços”, diz.Ela pontua que nos “Percursos Pampulha” as pessoas podem se manifestar, falar a respeito do que estão vendo e a partir daí é feita uma discussão sobre o que aquele determinado lugar representa para a cidade, passando pelo patrimônio cultural e ambiental, bem como pelos valores do espaço urbano em questão.
“A grande questão da paisagem cultural é a relação das pessoas com o lugar. Queremos destacar esse aspecto relacional. A gente só preserva o que a gente conhece. Tem questões específicas, que tratam do urbanismo, da arquitetura, das artes visuais, mas queremos dar ênfase, sobretudo, à dimensão da vivência”, ressalta.
Rios e ruas
Luciana chama a atenção para o que considera outro momento importante dentro da programação do Museus Pampulha, que é a presença da professora e artista visual Isabela Prado no projeto “Formações Pampulha”. No próximo sábado, às 16h, ela vai conversar com o público, na Casa do Baile, a respeito da intervenção urbana batizada “Entre rios e ruas”, executada entre 2018 e 2021.A ação consistiu na instalação de 230 placas de sinalização identificando os córregos canalizados que correm sob as ruas da área central de Belo Horizonte. “Com essa iniciativa, ela consegue promover uma alteração da percepção das pessoas sobre a cidade, na medida em que traz esse olhar para elementos da paisagem que foram apagados ao longo do processo de urbanização”, destaca Luciana.
Trata-se de uma ação que está em sintonia com o desejo de fortalecer o patrimônio cultural e reforçar a apropriação do Conjunto Moderno da Pampulha, conforme aponta. Ela diz que outro destaque da programação é a atividade “Encontro com Seu Antônio”, prevista para o próximo dia 30, que marca o encerramento da mostra “Seu Antônio”, em cartaz na Casa do Baile.
Paisagem em fotos
A ideia é que os visitantes possam bater um papo com o autor das fotografias expostas do local, Antônio Lucindo. “Ele é um vigilante que durante quase 10 anos trabalhou na portaria da Casa do Baile e sempre tirou muitas fotos daquele espaço e do seu entorno, em diferentes horas do dia e estações do ano. Vai ser uma conversa sobre como ele vivenciava aquela paisagem, trazendo questões relacionadas ao afeto e à memória”, destaca Luciana.Ela diz que, a partir do próximo mês, outras propostas e temáticas emergirão, sobretudo em função das celebrações pelos 80 anos do Conjunto Moderno da Pampulha. “A melhor forma de engajar as pessoas é assim, despertando um olhar cuidadoso, de afeto, de carinho. Todas as nossas ações são no sentido de ter as pessoas se apropriando daquele território”, conclui. A programação completa do Museus Pampulha pode ser acessada no Portal Belo Horizonte.