Dona Zezé olha para as unhas e fala ao telefone em cena do filme Quintal

Dona Zezé no filme 'Quintal'

Filmes de Plástico/divulgação
 

Uma das datas mais especiais do ano, o Dia das Mães é tema da nova mostra de cinema do Palácio das Artes. Serão lançados três curtas: “A nossa mãe era atriz”, dirigido por André Novais; “Um vestido para ver a mamãe”, de Karen Suzane; e “A primeira perda da minha vida”, de Inês Peixoto. As respectivas equipes estarão presentes nas sessões de exibição.


Vitor Miranda, gerente do Cine Humberto Mauro, conta que a mostra surgiu de uma coincidência. Ele foi procurado por produtoras interessadas em lançar filmes no espaço e notou que todos abordavam o mesmo tema.


“Foi uma surpresa a Filmes de Plástico e a Limonada Audiovisual nos procurarem com filmes que tinham o tema das mães. Então, decidimos reunir as exibições no contexto desta data comemorativa”, diz.

Mães de verdade

Os curtas levam mães “reais” para a tela, ressalta ele. “São produções que vão retratar o personagem da mãe como uma pessoa mesmo. Temos a ideia de que a nossa mãe é só mãe, mas não, ela também é um ser humano que sente as coisas e tem seus próprios desejos”, afirma.


A abertura, nesta quarta-feira (10/5), terá o documentário vencedor da última Mostra de Cinema de Tiradentes. “A nossa mãe era atriz” é protagonizado por Maria José de Novais Oliveira, a dona Zezé, mãe do cineasta André Novais.


Também serão exibidos outros curtas protagonizados por ela. Em “Alzheimer”, dona Zezé percebe que a família não tem mais o hábito de tirar fotos e passa a filmar os objetos de casa para não se esquecer deles. “Quintal” revela um dia na vida de um casal de idosos da Região Metropolitana de Belo Horizonte. “Rua Ataleia” retrata uma família da periferia que aguarda o retorno da energia elétrica, enquanto pequenos feixes de luz permitem fazer o registro das cenas.


André Novais é sócio da premiada produtora mineira Filmes de Plástico. Ele conta que aos 60 anos, a aposentada dona Zezé decidiu se tornar atriz, fez filmes e recebeu prêmios no Brasil e no exterior. Sem formação como intérprete, ela fez papéis que cativaram o público e a crítica.

 

“Dona Zezé é uma atriz fantástica, foi uma pessoa de muita presença no cinema mineiro. Acho que ela serve de inspiração para qualquer pessoa”, diz Vitor Miranda.


A homenagem póstuma foi realizada por André e seu irmão, Renato Novais, com base nos arquivos da dupla. O processo resgatou diversos bons momentos, mas não foi fácil para os diretores.

 

Diretor André Novais Oliveira olha para a câmera

André Novais Oliveira diz que dona Zezé é inspiração para todos

Acervo pessoal
 


“Ver aquelas imagens foi uma coisa boa pra gente, e ao mesmo tempo difícil. Juntamos o material pensando que cada imagem que a gente conseguiria seria uma imagem a menos que iríamos ter dela ativa, ainda em vida”, comenta André.


Pela primeira vez, os irmãos Novais dirigiram um filme juntos. André conta que desde o início de sua carreira no cinema, a família se envolveu em seus projetos. A mãe, o pai e o irmão atuaram em algumas produções e acompanham tudo, das filmagens às sessões de estreia.


A primeira atuação de dona Zezé ocorreu em 2009, no curta “Alzheimer”. A estreia em longas veio com “Ela volta na quinta”, que antecedeu os sucessos “No coração do mundo” e “Temporada”.

 

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Atriz nata

André conta que sua mãe sempre lidou com muita naturalidade com o processo de atuação. “Ela tinha essa coisa muito bonita de emprestar a personalidade para os personagens, dava para ver isso na tela. Outra coisa muito marcante é que ela tratava todo mundo do set como filho”, revela.


Ele recebeu apoio da mãe desde os primeiros momentos em que decidiu se dedicar ao cinema. Na época, Novais cursava edificações no Cefet, profissão vista como futuro garantido. Quando Maria José soube dos planos do filho de ingressar no setor audiovisual, não pensou duas vezes antes de matriculá-lo na Escola Livre de Cinema. “Se não fosse por ela, eu não estaria aqui. Ela acreditou muito em mim”, afirma ele.


Para André, dona Zezé é o sinônimo de carisma e inspiração. “Por muito tempo, ela nem sabia que isso era um desejo (ser atriz), mas foi atrás e viu que era possível”, diz. “Teve toda a história de ganhar prêmios, mas o acolhimento que ela teve com o cinema e o cinema teve com ela é uma das coisas mais bonitas que já vi. Este é o maior legado que ela deixou”.

Outras atrações

No sábado (13/5), serão exibido filmes dirigidos por Karen Suzane e Inês Peixoto. Em “Um vestido para ver a mamãe”, Márcia se encanta com as virtudes da mãe, mas quando ela é internada por um problema de saúde, a filha precisa enfrentar a ausência e as responsabilidades de casa.


“A primeira perda da minha vida” é uma história contada pela perspectiva das crianças, na qual uma boneca perdida escreve cartas e faz um mergulho no mundo do cinema e do teatro.


Em 19 de maio, será exibido “Sexta-feira muito louca”, com sessão dublada em português.

ESPECIAL DIA DAS MÃES

Nesta quarta-feira (10/5)


19h30: Especial Maria José de Novais
Filmes “Alzheimer” (2009), de André Novais Oliveira, Gabriel Martins e Maurílio Martins; “Quintal” (2015), de André Novais Oliveira; “Rua Ataléia” (2021), de André Novais Oliveira; “Nossa mãe era atriz” (2022), de André Novais Oliveira e Renato Novaes

Sábado (13/5)

16h: “Um vestido para ver a mamãe” (2023), de Karen Suzane; e “A primeira perda da minha vida” (2022), de Inês Peixoto

19 de maio


14h: “Sexta-feira muito louca” (2003), de Mark Waters

• Cine Humberto Mauro do Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro). Entrada franca, com ingressos distribuídos na bilheteria uma hora antes da sessão.

* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria