Roberto de Carvalho e Rita Lee

Roberto de Carvalho e Rita Lee viveram juntos por 47 anos

Reprodução/Globo/Instagram
o músico Roberto de Carvalho, Viúvo de Rita Lee, deu uma entrevista ao Fantástico que foi ao ar nesse domingo (14/4). Abalado com a morte da esposa, na segunda-feira (8/5), ele relembrou como a artista era em vida durante os 47 anos que passaram juntos e contou sobre os momentos difíceis que passaram ao lado dela com o tratamento do câncer no pulmão.
 
 
A conversa foi concedida no dia seguinte ao velório de Rita, na última quarta-feira (10/5). À repórter Renata Ceribelli, Roberto agradeceu o tempo que esteve ao lado da artista. “Desde os 47 anos atrás que a gente se encontrou pela primeira vez que eu sou extremamente atento e feliz por ter estado sempre por perto de uma pessoa tão iluminada, cheia de vida, criatividade, alegria, luz. Grande privilégio”, ressaltou.

“Nos tornamos cara metade, o Roberto é a Rita e a Rita é o Roberto também. Em vida e em morte, eu continuo sendo ela e ela continua sendo eu”, completou.
 
 
 
Ele contou que desde quando se aposentaram, foram viver juntos do jeito que sempre sonharam. “Mais de 15 anos a gente se aposentou da vida dos palcos, das turnês, viagens e a gente se isolou em um sítio que procuramos com muito cuidado e carinho porque ali seria o lugar que passaríamos a terceira idade. A Rita sempre teve uma vontade enorme de morar no mato, ter os bichos todos que ela quisesse, eu já por outro lado sou ligado em jardins e plantas”, disse. 

Na entrevista, Roberto também relembrou o início de tudo, quando conheceu Rita. “Eu tocava com Ney Matogrosso. Dizia a Rita que ela foi em um show que fizemos, em São Paulo, me viu e achou interessante. Depois do show ela convidou o Ney e um músico para jantar na casa dela no dia seguinte. A gente percebeu que a coisa era comigo”, contou.
 

Foi a partir desta noite que o casal não se separou mais. “A gente sentou no piano e começou a cantar. Aí ela dizia: ‘Eu queria tanto que chegasse esse momento para a gente se encontrar, fazer música’. A partir dali os convidados foram se retirando e quando a gente viu estávamos só nós dois, continuamos a noite no andar de cima. A paixão se revelou na sua forma mais esplêndida, espetacular, amorosa e depois disso nós não nos separamos nunca mais”, afirmou.

Ele continuou: “Eu sou um cara que sempre quis casar com uma mulher, ter três filhos homens, cultivar uma família. Para isso eu precisava encontrar a mulher perfeita, que tive a sorte de encontrar. A Rita tinha também o sonho de ter filhos, mas não era tão explícito. Mas quando a gente se encontrou mesmo, não tínhamos a clareza que aquilo iria virar o que virou.”

O marido da artista também falou de quando escreveu com ela uma de suas músicas mais icônicas, “Mania de você”, que se tornou a canção favorita dos dois. “Foi feita com um violão enquanto a gente estava na cama numa paixão louca. Quando consumou essa paixão louca, eu peguei o violão e comecei a tocar. Ela pegou o caderno e foi formulando frases, foi completando e eu na música”, revela, ao desabar com a recordação.
 

Câncer

Em alguns momentos, a entrevista foi interrompida pela forte emoção que tomava conta de Roberto ao falar sobre a amada. “Talvez eu fique assim para sempre. Sempre vai ser difícil. Eu não tenho a menor pretensão de que fique fácil. Eu fico triste, mas fico bem. Foram coisas tão maravilhosas, é que os últimos tempos foram muito difíceis”, disse. 

O músico falou sobre o diagnóstico de câncer do pulmão, em 2021. “A Rita é considerada um milagre pelos médicos que cuidaram dela. Ela foi fazer os exames e viu que se tratava de um tumor no estágio mais avançado com metástase e os médicos previram uma sobrevida de três a quatro meses”, afirmou. 

“Ela encarou o negócio com um estoicismo. Ela fez quimioterapia várias vezes, radioterapia. Foram momentos muito sofridos”, acrescentou.
 

Ele continuou: “Lidar com isso foi de muito medo, ansiedade e pavor. Junto ao João, meu filho, nós dois que tomamos conta da situação toda. A gente procurou se informar o máximo possível porque a gente foi jogado em um universo que desconhecemos.”
 
Segundo Roberto, Rita "queria viver, ela não queria partir". "Até o fim, ela nunca quis partir. Ela sempre tinha muitas coisas de planos, escrever, fazer música. Eu até dizia para ela: 'Eu queria trocar de lugar com você porque tem muito mais coisa para fazer do que eu. Eu vou e você fica", concluiu.