Os tempos de um pé em cada canoa ficaram para trás. Rodrigo Sant'anna, de 42 anos, agora é exclusivo da Netflix por três anos, até 2025. O ator assinou um contrato com a plataforma de streaming para a criação de projetos, desde pré-roteiros a filmes.





A parceria do comediante com a plataforma começou em 2022, quando ele estreou a série "A sogra que te pariu". Na época, no entanto, Rodrigo ainda mantinha vínculos com o Grupo Globo, no qual fez a maior parte de sua carreira (ele estreou com uma ponta em "A diarista", em 2004, e ficou conhecido do grande público com personagens como Valéria Vasques, do “Zorra”, onde ficou por nove anos).

Até o ano passado, ele ainda participou dos humorísticos "Tô de graça" e "Plantão sem fim", no canal pago Multishow. A partir de agora, ele só deverá ser visto por lá em reprises.


A transição profissional de Sant'anna ocorreu de forma suave, sem quebras de contrato. Ele afirma que a parceria com a Globo já estava se encaminhando para o fim quando surgiu o interesse da plataforma internacional.



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"No Carnaval do ano passado, eu estava em um camarote, e a série tinha estreado havia uma semana. As pessoas me chamavam de sogra. Foi ali que eu vi a força da Netflix nos produtos que tem trazido, então fiquei muito animado com o investimento deles no humor", diz.


Orgulho

Conhecido do público por encarnar tipos suburbanos e periféricos, ele diz que seu humor reflete uma parcela grande da população, na qual se inclui. "Eu me orgulho disso, né? Eu venho de comunidade e isso me traz uma embocadura. Eu sei como a gente se comporta no Gero, o quanto irrita ter não sei quantas taças de vinho. Sou suburbano antes de ser ator", brinca.

Na próxima quarta-feira (12/4), o humorista já aparecerá na primeira empreitada do novo contrato: a segunda temporada de "A sogra que te pariu". A sitcom vai apresentar novos causos e embates de sua personagem, dona Isadir, com a nora Alice (Lidi Lisboa), que agora está grávida de Carlos (Rafael Zulu).





Nos novos episódios, Dani Calabresa e Pequena Lô fazem rápidas participações. Outro nome que também poderá ser visto nos episódios é o de Luciana Gimenez. "Foi muito divertido ver ela nessa outra realidade e brincar com a diferença social", diz ele. "Adoro essa possibilidade de ver na periferia essas pessoas e figuras que estamos acostumados."

Apesar de cada setor ter um responsável, Sant'anna diz que palpitou em tudo da nova temporada, com o objetivo de deixar cenários, diálogos e caracterizações dos personagens mais naturais. Para ele, era importante tirar a representação do subúrbio do clichê. 

"O subúrbio é muito mais rico do que churrasquinho na laje. Eu fico ali tipo extraindo de todo esse meu momento de comunidade o que as minhas memórias conseguem agregar nos projetos."

O comediante começou sua carreira na Globo com uma ponta em "A diarista" e trabalhou durante nove anos no "Zorra"

(foto: Zé Paulo Cardeal/Divulgação)


O ator é discreto quanto a projetos futuros que surgirão da parceria com a Netflix, mas conta que não para nunca de trabalhar e de criar roteiros ou possíveis histórias, e aponta que pretende continuar a retratar realidades sub-representadas.





"Eu sou ariano, então só não deixo um bloquinho embaixo do travesseiro porque senão eu piro e não durmo, mas o dia inteiro eu estou pensando. No meu computador, tem um monte de projeto", comenta. "Sinto pouco dessa galera na TV. A Helena sempre viveu no Leblon, acho que é a hora de a gente ver as Helenas do Méier e dos subúrbios do Brasil. Por enquanto estou feliz de estar falando da minha gente, das minhas pessoas e das minhas histórias, porque eu as conto com mais espontaneidade e integridade".

Para descansar a cabeça no fim do dia, após a rotina corrida, o comediante diz que se ocupa com produções que fujam da comédia e abordem um universo bem diferente daquele que ele representa. Recentemente, ele conta que maratonou os cinco episódios de "Cidade invisível" em dois dias.

"Não quero fazer nada quando chega a noite. Quero ver coisas que são zero comédia e que me desligam da coisa da piada. Porque a piada tem uma matemática, é quase uma engenharia. Estou sempre pensando: 'Isso mais isso vira uma piada mais forte'."  

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