As riquezas que a cultura produz cresceram de forma mais acelerada do que o PIB, o Produto Interno Bruto do Brasil, entre 2012 e 2020. Nesse período, a cultura teve crescimento em números absolutos de 78%, enquanto o PIB do país aumentou 55%.
Além disso, o setor gerou 7,4 milhões de empregos formais e informais no Brasil no quarto trimestre de 2022, o que equivale a 7% do total dos trabalhadores da economia brasileira. É um crescimento de 4% em relação ao mesmo período de 2021, com acréscimo de 308 mil novos postos de trabalho.
De acordo com o indicador, a participação da cultura no PIB brasileiro é maior do que a observada na África do Sul (2,9%), Rússia (2,4%) e México (2,9%).
Leia também: Público voltou animado a festivais, como o Planeta Brasil, depois do confinamento imposto pela pandemia
Eixo de desenvolvimento
Para chegar a esses dados, o observatório usou dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Ministério do Trabalho. A instituição diz que as bases de dados sobre 2021 e 2022 não foram totalmente atualizadas, razão pela qual os dados vão até 2020.
“A nossa iniciativa é parte do movimento para que todos compreendam que a economia da cultura e das indústrias culturais é um eixo determinante para o desenvolvimento do país. Ou a sociedade, as empresas e os governos compreendem isso ou nós vamos ficar eternamente reféns das commodities”, diz Eduardo Saron, presidente da Fundação Itaú.
Para ele, não é problema gerar riquezas por meio das commodities, como produtos agrícolas ou minerais. “Mas elas não podem ser a eterna âncora do desenvolvimento econômico e social do país”, diz.
De acordo com o indicador, o segmento cultural movimentou R$ 230 milhões em 2020 e representou 3,1% do PIB, isto é, a soma das riquezas que o país produziu nesse período.
A título de comparação, a indústria automotiva respondeu por 2,1% do PIB em 2020, um ponto percentual a menos em comparação com a cultura.
Para Saron, esses dados mostram que vale a pena investir em cultura. “Mais recursos para a cultura não é custo nem gasto, e sim mais inclusão produtiva e mais desenvolvimento econômico”, defende, acrescentando que estimular esse setor pode, inclusive, ser uma forma de combater o desemprego.
“Não olhar para o campo da economia criativa é perder a oportunidade de, quem sabe, desenvolver programas, projetos e políticas públicas para jovens que estão procurando trabalho.”
Cultura é uma das saídas para a crise da economia
Opinião parecida tem Leandro Valiati, professor da Universidade de Manchester, no Reino Unido, que liderou a pesquisa. Ele diz que é comum ouvir que investimentos em cultura não são relevantes, porque essa não seria uma área importante da economia.
“Isso não é verdade. Os nossos números mostram a importância da cultura comparada com outros setores no Brasil, como a indústria automobilística”, diz ele. “Não estou falando que atividades culturais devem ser o centro da economia de um país. Mas apostar na cultura é uma boa política de recuperação econômica.”