Os dramas e as peripécias da Rainha do Rock serão tema de um documentário e um filme, inspirados nos relatos do livro "Rita Lee: uma autobiografia" (Editora Globo), lançado pela cantora e compositora em 2016.
Idealizada por Patrícia Andrade e Nelson Motta, a cinebiografia foi anunciada em 2018 e será produzida pela Biônica Filmes. Sem previsão de lançamento, as filmagens ainda não foram iniciadas e nem atores foram escalados.
Durante live no Instagram em 2020, Roberto de Carvalho, marido da cantora, compartilhou alguns detalhes das produções. De acordo com ele, o longa já estava em fase de desenvolvimento, tendo o livro como fonte sobre as diferentes fases da trajetória de Rita, da infância até os dias atuais. Isso exigirá mais de uma atriz para o papel.
“Quem vai fazer, eu não sei. A Mel Lisboa é uma forte candidata, sem dúvidas. Mas vai ter espaço para várias Ritas. Criança, adulta”, afirmou Roberto.
Ele explicou que o filme será uma ficção documental, ou seja, não abordará os acontecimentos de forma estritamente cronológica, mas com liberdade para criar situações fictícias.
A produtora planeja lançar primeiro o documentário no cinema, já que seu processo de elaboração está mais avançado do que o da cinebiografia.
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Eterna
As produções da Biônica Filmes não são as primeiras a relatar a vida da cantora e compositora. Em 2007, foi lançado o documentário “Rita Lee: Ovelha negra”. Com 100 minutos, traz relatos da própria cantora, de Roberto de Carvalho e do amigo e compositor Tom Zé.
Dirigido por Roberto de Oliveira, o filme mostra Rita visitando sua antiga escola em São Paulo. A produção relembra os momentos iniciais da carreira dela, discute o Tropicalismo e sua participação nas bandas Os Mutantes e Tutti Frutti. O documetário está disponivel na íntegra no YouTube.
No teatro, Mel Lisboa fez o papel da cantora no musical “Rita Lee mora ao lado”. Isso ocorreu também no longa “Elis”, sobre a trajetória de Elis Regina.
Inicialmente, as duas não se davam, sobretudo por causa da música baseada nas guitarras eléticas que chamou a atenção para Os Mutantes, proposta estética muito criticada por estrelas da MPB, como Elis.
Quando Rita, já fora da banda, foi presa e acusada de usar drogas, Elis foi à delegacia, em São Paulo, deu uma bronca nos policiais e se solidarizou com a roqueira. Inclusive, exigiu que a alimentassem bem.
Mel Lisboa, que havia manifestado interesse em interpretar Rita Lee novamente, homenageou a cantora e compositora em suas redes sociais.
Dois livros de memórias
“Rita Lee: uma autobiografia”, foi lançado em 2016 e em quatro meses vendeu mais de 205 mil exemplares, tornando-se best-seller nacional.
“Achava que ninguém ia ler esse livro”, comentou a autora em entrevista ao programa 'Conversa com Bial', em maio de 2017. “Comecei escrevendo como meu querido diário, e fui pegando gosto em lembrar das coisas gostosas. Exorcizei dramas, gargalhei das besteiras que fiz na vida e revivi tudo que lembrava. Foi bom”, relembrou Rita.
Com “honestidade brutal”, como afirmou Pedro Bial na conversa, o livro não poupou ninguém, nem a própria Rita, que, bem-humorada, disse que se "esculacha para chuchu” naquelas páginas. A obra fala de momentos divertidos e de dramas, como a violência sexual que a cantora sofreu aos 6 anos.
Guilherme Samora, biógrafo e pesquisador da vida da cantora, afirmou: “Do primeiro disco voador ao último porre, Rita é consistente. Corajosa. Sem culpa nenhuma. Tanto que, ao ler o livro, várias vezes temos a sensação de estar diante de uma bio não autorizada, tamanha a honestidade nas histórias.”
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Rita encerra desta forma suas memórias: “A sorte de ter sido eu, de ter sido quem eu sou, de estar onde estou, não é nada, se comparada ao meu maior 'Gol'. Sim, acho que fiz um monte de gente feliz.”
Em março deste ano, ela anunciou o lançamento de “Rita Lee: outra autobiografia". Programada para 22 de maio, a obra tem a capa pintada pela cantora, que escreve sobre sua luta contra o câncer de pulmão.
* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria