O mundo nunca mais foi o mesmo depois do 11 de Setembro. O de Charlie, então, nem se fale. Traumatizado com a morte do pai no ataque às Torres Gêmeas, ele começa, contra a vontade, a fazer terapia. É por causa disso que conhece Sam, garota que é o oposto dele. Confiante, parece próxima de todos que interessam, sabe tudo da nascente cena de novo rock, é fotógrafa, tem fanzine... Um tiro põe tudo abaixo.





“Cidade em chamas”, minissérie que estreia nesta sexta-feira (12/5), no AppleTV+, acompanha esses dois personagens e outros mais na Nova York de 2003. Nova produção de Josh Schwartz (criador de “The O.C.”), é adaptação do romance homônimo, de Garth Risk Hallberg.

Só que a história original tinha como cenário a cidade nos anos 1970, em plena efervescência punk. Agora o papo é outro, com Strokes, The Hives, Interpol e outros grupos em ascensão no período.

Na noite de 4 de julho (Dia da Independência dos EUA) de 2003, tiros ecoam no Central Park pouco antes da queima de fogos. E é a partir daí que o bicho pega, pois várias pessoas se envolverão com o crime. Em flashbacks, a narrativa mostra como Sam se tornou a vítima.




A garota esperta é interpretada por Chase Sui Wonders, que conhece Charlie (Wyatt Oleff) meses antes da tragédia. Vendo o garoto introspectivo e cheio de questões, ela resolve tomá-lo como seu “projeto”. Acaba o apresentando a uma Nova York vibrante, que tentava se reconstruir após o ataque.

Do Upper Side à lama

Outros personagens têm papel importante na narrativa. Regan (Jemima Kirke) é rica, bonita e vive no Upper East Side. Mas seu casamento já era: descobriu recentemente a infidelidade do marido Keith (Ashley Zukerman). Há muito ela não vê o irmão, William (Nico Tortorella), que se afastou do poder e do dinheiro da família.

Ex-líder de uma banda que está de volta mesmo sem sua presença, ele se afunda na heroína e no álcool à revelia do namorado, Mercer (Xavier Clyde), jovem professor negro e aspirante a escritor que sofre preconceito nas altas esferas da cidade. Todos eles terão a vida devassada após o crime.





Completando o time de personagens está Nova York e sua cena musical, com figuras que circulam nas altas e baixíssimas rodas, contrárias à gentrificação da metrópole. O tiro em Sam parece ser apenas o estopim da tragédia que pretende ser maior.

Os protagonistas Chase Sui Wonders e Wyatt Oleff não viveram a época da série – ela tem 26 anos, mas é de Detroit; ele, de Chicago, nem sequer era nascido na época, está com 19. “A minha pesquisa foi basicamente fazer perguntas”, diz Wyatt. “Boa parte da equipe viveu o período em Nova York, então as experiências pessoais me ajudaram muito a criar o personagem.”
 

 

Chase Wonders diz ter algumas lembranças do 11 de Setembro. “Era bem pequena e Nova York parecia tão longe. Mas estou vivendo na cidade há algum tempo e todo mundo tem histórias sobre 2001. Então, isso ajudou demais a contextualizar o período”, conta a atriz, que se encantou com o mundo analógico que descobriu para interpretar a jovem fotógrafa.





“Para mim, foi a melhor parte de fazer a série. É um sonho voltar a 2003, que parece a idade da pedra, quando não havia redes sociais. Você escrevia um zine, mandava imprimir 75 cópias e distribuía na biblioteca local. É uma maneira bonita de se conectar com as pessoas, me deu a vontade de jogar fora meu iPhone”, acrescenta Chase.

Olhar fresco

Wyatt preferiu não ler o romance que deu origem à série para chegar com “olhar fresco” para filmar. “E tampouco para não me confundir com algo que aconteceu no livro e não foi levado para a adaptação”, diz o ator.

A complexidade de Charlie foi o que mais o atraiu. “Tem muita coisa acontecendo com ele por trás da cena. É interessante ver essa evolução ao longo da série. Começa tão inseguro, ansioso, sem saber o seu lugar do mundo e, por meio da Sam, passa a ter senso de pertencimento”, comenta o ator.

“CIDADE EM CHAMAS”

• Série em oito episódios. Os três primeiros estreiam nesta sexta-feira (12/5), no AppleTV . Novos episódios sempre às sextas.

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