Ana Bouissou apresenta coletânea de peças bordadas em 2020 e 2021, durante o período de isolamento social, na mostra “Consciência é o verbo”, em cartaz na galeria da Assembleia.
Leitora de antropologia e filosofia, a artista acredita que a costura perpassa gerações, carregando histórias e particularidades individuais e coletivas.
“Ficar isolada me proporcionou contato mais direto com todo o conhecimento que eu já estava estudando. O bordado surgiu como forma de amarrá-lo a minhas memórias. Fui vendo o quão importante é perceber todas as dificuldades do ser humano”, diz.
Ana Bouissou descobriu nos trabalhos manuais uma forma de expressão. “Tive contato com bordado, crochê e tricô por meio das minhas avós e da minha mãe. Achava aquilo um tédio, não havia liberdade para criar, eram receitas prontas”, relembra.
“Quando descobri o bordado livre, veio a memória afetiva daquilo que elas me ensinaram, mas com a liberdade de aplicar a costura sem uma receita.”
A trilha do jeans
Na galeria, pedaços de jeans estão dispostos de maneira a representar elementos simbólicos impregnados de vivências, experiências, emoções, aprendizados e memórias. As pessoas podem escrever relatos e recados naqueles retalhos.
“Poucas pessoas na vida não experimentaram uma calça jeans. Ela carrega vivências e histórias”, afirma Ana. “Construí o caminho de jeans para questionar quais as sementes que você gostaria de cultivar durante sua trajetória.”
As peças estão dispostas numa trilha que leva ao espelho. “Quando a pessoa se enxerga no espelho, ela está vendo, vivendo e cultivando tudo o que depende dela, não do outro”, observa.
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A exposição, aberta em 17 de abril, acumula dezenas de relatos nos suportes de pano. Para Ana Bouissou, esses escritos fazem parte de trajetórias que se encontram e se reconhecem.
“É um trabalho afetivo, algo pessoal para mim e para quem visita (a mostra). Sou eu para o mundo, esta é minha obra”, afirma a artista.
“CONSCIÊNCIA É O VERBO”
Exposição de Ana Bouissou. Galeria da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (Rua Rodrigues Caldas, 30, Santo Agostinho). Aberta de segunda a sexta, das 8h às 18h. Até 5 de maio. Entrada franca.
*Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria