O Coral Lírico de Minas Gerais acaba de provar que não passa de “fake news” a tese de que o povo não gosta de música clássica. Em apenas 48 horas acabaram-se os ingressos para o concerto “Noites líricas”, no Teatro João Ceschiatti do Palácio das Artes, que terá sessões nesta terça (23/5) e quarta-feira (24/5). A inteira custou R$ 2.
A regência estará a cargo do maestro argentino Hernán Sánchez, recém-chegado ao posto. O repertório terá apresentações mais curtas de trechos de óperas e operetas. Sánchez explica que o espetáculo foi dividido em dois momentos: tragédia e comédia.
“Queremos mostrar as duas caras da ópera”, di o regente. A face trágica é representada por “Carmen”, de Georges Bizet, sobre a história da cigana que se envolve em um triângulo amoroso com final dramático.
Comédia e tragédia
A face da comédia apresenta “O morcego”, de Johann Strauss II, sobre as desventuras de dois amigos depois de sair de um baile de máscaras. “As pessoas estão em festa, ou seja, bebendo, comendo e amando. É muito divertido”, comenta Hernán Sánchez, aos risos.
O regente argentino assumiu o cargo de maestro titular do Coral Lírico há pouco mais de um mês. Antes, havia trabalhado com o grupo em apresentações esporádicas. Por isso, tem intimidade com a equipe.
O espetáculo que o público verá foi totalmente elaborado pelo Coral Lírico, que será acompanhado pelo pianista Fred Natalino.
“Foi muito prazeroso criar esse trabalho. Estamos ganhando muito conhecimento uns sobre os outros”, afirma Sánchéz a respeito dos integrantes do coral. “São pessoas muito inquietas e cheias de ideais. Montar uma ópera com eles tem sido ótima experiência”, revela
O Coral Lírico conta com cerca de 60 integrantes, que se dividiram em dois grupos para apresentar “Noites líricas”. No final, todos se juntam para interpretar trechos de “Contos de Hoffmann”, de Jacques Offenbach.
Um dos desafios do concerto foi adaptar a apresentação para o Teatro João Ceschiatti, sala menor e mais intimista, com capacidade para 148 pessoas. “Artista e plateia ficam muito próximos. O público estará do meu lado”, comenta Sánchez.
O maestro explica que cada ópera tem suas especificidades. Na tragédia, caso de “Cármen”, quem está no palco se sente entre quatro paredes – o distanciamento do público é maior. Quando se trata de comédia, essa comunicação é mais direta.
"Os figurinos carregam muitas histórias, pois são parte do patrimônio não só do Palácio das Artes, mas também de Minas Gerais"
Hernán Sánchez, maestro
Outro destaque do concerto será o figurino, com peças que fazem parte do acervo da Fundação Clóvis Salgado. “Os figurinos carregam muitas histórias, pois são parte do patrimônio não só do Palácio das Artes, mas também de Minas Gerais”, comenta Hernán Sánchez.
A próxima edição de “Noites líricas” está prevista para setembro e seguirá com a proposta de destacar momentos intensos da ópera.
“NOITES LÍRICAS”
Com Coral Lírico de Minas Gerais. Trechos de “Carmen”, de Georges Bizet, “Contos de Hoffmann”, de Jacques Offenbach, e “O morcego”, de Johann Strauss II. Piano: Fred Natalino. Hoje e amanhã, no Teatro João Ceschiatti do Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537, Centro). Ingressos esgotados.
* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria
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