Músicos do Clube do Choro de Brasília sorriem para a câmera

Músicos do Clube do Choro de Brasília se apresentam domingo (30/4), na Praça Duque de Caxias, em Santa Tereza

Mauro Araújo/divulgação

Músicos de São Paulo, Belo Horizonte, Betim, Niterói e Brasília vão se reunir na 12ª edição do projeto BH Choro, atração do feriado na Praça Duque de Caxias, no Bairro Santa Tereza. Com entrada franca, a programação terá shows e palestras. 


Tudo começou em 2008, relembra Ramos. “Naquela época, o choro era restrito a ambientes fechados na capital mineira. Tinha audiência em casas, bares e até um pouco nas ruas. Quando foi realizado o primeiro BH Choro, na praça de Santa Tereza, apresentamos grandes nomes como Hamilton de Holanda, Paulo Moura e o Clube do Choro de BH, entre outras atrações.”
 

Desde então, o evento buscou atrair a atenção do público. “O BH Choro contribuiu  para que o gênero tomasse outro formato em Belo Horizonte, para que houvesse também eventos de rua”, afirma.

 

Por vários anos, o projeto fez parte da Festa da Música, promoção do jornal Estado de Minas. “Hoje, a capital mineira tem apresentações de choro ao vivo em todos os dias da semana. Isso é sensacional”, comemora Paulo Ramos.

Intercâmbio de artistas

A 12ª edição do projeto receberá clubes de choro de outros estados com o propósito de estimular o intercâmbio entre instrumentistas, além da formação de público.

“A formação de plateia e o despertar de vocações estão muito ligados ao trabalho dos clubes de choro, pois eles incentivam, promovem festivais e criam vínculos entre as cidades e os músicos”, destaca o produtor. “Existe um belo caso de amor entre Belo Horizonte e o choro, o que, inclusive, deu nome à composição de Geraldinho Alvarenga e Paulinho Pedra Azul”, informa Ramos.
 
Músicos do Grupo do Choro de BH sorriem para a câmera

Grupo do Choro de BH é uma das atrações do encontro de chorões

Júnior Conegundes/divulgação
 

Estarão em BH grupos que nunca se apresentaram na cidade, vindos de Santos e de Brasília. “Já o pessoal de Niterói toca aqui desde a época do Zé da Velha (respeitado trombonista que sempre está em BH). Prestigiamos também Betim, onde existe um grupo de choro muito bom, e o Clube do Choro de BH, que está completando 17 anos. Decidimos colocar dois grupos de Belo Horizonte, ambos de muita qualidade”, diz Paulo Ramos.

“Nesta edição, vamos saber como é o choro de Santos, se é mais sincopado, mais puxado para a gafieira, se é um choro jazz. Como será o de Brasília?”, questiona Paulo. “O de Niterói a gente já conhece. Nosso evento é oportunidade para quem toca e gosta de choro saber o que acontece em outros lugares.”

Neste sábado (29/4), a partir das 16h, haverá a palestra “Vida de músico de choro – Alegrias e percalços”, com Hélio Pereira e José Cicero, autodidatas de BH, com mediação do jornalista Acir Antão. A seguir, vão se apresentar integrantes de clubes do choro de Santos e de Betim.
 

Brasília: referência no ensino do choro

História e memória são fundamentais, afirma Paulo Ramos. “No domingo, a palestra será sobre o ensino de choro, com o Henrique Neto, filho do Reco do Bandolim, de Brasília. Reco é o presidente da Escola Raphael Rabello, que funciona lá. Também participa o Marcos Flávio Freitas, o Marcão do Trombone, professor da UFMG, que tem a sua orquestra de choro.”

Reco do Bandolim conta que a escola brasiliense, criada há 23 anos, ensina cavaquinho com base na obra de Waldir Azevedo; bandolim com base no trabalho de Jacó do Bandolim; e flauta com base em Pixinguinha. “Achamos muito importante o aluno conhecer de onde vem (o choro). Se ele quer inovar, não poderá fazer isso sem saber o que havia antes”, afirma.
 
A Escola Raphael Rabello estimula o aluno a criar, ressalta Reco. “Percebo o choro para além de gênero musical, mas como linguagem aberta e generosa”, diz. Segundo ele, isso norteia o repertório que o grupo brasiliense vai tocar em BH. “A gente apresenta uma música de Zé Menezes, 'Bossa nº 1', choro moderno. Por outro lado, tem coisas de Ernesto Nazareth.”

Também são contemplados autores que ajudaram a construir a música brasileira moderna – Ary Barroso, Baden Powell e Tom Jobim –, além de Sivuca, Luiz Gonzaga, Gilberto Gil e Caetano Veloso, “mas tudo dentro da linguagem do choro”, avisa Reco do Bandolim.

BH CHORO

Neste sábado (29/4)

• 16h: Palestra “Vida de músico de choro – Alegrias e Percalços”, com Hélio Pereira, José Cicero e Acir Antão
• 18h: Show do Clube do Choro de Santos
• 20h: Show do Clube do Choro de Betim

Domingo (30/4)

• 16h: Palestra “A formação de músico de choro – Ensino e prática”, com Marcos Flávio Freitas, Henrique Neto e
Marcelo Chiaretti
• 18h: Show do Clube do Choro de Belo Horizonte
• 20h: Show do Clube do Choro de Brasília

Segunda-feira (1/5)

• 16h: Palestra “Eventos de choro em praça pública – Experiências”, com Silvério Pontes, Paulo Ramos e Silvio Carlos
• 18h: Show da Velha Guarda do Clube do Choro de BH
• 20h: Show do Clube do Choro de Niterói

• Praça Duque de Caxias, no Bairro Santa Tereza. Entrada franca