Vestido de preto, no palco, o maestro José Soares gesticula, regendo a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais

O maestro José Soares rege a segunda edição do ano da série "Concertos para a juventude", desta vez com destaque à melodia, e espera ver "mais e mais crianças" na plateia

Luciano Viana/Divulgação

Maestro associado da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, José Soares não se lembra do primeiro concerto a que assistiu. Nem haveria como, era um bebê no carrinho com os pais, como reforça a fotografia desse seu encontro inicial com a música. “Eu, que tive o privilégio de ir desde pequeno a concertos, quero é que eles tenham mais e mais crianças. Pois este é o futuro”, afirma.

Desde que assumiu o posto na orquestra, há três anos, Soares se tornou o regente titular da série “Concertos para a juventude”, dedicada à formação de novas plateias. Neste domingo (23/4), a partir das 11h, ele rege a segunda das seis edições previstas para 2023. Desta vez, o tema será a melodia. 

“Todo o repertório é selecionado pensando na proposta de formação de público. Como neste ano estamos trabalhando na série os fundamentos da música, que são os ingredientes básicos para fazer qualquer receita musical, cada música é escolhida para ilustrar o que quero passar para a plateia”, diz Soares.
 

Surpresa

A primeira edição foi dedicada ao ritmo; as demais serão sobre harmonia e contraponto, formas e narrativas e orquestração. “Para tratar da melodia, primeiro vamos atrás do que é isto, o que significa uma canção. Vamos começar o concerto no passado, com uma obra (‘Sonata XIII’, de Gabrieli) que não foi escrita para instrumentos específicos, mas para um conjunto de grupos de instrumentos aleatórios. Neste caso, haverá uma pequena surpresa na posição dos músicos”, explica.

Na sequência, será executada a “Cantata nº 156: Arioso”, orquestração de Stokowski para melodia de Bach. “É para ver como uma melodia pode ser impactante e o que outras pessoas podem fazer a partir dela”, aponta Soares, acrescentando que muitos poderão reconhecer a mesma melodia em “Céu de Santo Amaro”, canção de Flávio Venturini.

Primeiro oboísta da Filarmônica, Alexandre Barros será o solista do segundo movimento do “Concerto para oboé em dó maior”, de Mozart. A evolução da melodia para a linguagem da ópera será vista a seguir, com a abertura de “A força do destino”, de Verdi. “São temas melódicos muito fortes, o que vai representar um contraste com a melodia da ‘Serenata para cordas’, de Tchaikovsky”, continua o regente.

O concerto avança explorando a melodia na tradição folclórica, com “Danças folclóricas romenas”, de Bela Bártok, e termina com o tema para cinema “Parque jurássico”, de John Williams. “Nestes concertos, além da parte musical, existe uma parte de interlocução direta com o público, o que demanda outra abordagem. Isto, de nenhuma forma, deixa de lado a questão musical, só cria outro foco de atenção e energia”, comenta Soares. 
 

CONCERTOS PARA A JUVENTUDE

Neste domingo (23/4), às 11h, na Sala Minas Gerais, Rua Tenente Brito Melo, 1.090, Barro Preto. Entrada franca. Ingressos serão distribuídos na bilheteria, a partir das 9h (limitados a dois por pessoa) de domingo. O concerto será transmitido pelo canal da Filarmônica no YouTube e pela rádio MEC FM 87,1.