A paraibana Flay iniciou sua trajetória musical, há 15 anos, como cantora de forró com grande reconhecimento na Região Nordeste do país. Mas foi no reality show “Big Brother Brasil 20” que ela ficou mais conhecido no Brasil e agora, três anos depois, se consagrou a grande campeã do “The Masked Singer” como a DJ Vitória Régia.
Em paralelo a essas conquistas, a artista virou a chave na carreira e migrou para o pop em seu primeiro álbum, intitulado “Imperfeita”. Em entrevista ao Estado de Minas, a cantora refletiu sobre as dificuldades de ganhar espaço neste cenário.
Em paralelo a essas conquistas, a artista virou a chave na carreira e migrou para o pop em seu primeiro álbum, intitulado “Imperfeita”. Em entrevista ao Estado de Minas, a cantora refletiu sobre as dificuldades de ganhar espaço neste cenário.
De acordo com Flay, a música sempre esteve presente em sua vida. “Desde que eu era criança as minhas lembranças cantando são mais fortes que a minha própria infância. Mas era aquela coisa: cantarolava em casa, para a família. Tinham algumas bandas na minha cidade que faziam ensaio e eu ia assistir. Eu fiquei sabendo que uma dessas bandas estava precisando de cantora e fui fazer o teste, chegando lá eu cantei e o dono da banda adorou, fui aprovada”, relembra, quando já tinha por volta dos 12 anos. “Eu estudava e cantava. Nunca fiz outra coisa além de cantar”, acrescenta.
Quando sua carreira já estava consolidada no nordeste, ela foi selecionada para o Big Brother Brasil 20 e ganhou reconhecimento nacional. “Meu trabalho era muito conhecido na região do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, mas era algo regional e é muito comum no nordeste das bandas terem esse sucesso muito fechado ali. Quando eu entrei no BBB a ideia era expandir o público. Eu acho que consegui aproveitar muito bem essa oportunidade para me mostrar como cantora”, afirma.
Segundo ela, as “polêmicas” em que se envolver durante o reality refletiram sua própria autenticidade como artista. “Todo mundo tem seus desafetos dentro do reality, faz parte do jogo. Graças a Deus nunca tive uma fala problemática dentro, então encaro como dificuldades de convivência ali que é completamente normal. Sempre tive muito orgulho da minha passagem pelo BBB e está tudo bem não estar certo sempre, acho que isso tem muito a ver com minha autenticidade como artista também. Não sou de fazer personagem, então acho que isso mescla muito bem e fui usando as oportunidades para ir mostrando meu trabalho musical, artístico”, explica.
Parcerias
Logo após sua saída do programa, Flay investiu no lançamento de vários singles com parcerias potentes, como Jerry Smith, Lucas Lucco, Bárbara Labres. Ela conta que foi uma grande conquista: “Cada vez que eu conseguia fazer um feat com uma pessoa que eu já admirava de antes eu ficava muito feliz e fazia de tudo para que fosse o melhor possível para meu parceiro também. Depois de tanta luta a gente mostra um trabalho que a pessoa gosta a ponto de querer somar, então fico muito feliz.”
“Tirei muitos aprendizados, como o lance de colaborar. Não era algo comum antes na minha carreira e é legal porque a gente junta um pouco da personalidade de um, musicalidade do outro. Então foram pessoas que dentro dos clipes eu dirigi e para mim isso foi muito legal”, completa.
Covers que ‘furaram a bolha’
No meio deste processo, ela compartilhou um cover da música “Easy on me”, de Adele, que ganhou grande repercussão. A cantora avalia que esse foi um ponto de virada para sua carreira. Até o fechamento desta matéria, o vídeo no YouTube contava com mais de 216 mil visualizações.
“Eu cantava forró, vim em uma sequência de três grandes lançamentos e não deram certo e despretensiosamente eu lancei o cover. Rompeu a bolha, saiu em todo canto, recebi mensagem de vários cantores, como a Iza, Ferrugem. Aquilo me ligou: ‘Poxa, será que é o momento de mostrar meu diferencial no canto?’. Porque eu estava escondendo isso cantando algo mais voltado para dança e plataformas e talvez fosse o momento de fazer isso”, reflete.
“Eu lancei outro cover que foi da Whitney Houston e rompeu barreiras, aí veio amadurecendo em mim a ideia, já que eu tive um reconhecimento. Então eu pensei: ‘O que eu busco não é fama, dinheiro com arte e música. É um reconhecimento que toca as pessoas’. Foi a partir desse momento que virou a chave para mim. É realmente algo que deveria acontecer. Me mostrou de uma outra forma, levou minhas apresentações a um outro nível”, diz. Assista:
The Masked Singer
O ano foi intenso para Flay, que participou do 'The Masked Singer Brasil', como DJ Vitória Régia. Segundo ela, foram os covers que abriram esta porta.
Ela foi a grande campeã do programa e relata o sentimento: "Foi um momento de muita felicidade, gratidão. Foram anos dedicados à música. No pós-BBB a gente tem que trabalhar 10 vezes mais depois que vira ex-BBB para mostrar sua profissão, para marcar porque parece que a gente nunca teve uma história antes, o que é muito estranho para mim porque sempre fui cantora."
"Então naquele momento foi uma consagração, um presente de Deus por uma vida inteira dedicada à música, nunca fiz outra coisa da vida. É um momento que você pensa: ‘Valeu à pena. Estou aqui por mérito, não teve nada que fez eu ganhar que não fosse minha própria dedicação, meu próprio talento’. Então fico muito feliz porque eu ganhei aquele programa três anos pós-BBB num momento essencial para mim que eu estava lançando um álbum pop e R&B, então foi uma consagração, um reconhecimento", comemora.
Primeiro álbum
Em março, a cantora lançou seu primeiro álbum de estúdio, o “Imperfeita”, que conta com 13 faixas - incluindo uma que ainda não foi divulgada. Segundo a artista, todo o processo - entre composição, produção, roteiro, clipe - durou cerca de um ano. “Eu tive que entender minha verdade artística e assumir porque o forró, piseiro, sertanejo eram minha zona de conforto no sentido comercial da música nacional”, aponta.
Ela continua: “Eu estava na ‘pilha’ de que precisava viralizar uma dança para as pessoas me reconhecerem como cantora, sendo que sempre fui muito reconhecida e respeitada na minha região. Era uma nova situação que eu precisava assumir minha verdade e não ceder tanto ao mercado, foi nesse momento que eu falei que precisava cantar minha essência, o que eu sempre quis ser e decidi começar o álbum”.
“Foi quando veio a ideia de basicamente escrever um álbum autobiográfico, que conta minha história mais em relacionamentos e as coisas mais marcantes até os dias atuais. Foi uma fase como se fosse uma grande terapia”, ressalta.
Para a cantorra, a escolha de explorar este lado pop e R&B foi pensado junto com a percepção sobre o seu crescimento musical. “Queria muito trazer uma sonoridade que lembrasse as grandes divas que foram minhas maiores influências ao longo da minha vida. Cresci escutando a Beyoncé, Jessie J, Whitney Houston, que são cantoras fantásticas, atemporais e raras de encontrar, principalmente hoje em dia. Quis trazer uma black music mais presente no R&B. Acho que essas são as principais que eu deixei mais presente no tipo dos arranjos vocais, no estilo da música”, afirma.
Dificuldades no pop
Mas entrar no mercado da música pop tem suas dificuldades, que Flay reflete: “É uma dificuldade do cenário, vejo isso principalmente no pop. Não é uma rivalidade, mas é uma questão que as pessoas só te dão uma moral quando você já está no nível delas. Eu digo isso musicalmente, não importa se você tem talento. O que está valendo mais no mercado são os números. Isso é uma dificuldade muito grande e não é um pensamento só meu, é de todo mundo que está aí na caminhada.”
Apesar disso, ela se sente preparada para enfrentar os obstáculos. “Sempre me preparei para isso. O cenário também nunca foi favorável no sertanejo, embora seja mais amigável. No forró é diferente, as pessoas se abraçam e se ajudam bastante, dão oportunidades umas para as outras. Então fiquei um pouco assustada, mas estou preparada. Estou trabalhando com minha verdade, não estou nessa loucura e uma busca desesperada por números, estou nessa busca de tocar o coração das pessoas, de ser uma artista única dentro desse país e vou continuar trabalhando para isso”, conclui.
Agora, seus planos são de se preparar para o primeiro show pop. A artista irá estrear sua turnê na festa “ANTES DE MEIA-NOITE”, na Áudio, em São Paulo, dia 02 de julho. As vendas já estão abertas em Ticket360 ou na própria bilheteria da casa de shows.