Pop, reggaeton, funk, pisadinha e dance hall fazem parte de “Fantasia de um amor perfeito”, o primeiro disco solo de cantor belo-horizontino Marcelo Tofani, fundador da banda mineira Rosa Neon, que chegou ao fim em 2021.

Imerso no mundo fantasioso das paixões platônicas, o projeto discute as fases de um relacionamento intenso, idealizado e, no fim, fadado ao fracasso. Com batidas dançantes, Tofani constrói uma narrativa que ascende com o perigo e o desejo de conquistar o amor desconhecido, mas despenca com a constatação de que tudo não passa de imaginação de uma mente apaixonada.




 
Versátil, Tofani busca seu espaço no pop nacional combinando diferentes estilos. De Tierry a MC Anjim, buscou inspiração nas músicas que ouve em seu dia a dia. Produziu um álbum dividido em atos, que busca contar uma história completa.

“'Fantasia de um amor perfeito' é um disco que tem muita coisa pessoal minha, até mesmo pelo fato de ser a primeira vez que estou apresentando o Marcelo à parte do Rosa Neon”, afirma o cantor e compositor.

Desejo e fantasia

“Até nascer o sol” é a faixa de abertura. Com a batida agitada do novo pop nacional, o personagem de Tofani se deixa levar pelo desejo incontrolável de “viver a fantasia de um amor perfeito”.




 
Flerte e química são as primeiras fases da conquista, o que culmina na história da terceira faixa, “Perigo”. Antes, ele canta “Eu ‘tô’ te olhando só pra me certificar, né?/ Vai que alguma hora ‘cê’ também olha pra cá”, diz o verso da segunda, "Certificar".
 

 

Ao cantar as idealizações do amor imaginário, os versos de Marcelo chegam ao fim ao som de trombone com sonoridade latina, dando espaço ao início da próxima canção, “Flechas”.

Nessa mistura de reggaeton com batidas características do funk belo-horizontino, o cantor divide a letra com MC Anjim, funkeiro da capital mineira que se destacou com o hit “Bala love” nas paradas musicais em 2021.





Ao utilizar da metáfora da flechada no coração, a quarta canção faz a ponte entre ritmos tradicionais e suburbanos para falar daquela loucura que marca o auge dos relacionamentos.

“Essa música foi bem louca. Antes de escolher o feat, eu já escutava a voz do Anjim na minha cabeça. Foi a primeira vez que isso aconteceu na minha vida. Eu precisava dividir essa faixa com ele”, comenta Marcelo Tofani.

O inevitável triângulo...

“Bota ele na reserva e me põe de titular” é o “gancho” que leva à quinta faixa, “Eu e ele não dá”. Divertida, a canção marca a virada da narrativa e o momento de realização pessoal da personagem. Um triângulo amoroso é o tema das confissões de Marcelo, que trata do assunto com leveza e bom humor.

No ritmo da pisadinha nordestina, o cantor traz inspirações das canções de Tierry. Fã do baiano, o belo-horizontino diz que, durante a pandemia, as músicas do brega não saíam de seus ouvidos. Hoje, elas inspiram seu trabalho.





“Gosto muito do Tierry, não só por achá-lo um gênio, mas porque me identifico com a maneira como ele fala de coisas pesadas, profundas ou tristes de um jeito engraçado. Sou aquela pessoa que ri na hora em que você não pode rir, sabe?”, diz Tofani.

“Essa música é o ponto solar do disco, a que tem a maior influência brasileira”, prossegue o cantor e compositor. “Ela mistura pisadinha e brega com reggaeton. É a virada de chave na história do álbum.”

Acabou tudo!

A sexta canção descreve o rompimento. “Não mudo por ninguém” é Marcelo em “queda livre”, ao perceber que todo o amor que sentia não passa de fantasia.

“Vários relacionamentos começam de um jeito que parece perfeito, mas, na verdade, é idealização. No final das contas, quando você conhece a pessoa de verdade, não sabe mais se realmente se identifica com aquele amor”, diz ele.




 
Para não cair na tristeza, o álbum segue com “NANANI NANÃO”, com participação especial do duo belo-horizontino X Sem Peita. Afogando as mágoas no álcool, a canção é a “música de bêbado” de Tofani, nas palavras do próprio.

“É o momento da recaída, mas percebemos que precisamos esquecer, viver outras experiências. É quando nos perguntamos: como a gente acabou? E percebemos que nem nos lembramos mais”, explica.
 

 

A faixa “Pra esquecer (Sax indescritível)” chega com muita agitação para pôr fim a qualquer resquício de tristeza que o amor (não tão perfeito) tenha causado. Com solo bem marcado de saxofone, a canção “infiltra” os ritmos da bachata e do reggaeton nos ouvidos brasileiros.

Com melodia marcante, na pegada dos álbuns eletrônicos do começo dos anos 2000, a oitava faixa lembra os toques do disco “Summer EletroHits” e caminha para o fim do repertório.
 
“Quando eu e Baka criamos o toque, queríamos algo que lembrasse a música de torcida organizada, mas que se misturasse, por exemplo, com as sonoridades dos sucessos de um George Michael mais latino”, diz Marcelo.




Hora de superar

Por fim, “Como foi que a gente acabou?” é a última fase da fantasia daquele ex-amor perfeito – a superação. De volta ao pop (misturado com afrobeat), a faixa transmite “a sensação de que a pessoa não faz mais parte da sua vida, não faz sentido contigo”, como cita Tofani.

 

Na capa do disco, vai tudo bem entre o casal

(foto: A Quadrilha/Reprodução)
 


“Desde o início, eu queria um álbum com músicas introspectivas, mas animadas. Não gosto daquela tristeza derrotista. Eu ‘tô’ triste, mas ‘tô’ dançando. É isso o que sinto no fim do álbum”, afirma Tofani.

O disco foi produzido por Marcelo Tofani em parceria com o produtor e compositor Gabriel Moulin e com o trio MGDZ, formado pelos músicos Baka, Dedé Santaklaus e Pedro Cambraia, que também contribuíram com as letras de quatro canções.





O disco “Fantasia de um amor perfeito” saiu pelo selo da produtora A Quadrilha, do rapper Djonga, com sede em BH. Disponível em todas as plataformas digitais, ele conta com visualizers em todas as faixas no Spotify.
 

Na contracapa, as coisas se complicam...

(foto: A Quadrilha/reprodução)
 

FAIXAS

>> “ATÉ NASCER O SOL”
De Marcelo Tofani e Gabriel Moulin

>> “CERTIFICAR”
De Marcelo Tofani e Gabriel Moulin

>> “PERIGO”
De Marcelo Tofani, Baka, Dedé Santaklaus e Pedro Cambraia

>> “FLECHAS”
Com MC Anjim. De Marcelo Tofani, Baka, Dedé Santaklaus e Pedro Cambraia

>> “EU E ELE NÃO DÁ”
De Marcelo Tofani, Baka, Dedé Santaklaus e Pedro Cambraia

>> “NÃO MUDO POR NINGUÉM”
De Marcelo Tofani e Gabriel Moulin

>> “NANANI NANÃO”
Com X Sem Peita. De Marcelo Tofani, Bill e Luiz Brazil

>> “PRA ESQUECER (SAX INDESCRITÍVEL)”
De Marcelo Tofani, Baka, Dedé Santaklaus e Pedro Cambraia

>> “COMO FOI QUE A GENTE ACABOU?”
De Marcelo Tofani, Baka, Dedé Santaklaus e Pedro Cambraia


* Estagiária sob supervisão da  editora-assistente Ângela Faria

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