Se há 20 anos alguém dissesse a Edmilson Filho e Halder Gomes que um curta-metragem em torno de um proprietário de cinema no interior do Ceará, nos anos 1970, falado em “cearencês”, seria desdobrado em dois longas e uma série de TV, os cabas da peste iriam rir na cara do interlocutor. 





Mas, como o mundo dá voltas e voltinhas, hoje (27/4) a história é outra, e Edmilson não sabe onde colocar o coração cheio de alegria e felicidade com a estreia, na Globo, da terceira temporada da série “Cine Holliúdy”.  

“Acho que é uma história única no audiovisual mundial”, afirma, lembrando que tudo começou em 2001, com o curta “Cine Holiúdy – O astista contra o caba do mal”. Uma década depois, veio o longa “Cine Holliúdy” (2012) e a sequência “Cine Holliúdy 2: A Chibata sideral” (2018).

A primeira temporada da série estreou na Globo há quatro anos.  Filme e série foram reconhecidos, em 2014 e 2020, no Prêmio do Cinema Brasileiro, na categoria melhor longa-metragem de comédia e melhor série de ficção da TV aberta.


Pacto com o diabo

Durante coletiva on-line, na semana passada, que reuniu parte do elenco e direção da série, Edmilson disse que, diferentemente das temporadas anteriores, Francisgleydson, seu personagem, cometerá erros.  “Talvez o maior deles seja o pacto com o diabo (Alexandre Borges). E ele terá que resolver esse grande problema”, aponta o roteirista da série, Márcio Wilson.




Além das pendências com o sete pele, Francis ainda está se curando do fim do relacionamento com Francisca (Luisa Arraes), que foi embora de Pitombas no último capítulo da segunda temporada. Ele também tem que encarar a falência do cinema e um novo amor, Rosalinda (Larissa Goes), cantora de forró que está em turnê pela cidade.

A animação em Pitombas não para por aí. Acusada de corrupção, a prefeita Socorro (Heloísa Périssé) acredita que só se passando por homem (Tião) poderá ser ouvida e respeitada.

Leia tambémRelembre 10 séries que marcaram a história da TV e do streaming

Francisgleydson é, na opinião de Edmilson, um homem com um coração puro. O personagem foi inspirado, segundo o ator, no cearense que resolve as coisas na ponta da língua, que não leva desaforo para casa. “Ele tem essa coisa do humor verbalizado que fazemos no Ceará”, diz.





Revela ainda que, não somente Francis, como todos os demais personagens que criou têm um pouco do próprio Edmilson. “Modéstia à parte, tenho um certo carisma. E as pessoas gostam desse carisma. Às vezes tento até me podar e me pergunto se não estou sendo carismático demais.”  No set, Edmilson afirma que quer dividir, compartilhar com os colegas. “Quero que todo mundo brilhe tanto quanto.”   

Colega de Edmilson na série, Matheus Nachtergaele (Olegário) afirma que o ator representa, por meio de Francis, não somente o homem nordestino, como também a aspiração de que a arte brasileira tenha representatividade e respeito. “Ele é o Brasil que sonha em ser respeitado sendo brasileiro. E nós, que fazemos parte do núcleo da prefeitura, somos a caretice, somos aquilo que atrapalha o sonho.”

Novos atores

Estreantes na série, Larissa Goes e Alexandre Borges não escondiam o entusiasmo com o projeto. A atriz diz que acompanhou “Cine Holliúdy”, mas nunca se imaginou integrando o elenco da produção. Por isso, para ela, estar no set e ver como todo aquele mecanismo funcionava foi desafiador. 

Sobre Rosalinda, sua personagem, diz que ela tem leveza e também um peso de determinação. “Quando ela encuca com uma coisa, vai até o fim. Ela tem independência, sabe o que quer. Gosto disso, bastante”, observa.





Alexandre também é fã da série e do filme, que avalia terem uma trajetória impressionante. Na opinião do ator, “Cine Holliúdy” trouxe um frescor à cinematografia brasileira. “Trouxe essa identidade tão bem-vinda à cultura brasileira. Fico muito contente em ver todo esse sucesso e mostrar que as pessoas são capazes de furar uma bolha, mostrando que há caminhos para outros estados, outros artistas aparecerem”.

Alexandre Borges cita também o fato de a série mostrar um retrato do Brasil atual como outra qualidade do produto. “Apesar de a série se passar em outra época, fora do tempo e do espaço, ela mostra um pouco o que é o Brasil atual de forma bem humorada”, comenta, dizendo acreditar que, como a comédia envolve mais as pessoas, elas absorvem melhor a mensagem.

Sobre seu personagem, afirma que o capeta foi baseado na literatura de cordel. “O diabo chuta o balde para falar os absurdos de um texto bem escrito”, elogia. Para o ator, estamos precisando da leveza que a série oferece.





A segunda e a terceira temporadas de “ Cine Holliúdy” foram gravadas em uma batida só, como descreveu Patrícia Pedrosa, diretora artística da série. Foi a forma encontrada para resolver o problema de agenda do elenco.  Ela lembra que, da primeira para a segunda temporada, a locação saiu de Areia, no interior de São Paulo, para os estúdios Globo, no Rio de Janeiro, com direito a cidade cenográfica.   

Em relação às anteriores, a nova temporada, segundo Patrícia, apresenta certa mudança no tom, com aprofundamento em comportamentos e tramas. A diretora artística comemora o fato de a série ser, ao mesmo tempo, popular e cult. “Muito difícil ter uma série na TV aberta que consiga pegar o público que gosta do popular e esse lado cult da comédia. Passeamos muito bem pelos dois universos”, diz, torcendo para que a quarta temporada seja confirmada.

“CINE HOLLIÚDY”
• Estreia da terceira temporada da série em 12 episódios, nesta quinta (27/4), às 22h35, na Globo.

compartilhe