A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood anunciou nesta semana mudanças significativas para a campanha do Oscar de 2024. As alterações vieram logo após os incidentes que marcaram a última edição da premiação: a nomeação inesperada da britânica Andrea Riseborough como melhor atriz por sua performance em “To Leslie” e atitudes questionáveis dos atores Tom Cruise e Michelle Yeoh em suas respectivas campanhas pelos filmes “Top gun: Maverick” e “Tudo em todo lugar ao mesmo tempo”, respectivamente.
“To Leslie” foi um filme gravado de maneira independente e com baixo orçamento. Teve resultado de bilheteria insignificante e não participou de outras premiações importantes, o que gerou burburinho após a indicação da protagonista para concorrer a uma das estatuetas mais disputadas da noite do Oscar.
Uma das principais regras da Academia para as campanhas por indicações é a proibição do contato direto entre a produção dos filmes e os membros votantes para divulgar candidaturas, e foi justamente essa a suspeita que girou em torno do filme estrelado por Andrea Riseborough.
Investigações confirmaram que integrantes da produção entraram em contato com dezenas de estrelas de Hollywood em busca de apoio, por meio de contatos da bem relacionada esposa do diretor do filme, Mary McCormack. Nomes de peso, como Gwyneth Paltrow, Edward Norton e Courteney Cox, participaram de uma campanha de divulgação feita nas redes sociais, dirigindo uma chuva de elogios à atuação da atriz.
Além disso, os membros da equipe do longa organizaram exibições e pagaram anúncios em veículos para vender o trabalho aos votantes.
O caso gerou diversas críticas, mas a Academia decidiu manter a indicação de Riseborough. Em nota, a organização afirmou: "A Academia determinou que a ação em questão não chega ao nível de remover a indicação do filme (...) no entanto, descobrimos táticas nas redes sociais e de campanha que causam preocupação”. "A Academia busca criar um ambiente no qual os votos são baseados apenas nos méritos artísticos e técnicos dos filmes elegíveis", acrescentou.
Festa
Na edição deste ano do Oscar, outros dois casos também geraram polêmicas. No primeiro, uma festa financiada pelo produtor de "Top gun: Maverick" contou com a presença do astro Tom Cruise e de vários membros votantes do prêmio.
No segundo caso, Michelle Yeoh (que acabou levando a estatueta de melhor atriz) compartilhou uma publicação que questionava se a também indicada Cate Blanchett merecia o prêmio. Referências a competidores nas redes sociais também não são permitidas pela Academia, e o post foi apagado logo em seguida.
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Depois da cerimônia deste ano, a presidente da Academia, Janet Yang, disse que os episódios foram um sinal de alerta. Na última segunda-feira (1/5), a entidade divulgou a revisão da regulamentação das normas para a 96ª edição da premiação, marcada para 10 de março do ano que vem.
As regras trazem definição mais detalhada de como os estúdios podem conduzir suas campanhas por indicações e barram ações que podem ser vistas como uso de influência.
Uma das mudanças mais notáveis foi a permissão de encontros e eventos privados com membros da Academia, desde que estes não sejam organizados ou divulgados pelos estúdios. Já a menção a concorrentes nas redes sociais permanece estritamente proibida.
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Os votantes e membros da produção também foram vetados de falar sobre suas estratégias ou decisões de votos, até mesmo de forma anônima. Por fim, foram estabelecidas penalidades para aqueles que descumprirem as novas normas que incluem a suspensão ou expulsão da filiação à Academia e a rescisão de nomeações.
PODE E NÃO PODE
Confira os principais pontos na regulamentação de campanhas pela Academia:
» Esclarecimento das regras a respeito de eventos privados e reuniões;
» Esclarecimento das regras a respeito da comunicação geral e direta com membros da Academia;
» Esclarecimento das regras a respeito da comunicação pública dos candidatos, incluindo via redes sociais;
» Maior regulamentação das violações e penalidades, incluindo o processo de denúncia e apuração de uma possível violação
*Estagiária sob supervisão da editora Silvana Arantes
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