Depois de uma temporada de quatro anos vivendo em Portugal - "Não por acaso, durante o governo Bolsonaro", - o cineasta mineiro Helvécio Marins Jr. está de volta ao Brasil. Continua, no entanto, com um pé no além-mar, onde tem projetos para serem desenvolvidos até o fim do ano.
Neste momento em Belo Horizonte, Marins ganha retrospectiva de seus filmes no Cine Santa Tereza. Nesta terça (18/4) e quarta, a sala na Praça Duque de Caxias exibe os curtas do diretor e seu mais recente longa, "Querência". Este último, que terá sessão na quarta-feira (19/4), será comentado pelo cineasta.
A seleção dos curtas abrange a estreia de Marins no cinema, "2 homens" (2001), rodado em preto e branco; filmes mais conhecidos, como "Nascente" (2005), que participou de vários festivais, até produções menos vistas do diretor.
Diálogo
Uma delas é "Primeiros rascunhos sob Gilberto Antunes", codirigido há 20 anos com Pablo Lobato. "É meio um diálogo imaginário entre João Gilberto e Arnaldo Antunes. Achava que estava perdido, o Pablo não tinha uma cópia e, só recentemente, quando fui dar uma geral nas minhas coisas, encontrei", conta.
Há ainda dois curtas produzidos em Portugal: o documentário "O canto do Rocha" (2012) e a ficção "Fernando que ganhou um pássaro do mar" (codirigido com Felipe Bragança, 2013).
"O canto do Rocha" é resultante de um convite do Curtas Vila do Conde, no Norte de Portugal. Pouco visto no Brasil, acompanha um personagem e tanto da região. Alfredo Rocha tem um 1,5 metro, é mestre de caratê e cantor de fado. Mas ficou mais conhecido por ter sido o maior traficante de cocaína do Porto. Marins o filmou depois de que ele cumpriu uma pena de 14 anos.
Coprodução Brasil/Portugal, "Fernando que ganhou um pássaro do mar" também é um projeto nascido em Vila do Conde, que reuniu duplas de diretores para realizarem curtas em conjunto.
Confira o trailer de "Querência":
Estes dois curtas foram feitos antes da temporada que Marins viveu em Portugal. "Uma das coisas que mais aprendi no período que morei lá é que uma coisa é ser um cineasta latino, premiado, e chegar lá para filmar com um fundo europeu. E foi isto que aconteceu com com os longas 'Girimunho' e 'Querência', coproduções da Europa e América Latina. Outra coisa é viver lá e concorrer com eles (os europeus). Aí você sempre vai ser um imigrante."
Marins está muito feliz com a exibição de "Querência". Lançado no primeiro ano da pandemia, o filme praticamente não foi visto no cinema - hoje está inclusive disponível na Netflix. "Acho que meus filmes devem ser vistos na tela grande, senti falta disto", diz ele.
O longa foi rodado no interior de Minas. Acompanha Marcelo di Souza, personagem real, um vaqueiro cuja vida é transformada após um grande assalto (120 cabeças de gado foram roubadas, e o personagem foi feito refém) na fazenda onde trabalha. Produzido pela Videofilmes, dos irmãos Walter e João Moreira Salles, "Querência" teve première no Festival de Berlim, em 2019.
Programação
Terça (18/4)
>> "2 homens" (2001)
>> "Alma nua" (2003)
>> "Nascente" (2005)
>> "Trecho" (coridigido com Clarissa Campolina, 2006)
>> "Nem marcha nem chouta" (2009)
>> "Primeiros rascunhos sob Gilberto Antunes" (codirigido com Pablo Lobato, 2003)
>> "O canto do Rocha" (2012)
>> "Fernando que ganhou um pássaro do mar" (codirigido com Felipe Bragança, 2013)
*Todos os títulos são curtas-metragens.
Quarta (19/4)
>> Longa "Querência" (2020). Sessão comentada pelo diretor
RETROSPECTIVA HELVÉCIO MARINS JR.
Nestas terça (18/4) e quarta-feiras (19/4), às 19h, no Cine Santa Tereza,
• Rua Estrela do Sul, 89, Praça Duque de Caxias.
• Entrada franca.
• Ingressos devem ser retirados na bilheteria, 30 minutos antes da sessão, ou pelo site Sympla.
• Rua Estrela do Sul, 89, Praça Duque de Caxias.
• Entrada franca.
• Ingressos devem ser retirados na bilheteria, 30 minutos antes da sessão, ou pelo site Sympla.
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