O novo projeto de Mauricio Tizumba, “Tambores no parque", levará música ao vivo aos espaços públicos de Belo Horizonte. A estreia será nesta segunda (1º de Maio), Dia do Trabalhador, no Parque Ecológico 1º de Maio, na Região Norte da capital mineira.
Tizumba já possui fortes laços culturais com BH e, agora, propõe levar a cultura afro-mineira a todos os cantos da capital. “Eu amo essa cidade, já fiz muita coisa por aqui e tenho uma ligação muito forte com todas as regiões. Já até tive oportunidades de sair, mas fiz a escolha de permanecer aqui e acho que vou ficar para sempre”, afirma.
Em 2023, Tizumba completa 50 anos de carreira e vê a oportunidade de realizar o “Tambores no parque” como uma ótima forma de celebrar as cinco décadas como multiartista. Ele cita Milton Nascimento e Fernando Brant ao dizer que seu objetivo é “ir aonde o povo está”, como Bituca eternizou em “'Nos bailes da vida”.
HABITAT UNIVERSAL
Para Tizumba, a descentralização da cultura é sinônimo de democracia. “Quem fica cantando só no seu habitat perde a oportunidade de se tornar universal, de ter a sua arte chegando até as pessoas, onde elas estiverem. Às vezes, você pensa que a arte está chegando em outros lugares, mas não está”, diz.
A apresentação será dividida em dois momentos. No primeiro, os músicos farão uma caminhada pelo parque em um cortejo com músicas da tradição congadeira. Logo após o cortejo, Tizumba apresenta com os músicos convidados – Elisa de Sena, Bruno Messias e Juju Brito – faixas do seu repertório autoral.
Os três convidados foram alunos de oficinas realizadas por Tizumba há cerca de 20 anos. Com o passar do tempo, cada um deles foi construindo uma carreira na música de percussão e agora se reencontram para tocar juntos. "Eles começaram tocando tambor comigo na adolescência, por isso, convidei os três para estarem comigo neste projeto. Eles também conhecem bem as minhas músicas e o meu jeito de tocar e cantar”, relembra o músico.
NA PERIFERIA
Com o objetivo de levar a cultura para “fora” da Contorno e promover a democratização da arte, a segunda apresentação já está marcada para acontecer no Parque Burle Marx, no Barreiro. Na última quarta (26/4), o artista realizou um ensaio aberto do espetáculo no Museu Clube da Esquina e diz que o “batuque feliz” já está garantido.
Tizumba afirma ainda que tem muito a agradecer à população de BH. “Sempre gostei dessa coisa de ir para fora. Como eu sou congadeiro, toco mais nas periferias e acho isso muito bom. É muito gostoso levar o meu trabalho para essas regiões. As pessoas recebem a gente com tanto carinho e alegria… isso me faz muito bem. É bom estar fora do Centro.”
Além da estreia do novo projeto de Tizumba, o último fim de semana marcou o encerramento das apresentações da peça “Herança”, que reúne lembranças do passado ancestral dos atores em cena. Em um balanço das apresentações, o músico e ator vê a montagem como um sucesso e atribui os resultados positivos (atores com segurança no palco e casa cheia) à união entre o elenco e a produção.
PROJETOS
Aos 65 anos de idade, Tizumba está com a agenda cheia e “muitos” planos. “Só paro na hora de tombar. Como não sei a hora de tombar, então vamos trabalhar”, brincou o congadeiro. Entre os planos, estão uma remontagem de “Viva o povo brasileiro”, de João Ubaldo Ribeiro, e o lançamento de mais dois discos, um com músicas sobre a umbanda e outro cantando os sucessos de Vander Lee.
Ele finaliza afirmando estar pronto para todas as possibilidades que surgirem, sempre em busca de não fazer “mais do mesmo”. “Trabalho há 50 anos dentro dessa cidade e sempre trabalhei muito. Não fiz trabalhos esporádicos de ano em ano, eu faço shows todos os dias e a toda hora.”
* Estagiária sob a supervisão da subeditora Tetê Monteiro
“TAMBORES NO PARQUE”
• Com Mauricio Tizumba. Nesta segunda (1º de maio), às 14h30, no Parque Ecológico 1º de • Maio (Rua Joana D'arc, 190 – Bairro Primeiro de Maio). Em 14 de maio, domingo, no Parque Burle Marx – Parque das Águas (Avenida Ximango, 809 – Bairro Flávio Marques Lisboa / Barreiro). Entrada gratuita.