A praça Floriano Peixoto, no Bairro Santa Efigênia, abriga, neste fim de semana, o retorno do Festival Sabiá – evento que, conforme diz um de seus organizadores, Samir Caetano, “parou logo quando começou”. A primeira edição foi realizada em 2019, e os preparativos para uma segunda já estavam em curso no momento em que a pandemia chegou e o projeto teve que ser abortado.





Direcionado ao público com mais de 50 anos e idealizado com o propósito de refletir sobre o envelhecimento saudável, o festival retoma o formato presencial com o tema “Sabiá na praça – Cultura, maturidade, memórias e mineirices”. A programação prevê mais de 25 atrações gratuitas, com apresentações de música, dança, teatro e diversas oficinas, sem necessidade de inscrição prévia.

“A gente está muito feliz de conseguir voltar para a rua depois desse hiato que vivemos. Em 2020, estávamos nos preparando para fazer a segunda edição, pensada com carinho para o espaço público, e veio a pandemia”, diz Débora Campos, também organizadora do evento. Ela explica que não houve outra saída senão readequar o Festival Sabiá para o ambiente virtual.

Durante o período de isolamento social, foram coletados, por meio de chamamentos, e reunidos em um portal vídeos de pessoas diversas registrando suas memórias afetivas ligadas às artes. “Foi bonito, funcionou, foram mais de 150 vídeos, mas agora temos a oportunidade de voltar para o espaço aberto, que é o ambiente natural do Sabiá”, diz a produtora.



Diversidade dá o tom

Ao comentar a programação, ela chama a atenção para a diversidade que pautou a escolha dos grupos e artistas que vão se apresentar.

 

“Tentamos contemplar todos os tipos de pessoas possíveis, transexuais, negros, negras, deficientes visuais, portadores de transtornos mentais, pensando que todo mundo, indistintamente, vai envelhecer, e envelhecer é uma arte”, explica, destacando que a maior parte das atrações tem mais de 50 anos.

 

Maurício Tizumba vai apresentar "Galanga Chico Rei"

(foto: Tomas Bodolay/divulgação)
 


O Festival Sabiá começa na manhã deste sábado (29/4), com a oficina de percussão “Experimentando os sons”, com Danuza Menezes. Na sequência, o público acompanha uma oficina de dança voltada para o público 50+, uma cena curta protagonizada pelo poeta Dudu Melo, a apresentação do Coro Sabiá, regido pelo maestro Arnon Oliveira, e narração de história conduzida por Elisa Almeida.

A tarde abre com a dança afro da Cia. Baobá Minas. Em seguida, as integrantes do grupo Teatro Entre Elas encenam a esquete “Nos passos do tempo”; a poeta, cantora, compositora, autora teatral e designer de jogos transexual Carline faz uma apresentação poético-musical; a dupla Lu e Celinha Braga entretém o público com música e causos; Cida Falabella mostra a cena curta “Outono”; e o Grupo Giramundo encena “Um baú de fundo fundo”.




 
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Rainhas do samba

Para encerrar o primeiro dia de programação, o Festival Sabiá será palco de uma grande roda de samba comandada pelo músico e compositor Thiago Delegado, com o Delegas Samba Clube recebendo as “rainhas do samba” de Belo Horizonte: Tia Elza, Dona Elisa e Dona Jandira. Durante a apresentação, professores de dança de salão ensinarão passos básicos de estilos musicais como samba de gafieira e soltinho.

 

 


Amanhã (30/4), a programação começa com uma oficina de dança voltada especialmente para idosos e outra, de croquis, ministrada pelo arquiteto Rogério Braga. Maurício Tizumba é a atração seguinte, com a peça “Galanga Chico Rei”. O show do Trio Mitre, formado por Kiko Mitre (baixo), Luísa Mitre (piano) e Natália Mitre (bateria), encerra os trabalhos na parte da manhã.

À tarde, o público pode participar da oficina de fotografia com celular ministrada por Nélio Costa, acompanhar a performance “Louca da laje”, do grupo Sapos e Afogados, e assistir ao show do coletivo Abre a Roda Mulheres no Choro. A programação se completa com outros dois shows: da dupla formada por Célio Balona e Christiano Caldas, e do cantor, compositor e violeiro Wilson Dias, que se apresenta acompanhado do filho, Wallace.




 

Dona Jandira, um dos destaques do festival, e outras "rainhas do samba" serão recebidas por Thiago Delegado e Delegas Samba Clube

(foto: Bárbara Profeta/divulgação)
 
 
Débora Campos diz que a curadoria foi orientada pelo desejo de dar protagonismo para o "público 50", o que diz respeito tanto aos artistas quanto à plateia.
 
“Fico muito feliz em poder contribuir com uma programação tão rica. Levar o Giramundo, com 50 anos de trajetória, ao palco, e também Tizumba, as rainhas do samba, todas as atrações, é muito inspirador. O intuito é fortalecer a ideia de envelhecer bem, ativamente”, pontua.

Ela destaca que a percepção de uma lacuna de eventos voltados para esse público foi o mote para a criação do Festival Sabiá. “Sempre fui produtora cultural e sempre observei que todo o calendário cultural da cidade era voltado para os jovens. Eu via que tinha esse 'público 50' querendo aproveitar oportunidades, mas sem encontrar espaço. Pensei: um dia eu vou chegar lá, vou ser uma produtora velha. E começamos a construir esse projeto.”

“FESTIVAL SABIÁ NA PRAÇA – CULTURA, MATURIDADE, MEMÓRIAS E MINEIRICES”

Vinte e cinco atrações. Neste sábado (29/4) e domingo (30/4), das 9h às 18h, na Praça Floriano Peixoto, no Bairro Santa Efigênia. Gratuito. Programação completa:  https://www.portalsabia.com.br/.
 

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