Fiquei feliz de revisitar a obra de Gonzaguinha, ainda mais na pandemia. Ele foi um artista muito engajado, muito intenso, muito apaixonante e muito interessado na luta das pessoas
Bruna Caram, cantora e compositora
A paixão pela obra de Gonzaguinha levou a cantora e compositora paulista Bruna Caram a gravar um álbum totalmente dedicado a ele, morto aos 45 anos, vítima de acidente automobilístico em 1991. Para ela, o cancioneiro do carioca continua atual.
“Talvez seja o disco mais longo da minha carreira, pois o preparei por três anos. É, na verdade, uma homenagem ao meu ídolo Gonzaguinha”, afirma.
Inicialmente, tratava-se de um projeto desenvolvido durante a pandemia e transmitido via internet, com Bruna cantando em casa. Veio do público o pedido para que as lives domésticas tivessem desdobramentos.
“Fiquei feliz de revisitar a obra de Gonzaguinha, ainda mais na pandemia. Ele foi um artista muito engajado, muito intenso, muito apaixonante e muito interessado na luta das pessoas”, observa.
Outro olhar
Na verdade, o cantor e compositor sempre foi presente na vida de Bruna. “Gonzaguinha era meu companheiro na adolescência, pois ouvi e cantei muito sua obra. O disco veio de um longo processo de reencontrar canções que amo tanto, mas queria reconstruí-las da minha maneira. Cheguei a fazer um estudo de danças e ritmos brasileiros enquanto estava gravando o álbum”, afirma.
Com arranjos do produtor e violonista Norberto Vinhas, o álbum traz 10 faixas – de clássicos a canções “lado B” de Gonzaguinha. A direção de voz é assinada pela filha dele, Nanam Gonzaga. A pesquisa de repertório coube a Jean Wyllis, jornalista, professor e ex-deputado. “Há um lado coletivo do álbum que tem tudo a ver com o que o Gonzaguinha era e fazia”, observa Bruna.
O repertório, segundo ela, traz músicas “arrebatadoras demais”, como “Sangrando” e “Explode coração”. “São duas canções que já cantei – e chorei – muito nesta vida. Então, não poderiam nunca ficar fora do disco.”
A faixa “Eu nem ligo” traz a participação de Zeca Baleiro. “Essa fez parte da minha vida. Ouvia-a sempre que ia viajar. Andava com um discman, e essa gravação, para mim, significava pegar a estrada”, conta.
Jean Wyllis trouxe “Viver, amar, valeu”, que a cantora não conhecia e foi gravada por Zizi Possi. “Fala sobre maternidade. Na época, eu tinha filho pequeno, vivia com muito medo da pandemia. Quero que todas as pessoas a conheçam”, diz.
A abertura ficou por conta do samba “Com a perna no mundo”, uma espécie de autobiografia cantada de Gonzaguinha. “Outra faixa traz a participação de Leila Pinheiro, a cantora da minha vida. A primeira cantora que amei, ouvi a Leila desde os 4 anos. Ela e Nanam Gonzaga estão comigo em ‘Sementes do amanhã’ e ‘Nunca parei de sonhar’”.
Bruna Caram lançou quatro das 10 faixas do disco em singles: “É”, com a convidada Preta Ferreira; “Eu nem ligo”, dividida com Zeca Baleiro; “Redescobrir”, com Zé Renato; e “Explode coração”.
Planos e turnê
A cantora está em turnê desde o ano passado. “Fiz um show recentemente em São Paulo e faço outro no Rio de Janeiro, em junho, com participação de Leila Pinheiro. Aí vamos ganhando o Brasil. Tem muita gente pedindo Belo Horizonte, vou ficar muito feliz em me apresentar na cidade”, afirma.
Aliás, BH seria especial na turnê, pois Gonzaguinha morava na capital mineira quando morreu. Ele vivia na Pampulha com a mulher, Louise Margarete Martins, a Lelete, e Mariana, sua filha caçula.
O tributo ao autor de “Explode coração” é o sétimo álbum de Bruna. “A maioria dos meus discos é autoral. Esse é um pouco a volta às raízes como intérprete”, comenta.
“Já tenho repertório pronto para meu próximo disco autoral, que terá samba e forró. O mergulho nos ritmos brasileiros deve seguir comigo”, revela. “Aliás, Gonzaguinha fez sambas maravilhosos, que inspiram a gente a compor nesse gênero”, finaliza.
“AFETO E LUTA”
• Álbum de Bruna Caram dedicado a Gonzaguinha
• Coffee Music
• 10 faixas
• Disponível nas plataformas digitais
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